Estima-se que US$ 5 bilhões
serão pagos em resgate por dados sequestrados em 2017; saiba como
funciona um ransomware e como se proteger desta nova ameaça virtual
(Crédito: Reprodução / Kaspersky)
João Loes (de São Francisco)
Vírus e programas maliciosos que chegam por e-mail e mensagem
instantânea não são exatamente uma novidade. Só em 2016, estima-se que
580 milhões deles circularam na Web, segundo números da consultoria em
segurança AV-Test. Até recentemente, porém, essas ameaças raramente
diferiam muito de um programa para roubar dados bancários ou um software
de furto de números de cartão de crédito. Em 2017, porém, isso deve
mudar. E a mudança vem a reboque de um novo tipo de ameaça virtual que
cresce em ritmo acelerado: o ransomware. “Este será o ano do
ransomware”, diz Cláudio Martinelli, diretor geral para a América Latina
da Kaspersky, uma das maiores empresas de software de segurança do
mundo. “Essa família de programas maliciosos assumirá o posto de ameaça
mais importante entre todas as ameaças virtuais de 2017”, afirma.
Mas o que é um ransomware? A palavra, composta pela fusão dos
substantivos “ransom”, que significa “resgate”, e “software”, que
significa “programa”, indica o caminho. Em linhas gerais, o ransomware é
um programa malicioso que, uma vez instalado em um computador,
criptografa todas as informações armazenadas no disco rígido e exige o
pagamento de um resgate ao dono dessas informações para não destruí-las
(leia quadro). Os números relativos à expansão dessa praga são
assustadores.
RANSOMWARE: UM PROBLEMA DE US$ 5 BILHÕES
Um exemplo de ransomware em português da Teamxrat, desenvolvido para atacar vítimas no Brasil (Crédito:Reprodução / Kaspersky)
Em 2016, cerca de US$ 1 bilhão, o equivalente a pouco mais de R$ 3
bilhões, foram pagos em transações de resgate de dados sequestrados por
ransomwares – em 2015, esse valor não chegou a US$ 25 milhões, segundo
dados do FBI. Também em 2016, o número de e-mails com anexos que
continham arquivos de ransomware dobrou a cada trimestre, com o registro
de quatro mil ataques por dia ao final do ano, uma alta de 400% em
relação a 2015, segundo levantamento da IBM. No período, o Brasil
concentrou incríveis 92,3% dos ataques com ransomware na América Latina.
Para efeito de comparação, em segundo lugar veio a Costa Rica, com 4%
dos casos, segundo dados da Kaspersky. E as previsões para 2017 não são
animadoras: no ano, os ransomwares devem movimentar nada menos que US$ 5
bilhões, o equivalente a cerca de R$ 15 bilhões, em transações de
resgate, segundo levantamento revista especializada CIO. Na
RSA Conference 2017, uma das maiores feiras de segurança digital do
mundo, o ransomware foi assunto para uma sessão de discussões que durou
um dia inteiro (Crédito:Divulgação / RSA Conference)
Na RSA Conference 2017, uma das maiores e mais importantes feiras de
cibersegurança do mundo, o tema ransomware foi onipresente. Uma das
sessões da conferência, que aconteceu entre os dias 13 e 17 de fevereiro
em São Francisco, nos Estados Unidos, foi dedicada integralmente ao
assunto e durou um dia inteiro. Com apresentações de acadêmicos da
Universidade Stanford, do Departamento de Segurança Nacional dos Estados
Unidos (Homeland Security) e de especialistas de empresas de tecnologia
como Symantec, Kaspersky e Intel, o boom desse tipo de ameaça foi
esmiuçado e analisado.
“O ransomware cresceu e se tornou o fenômeno que é, atualmente, por
dar ótimo retorno financeiro com baixo risco para o criminoso”, diz
Candid Wueest, palestrante na RSA Conference e um dos principais
pesquisadores de ameaças da Symantec, uma empresa de segurança digital.
