Crimes motivados por intolerância fazem
cair a máscara da cordialidade do brasileiro. O que se vê é a face de
uma nação com raiva, capaz de apoiar assassinatos, avessa ao diálogo e
aberta ao confronto
LUTO Enterro das vítimas do assassino que matou 12 pessoas na noite de Ano Novo, em Campinas
Camila Brandalise e Débora Crivellaro
“…Não tenho medo de morrer ou ficar preso, na verdade já
estou preso na angústia da injustiça, além do que eu preso, vou ter 3
alimentações completas, banho de sol, salário, não precisarei acordar
cedo pra ir trabalhar, vou ter representantes dos direito humanos
puxando meu saco, também não vou perder 5 meses do meu salário em
impostos. No Brasil, crianças adquirem microcefalia e morrem por
corrupção, homens babacas morrem e matam por futebol, policiais e
bombeiros morrem dignamente pela profissão, jovens do bem (dois sexos)
morrem por celulares, tênis, selfies e por ídolos, jornalistas morrem
pelo amor à profissão, muitas pessoas pobres morrem no chão de hospitais
para manter políticos na riqueza e poder! A justiça brasileira é igual
ao Lewandowski, (um marginal que limpou a bunda com a constituição no
dia que tirou outra vadia do poder) um lixo! Filho, não sou machista e
não tenho raiva das mulheres (essas de boa índole, eu amo de coração,
tanto é que me apaixonei por uma mulher maravilhosa, a Kátia). Tenho
raiva das vadias que se proliferam e muito a cada dia se beneficiando da
lei vadia da penha…” “O indivíduo que matou em Campinas deveria compartilhar essas opiniões na rede e receber apoio de pessoas fracas e frustradas” Leandro Karnal, historiador, sobre Sidnei Ramis de Araújo (à esq., com o filho que ele também assassinou)
A carta, que destila raiva e intolerância por diversos setores da
sociedade, foi encontrada após a chacina ocorrida na noite de Ano Novo,
em Campinas, no interior de São Paulo. Foi escrita por Sidnei Ramis de
Araújo, de 46 anos, que executou 12 pessoas de uma mesma família, sendo
nove mulheres. O filho de 8 anos a quem ele se dirige no texto também
foi morto pelo pai. A justificativa para a matança que chocou o País foi
o fato de Araújo estar impedido de conviver com o menino, após decisão
da Justiça. Inconformado com a atitude da “vadia”, como chamava a
ex-mulher, Isamara Filier, 41 anos, decidiu executá-la sumariamente,
assim como todas as suas parentes presentes na celebração. Mais um crime
de feminicídio, atitude apoiada por muitas pessoas nas redes sociais,
como pode ser observado no quadro com comentários da pagina 64. Mas
Araújo não vociferou apenas contra as mulheres. Critica ainda a
legislação que pune homens que agridem companheiras, como se eles
estivessem agindo corretamente, fala contra presos, defensores de
direitos humanos e Judiciário, numa narrativa vertiginosa e carregada de
ódio.
Uma semana antes, na noite do dia 25, o ambulante Luiz Carlos Ruas,
conhecido como Índio, 54 anos, foi espancado até a morte dentro do metrô
de São Paulo por Alipio dos Santos e Ricardo do Nascimento porque
tentou defender uma travesti dos ataques dos dois. Poucos dias antes,
Débora Soriano de Melo foi espancada e estuprada por Willy Gorayeb Liger
em um bar na zona leste de São Paulo. Ele confessou tê-la matado com um
taco de beisebol após uma discussão e está preso. Não há um único dia
sem que um crime pavoroso ocorra no País. Mas apenas esses três
relatados acima, ocorridos nas últimas semanas, mostram que o Brasil
vive tempos de cólera.
Em algum momento do processo histórico brasileiro nos reconhecemos
como o povo da cordialidade, da alegria, do samba. Mas essa construção
social tem perdido força à medida que o discurso de ódio se prolifera,
seja nas conversas no ônibus, nas mesas de bar ou nos comentários nas
redes sociais. O que se vê são xingamentos, embates, críticas vazias,
ironias e provocações. “A verdade é que somos uma sociedade extremamente
violenta, são 50 a 60 mil homicídios por ano”, afirma a socióloga Wânia
Pasinato, especialista em violência de gênero. “Além disso, aceitamos a
violência em sua forma mais seletiva. 95% das vítimas são negros e
jovens e 10% são mulheres.” Para o filósofo e professor de ética e
filosofia política da Universidade de São Paulo, Renato Janine Ribeiro,
entramos num estado de anomia, de falta de regras, em que a sociedade
abre espaço para atitudes extremas. “Há uma propagação do ódio. Não
passamos um dia sem um crime motivado por esse sentimento”, afirma.
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TRISTEZA A travesti Raíssa, defendida por Luiz Carlos Ruas, que acabou morto: crime de ódio motivado por transfobia
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Alípio dos Santos
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CRIMINOSOS Os assassinos do ambulante Luiz Carlos Ruas, Ricardo do Nascimento prisão após comoção popular
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BRUTALIDADE Luiz Carlos Ruas, o Índio foi morto dentro de uma estação de metrô a socos e pontapés
A chacina em Campinas é carregada de misoginia. Antes de ser morta, a
vítima havia feito cinco boletins de ocorrência contra o ex-marido por
agressão e violência. A ironia é que, mesmo assim, a lei Maria da Penha,
que ele critica em sua carta, não foi posta em prática, já que mesmo
com tantas denúncias nenhum processo de investigação foi aberto contra
ele. Em outro bárbaro crime de feminicídio também na noite de Ano Novo,
em Minas Gerais, Renata Rodrigues Aureliano foi incendiada pelo
ex-companheiro que exigia retomar o relacionamento. Diante da negativa,
jogou gasolina nela e a incendiou na frente do filho de 9 anos. Renata
morreu por falência múltipla de órgãos. A vítima também já havia
registrado um boletim de ocorrência contra Jeferson Diego Caetano da
Costa. Na quarta-feira 4, um homem de 43 anos foi detido em Jaboticabal
(SP) depois de postar mensagens no Facebook dizendo que iria invadir o
Fórum para matar duas juízas e uma promotora envolvidas em uma disputa
judicial que ele travava com a ex-mulher pela guarda do filho. Nas
mensagens, dizia repetir o que aconteceu em Campinas.
“Há uma guinada conservadora que reforça a intolerância”, afirma a
socióloga Wânia Pasinato. Quando se tratam de crimes motivados por
preconceito, há vários grupos sociais que são alvo, além das mulheres,
como negros, gays e transexuais. “Isso acontece porque o ódio busca o
que pareça mais fraco”, afirma o historiador e professor da Universidade
Estadual de Campinas Leandro Karnal. Além disso, quando há uma parcela
social que legitima essas ações, que culpa o outro pelos próprios
problemas, o sentimento fica ainda mais perigoso. “O indivíduo que matou
em Campinas deveria compartilhar essas opiniões na rede e receber apoio
de outras pessoas também fracas e frustradas. Lentamente, ele percebeu
que havia base para fazer algo.” De onde vem a raiva?
Para a psicóloga Mafoane Odara, do Instituto Avon, o discurso do
politicamente correto também pode estar travestido de violência. “Em uma
pesquisa as pessoas dizem que só se pode acabar com o machismo pela
educação, mas 50% dos homens e 33% das mulheres afirmam que jamais
dariam uma boneca para o filho brincar.” Para mudar, é preciso afincar
as políticas de segurança e de disseminação da tolerância e cobrar dos
gestores públicos medidas adequadas e punições efetivas. Mas a mudança
pode começar também nos pequenos universos individuais. Para Karnal, o
ódio sempre vem acompanhado de sentimentos comuns a todos: medo, dor e
frustração. A diferença é a capacidade de cada um em gerenciar limites.
Ou desenvolvemos essa habilidade ou, parafraseando Gandhi, será olho por
olho, e o Brasil acabará cego. Ecos da intolerância
Os assustadores comentários em portais de notícias sobre a chacina em Campinas mostram que muitas pessoas compartilham do ódio “É um discurso coerente de uma pessoa
que foi levada ao limite. Quem aqui pode afirmar que não faria o mesmo
se tivesse seu filho tirado de si com uma acusação falsa de abuso?”
(Thiago S.) “Esse cara foi movido pelo desespero.
Talvez a mulher tenha feito o que é muito comum em finais de
relacionamento: atacar a honra de um homem por meio de mentiras e
fofocas. Essa história não tem um vilão só não.”
(Ulysses N.) “O nome desse desequilíbrio chama-se: injustiça. Está na hora de rever os direitos civis e de família.”
(Eduardo G.) “Não se deve afrontar a honra de um homem!”
(Paulo S.) “Enquanto o feminismo continuar
incentivando as mulheres a se separarem, humilharem seus maridos e
tirarem deles o que eles mais amam (seus filhos) continuarão sendo
assassinadas. ”
(André A.) “Se a mulher fosse submissa, andasse de burca e não tivesse pedido o divórcio, isso não teria acontecido.”
(Alex O.) Denúncias e mortes 90 mil
queixas de violência contra mulher foram recebidas por mês pelo Ligue 180 em 2016. Houve um aumento de 52% em relação a 2015 133%
Foi o aumento no número de relatos de violência doméstica e familiar se comparados os dados do ano passado 11 mil
Boletins de ocorrência são registrados por mês somente no Estado de São Paulo 390
Mulheres são assassinadas por mês no Brasil, o equivalente a 13 por dia Em 35,1%
dos casos de feminicídios, os agressores são parceiros ou ex-parceiros
Aos bravos GUERREIROS DE SELVA formados e qualificados pelo Centro de Operações na Selva e Ações de Comando (COSAC) e Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) para defender a soberania da Amazônia - BRASIL, meus sinceros cumprimentos pelo dia:"03 DE JUNHO - DIA DO GUERREIRO DE SELVA" ÁRDUA É A MISSÃO DE DEFENDER E DESENVOLVER A AMAZÕNIA, MUITO MAIS DIFÍCIL PORÉM, FOI A DE NOSSOS ANTEPASSADOS EM CONQUISTÁ-LA E MANTÊ-LA"ORAÇÃO DO GUERREIRO DA SELVA Senhor,Tu que ordenaste ao guerreiro da selva: “Sobrepujai todos os vossos oponentes!” Dai-nos hoje da floresta: A sobriedade para persistir, A paciência para emboscar, A perseverança para sobreviver, A astúcia para dissimular, A fé para resistir e vencer, E dai-nos também Senhor, A esperança e a certeza do retorno. Mas, se defendendo esta brasileira Amazônia, Tivermos que perecer, ó Deus! Que o façamos com dignidade E mereçamos a vitória! SELVA!http://www.cigs.ensino.eb.br/
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