“Outras fraudes pressupõem a transferência de dinheiro entre contas
correntes, por exemplo, o que deixa rastros”, diz Wueest. Como o
ransomware funciona com as chamadas “criptomoedas” – tais como o
bitcoin, que ganhou popularidade nos últimos cinco anos por ser quase
impossível de rastrear – o criminoso se blinda na hora de cobrar e
receber o resgate pelos dados que sequestrou.
O PASSO A PASSO DO SEQUESTRO DE DADOS
A base do golpe do ransomware é a criptografia, que permite ao criminoso
tornar os arquivos salvos no computador ou smartphone da vítima
inacessíveis a ela
Passo 1 – Primeiro contato
O usuário recebe um e-mail ou uma mensagem eletrônica com um anexo.
Dependendo da sofisticação do criminoso, a mensagem pode chegar com
remetente conhecido pelo usuário, o que aumenta as chances de abertura e
execução do arquivo.
Passo 2 – Mordendo a isca
Enganado pela mensagem falsa, o usuário abre o anexo. O ransomware
começa a rodar sem que ele perceba – um texto ou uma imagem é exibida
para não levantar suspeitas sobre o verdadeiro objetivo do anexo.
Passo 3 – Criptografia do mal
O ransomware começa a criptografar pastas com fotos e arquivos
armazenados no disco rígido do computador. É como se os arquivos fossem
transformados em uma massa de informações que passa a ser ilegível sem
uma senha – que só o criminoso possui.
Passo 4 – Chantagem digital
O ransomware exibe uma mensagem à vítima para informar que os arquivos
foram criptografados e que, para voltar a ter acesso a eles, é preciso
pagar um resgate. Para apressar a vítima, pastas específicas podem ser
apagadas de hora em hora.
Passo 5 – Pagamento do resgate
O ransomware guia o usuário no processo de pagamento do resgate, feito
quase sempre em bitcoins – moeda quase impossível de rastrear. Os
valores costumam ficar entre US$ 500 e US$ 1,5 mil. Uma vez pago o
resgate, os arquivos são descriptografados e o acesso liberado.
Outra razão para a explosão na incidência desse tipo de ameaça é a
popularização dos chamados kits de ransomware, que são vendidos em
mercados na internet. Foi-se o tempo em que um criminoso precisava
dominar a tecnologia e desenvolver sua própria versão do código
malicioso para usá-lo e colher os frutos da atividade ilegal. Hoje,
qualquer um com conhecimento médio do assunto pode chegar a esses
mercados e comprar uma versão de ransomware praticamente pronta para
usar. Com pouca ou nenhuma noção de programação, o sujeito lança, aos
milhares, e-mails e mensagens instantâneas levando seu software de
sequestro de dados. Aí, é só esperar o dinheiro entrar. Código
fonte de ransomware é anunciado em site de vendas online por R$ 300;
existe um mercado para compra e venda de códigos maliciosos usado por
criminosos (Crédito:Reprodução / Kaspersky)
A operação desses mercados paralelos é tão sofisticada que existem
times de criminosos digitais que não vendem, mas alugam seus ransomwares
para terceiros. O aluguel é quitado pelos locatários com um percentual
do resgate pago pelas vítimas do programa. “Temos acompanhado o
funcionamento de um verdadeiro ‘complexo industrial hacker’”, diz
Niloofar Howe, diretora de estratégia da RSA. “Já existe até serviço de
call center hacker – se o cliente que comprou ou alugou um ransomware
encontra problemas para usá-lo, ele pode ligar para uma central e tirar
dúvidas com quem desenvolveu o programa”, afirma Niloofar. “Há grupos
criminosos que investem na propaganda de suas ferramentas, tamanha a
organização”, diz.
Com a demanda por esse tipo de código malicioso em alta, a
concorrência entre os desenvolvedores tem estimulado a inovação. Já há
ransomwares que apagam parte dos arquivos sequestrados de hora em hora
para apressar o pagamento do resgate pela vítima. “E em 2016, cruzamos
com um ransomware que faz uma proposta indecente à vítima: se ela se
dispuser a infectar mais duas ou três pessoas, seus dados são liberados
sem pagamento de resgate”, diz Alex Cox, diretor da FirstWatch, núcleo
da RSA que detecta e identifica novas ameaças virtuais. “Essas são
algumas das formas encontradas pelos criminosos para aumentar os ganhos
com esse tipo de ameaça”, afirma.
COMO SE PROTEGER DO RANSOMWARE
Alguns
ransomwares se disfarçam de informes oficiais de autoridades e cobram
uma “multa”; na imagem, um exemplo de ransomware para smartphone Android
(Crédito:Reprodução / Kaspersky)
Para os especialistas, ninguém está imune a um ataque de ransomware.
“Toda informação tem valor para alguém, portanto, toda informação é
passível de sequestro”, diz Niloofar, da RSA. Das planilhas de
faturamento de uma empresa às fotos de aniversário de uma criança, tudo
que tem valor para um CEO ou um pai de família está na mira dos
sequestradores virtuais. Nesse sentido, todos devem se proteger. Entre
as medidas mais eficientes estão a de fazer backup completo dos dados
armazenados no computador e smartphone regularmente, guardar dados
sensíveis em serviços de armazenamento na nuvem, manter atualizados
todos os programas e apps, redobrar o cuidado com e-mails e seus anexos e
ter uma única e boa solução de proteção instalada no computador e no
smartphone.
Aos que já foram infectados, as opções são mais restritas, mas
existem. A primeira recomendação das empresas de segurança ouvidas por
ISTOÉ é simples: não pague o resgate. Não há garantias de que os dados
serão de fato devolvidos. E, se eles forem devolvidos, não há garantias
de que eles irão funcionar adequadamente. Uma opção é recorrer ao NO MORE RANSOM!,
página criada por empresas privadas e órgãos públicos que reúne
antídotos, ou decryptors, para as famílias de ransomware mais populares.
Para usar o serviço, a vítima deve enviar uma amostra dos arquivos
criptografados pelo programa que a infectou ou um trecho da mensagem que
pede o resgate para que o sistema identifique o tipo de ameaça e
indique a solução – se ela existir. O serviço é gratuito.
QUANTO VALE SUAS INFORMAÇÕES?
Essa é a pergunta básica colocada pelo ransomware. Quanto vale uma foto
digital do seu filho? Um documento da sua empresa? Um e-mail com um
pedido detalhado pelo seu chefe?
US$ 1 bilhão
foram pagos em resgate por dados sequestrados por ransomware em 2016
US$ 5 bilhões
serão pagos em resgate por dados sequestrados por ransomware em 2017
US$ 500
é o valor médio de um resgate pago pelo usuário final vítima de ransomware
US$ 30 mil
é o valor médio que as empresas se dizem dispostas a pagar por dados seqüestrados
65%
das empresas optam por pagar o resgate quando são vítimas de ransomware
Fontes: IBM, CIO/IDG e PhishMe
“Toda
informação tem valor para alguém, portanto, toda informação é passível
de sequestro”, disse Niloofar Howe, diretora de estratégia da RSA,
durante a RSA Conference (Crédito:Divulgação / RSA Conference)
“Aos que foram infectados por um ransomware sem antídoto, há a opção
de guardar todos os arquivos criptografados e esperar que a solução
apareça no futuro próximo”, diz Anton Ivanov, analista sênior de malware
do Kaspersky Lab. “Tem muita gente trabalhando para quebrar esses
programas maliciosos, então se não há solução para um tipo hoje, ela
pode surgir amanhã”, afirma.
Apesar da recomendação de que não se pague o resgate exigido pelos
criminosos, não são poucas as pessoas – e as empresas – que optam pelo
pagamento. Sabe-se que o valor médio de resgate pago por um usuário
final vítima de ransomware é de cerca de US$ 500, ou R$ 1,5 mil e que
cerca de 65% das empresas optam por pagar o resgate quando são vítimas
desse tipo de crime (leia quadro). Algumas companhias chegam a estocar
bitcoins para eventuais ataques, tamanha a frequência do sequestro de
dados.
“Somos cada vez mais dependentes da nossa vida digital”, lembra
Wueest, da Symantec. Os criminosos digitais entenderam isso e estão
capitalizando. A reação da lei e das empresas de segurança tem
acontecido. Resta torcer para que essa reação dê conta da rápida
evolução e popularização dos ransomwares. Confira galeria com exemplos de ransomwares em ação
Depois de criptografar os arquivos, o ransomware avisa a vítima
do sequestro de dados e pede um resgate; na imagem, um ransomware para
Windows em ação
Foto: Reprodução / Kaspersky
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Alguns ransomwares se disfarçam de informes oficiais de
autoridades e cobram uma "multa"; na imagem, um exemplo de ransomware
para smartphone Android
Foto: Reprodução / Kaspersky
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Código fonte de ransomware é anunciado em site de vendas online
por R$ 300; existe um mercado para compra e venda de códigos maliciosos
usado por criminosos
Foto: Reprodução / Kaspersky
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Macs não estão imunes ao ransomware; na imagem, um exemplo de
ataque do ransomware Mabouia ao sistema operacional da Apple
Foto: Reprodução / Kaspersky
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Os ransomwares da família Jigsaw são populares entre criminosos
virtuais; nesta versão, quando a vítima reinicia o computador, o
ransomware apaga mil arquivos
Foto: Reprodução / Kaspersky
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Um exemplo de ransomware em português da Teamxrat, desenvolvido para atacar vítimas no Brasil
Foto: Reprodução / Kaspersky
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Na RSA Conference 2017, uma das maiores feiras de segurança
digital do mundo, o ransomware foi assunto para uma sessão de discussões
que durou um dia inteiro
Foto: Divulgação / RSA Conference
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Na imagem, um ransomware que infecta usuários da rede Tor e que
pede resgate de 0,5 Bitcoin, o que equivale a cerca de R$ 1,7 mil na
cotação de 21.02.2017
Foto: Reprodução / Kaspersky
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“Toda informação tem valor para alguém, portanto, toda
informação é passível de sequestro", disse Niloofar Howe, diretora de
estratégia da RSA, durante a RSA Conference 2017
Foto: Divulgação / RSA Conference
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Os ransomwares determinam um prazo máximo para o pagamento do
resgate; na imagem, se 2 Bitcoins (R$ 6,8 mil) não forem pagos em 71
horas, todos os dados serão apagados
Foto: Reprodução / Kaspersky
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Mais um exemplo de ransomware, desta vez da família KeRanger, que ataca o sistema operacional dos Macs
Foto: Reprodução / Kaspersky
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Boa parte dos pagamentos de resgate é feita com a criptomoeda
Bitcoin, que é praticamente impossível de rastrear; na imagem, o
ransomware Hidden Tear
Aos bravos GUERREIROS DE SELVA formados e qualificados pelo Centro de Operações na Selva e Ações de Comando (COSAC) e Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) para defender a soberania da Amazônia - BRASIL, meus sinceros cumprimentos pelo dia:"03 DE JUNHO - DIA DO GUERREIRO DE SELVA" ÁRDUA É A MISSÃO DE DEFENDER E DESENVOLVER A AMAZÕNIA, MUITO MAIS DIFÍCIL PORÉM, FOI A DE NOSSOS ANTEPASSADOS EM CONQUISTÁ-LA E MANTÊ-LA"ORAÇÃO DO GUERREIRO DA SELVA Senhor,Tu que ordenaste ao guerreiro da selva: “Sobrepujai todos os vossos oponentes!” Dai-nos hoje da floresta: A sobriedade para persistir, A paciência para emboscar, A perseverança para sobreviver, A astúcia para dissimular, A fé para resistir e vencer, E dai-nos também Senhor, A esperança e a certeza do retorno. Mas, se defendendo esta brasileira Amazônia, Tivermos que perecer, ó Deus! Que o façamos com dignidade E mereçamos a vitória! SELVA!http://www.cigs.ensino.eb.br/
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