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quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Oposição venezuelana pede à UE atitude firme ante Maduro

Oposição venezuelana pede à UE atitude firme ante Maduro
(Arquivo) O presidente do Parlamento venezuelano Julio Borges - afp/AFP
Líderes opositores venezuelanos pediram nesta quarta-feira (13) à União Europeia (UE) que mantenha uma atitude firme ante a ditadura de Nicolás Maduro ao receber o Prêmio Sakharov de Liberdade de Opinião concedido pela Eurocâmara a todos os venezuelanos.
O presidente do Parlamento da Venezuela, Julio Borges, e o exilado ex-prefeito de Caracas Antonio Ledezma receberam o prêmio em Estrasburgo, nordeste da França, com um chamado à comunidade internacional para alcançar uma “transição” em seu país.
“Pedimos à Europa que se mantenha firme em seu compromisso para conseguir a liberdade de mais de 300 presos e de 30 milhões de venezuelanos que hoje não a respiram”, disse Ledezma, lendo uma mensagem do líder opositor Leopoldo López, em prisão domiciliar em seu país.
Com discursos enérgicos apelando para a emoção, os dois líderes descreveram a “crise humanitária” que vive seu país, onde, nas palavras de Borges, “o regime sequestrou a democracia”, “instaurou a fome” e “destruiu o sistema de saúde”.
“Essa situação não pode continuar assim. Por esse motivo foi decidido entregar o Prêmio Sakharov à oposição democrática”, assegurou o presidente da Eurocâmara, Antonio Tajani, que pediu que “o país volte à democracia, à dignidade e à liberdade”.
– Missão eleitoral –
Desde 1988, a Eurocâmara concede este prêmio todos os anos, que leva o nome do cientista soviético dissidente Andrei Sakharov, além de 50.000 euros (58.800 dólares), a pessoas que deram “uma contribuição excepcional à luta pelos direitos humanos no mundo”.
A oposição sucede os yazidis Nadia Murad e Lamiya Aji Bashar, sobreviventes das atrocidades do grupo extremista Estado Islâmico (EI), e são os quintos latino-americanos a conquistá-lo após os dissidentes cubanos, em três ocasiões, e as Mães da Praça de Maio.
A Eurocâmara decidiu concedê-lo em outubro em um contexto de divisão no seio da oposição venezuelana, que agora quer fechar as feridas abertas nos últimos meses e escolher um “candidato único” para a próxima eleição presidencial, explicou Borges.
Visando essa disputa, que Maduro pode adiantar para o primeiro trimestre fortalecido por sua vitória nas eleições municipais, nas quais as principais forças opositoras não concorreram, Borges e Ledezma pediram ajuda internacional.
“Pedimos à Europa e ao mundo que atentem para essas eleições”, declarou Borges, que solicitou “formalmente” uma missão eleitoral do Parlamento Europeu para garantir que as eleições sejam “livres” e conduzam a uma “transição democrática”.
Embora desde 2007 a Eurocâmara tenha adotado uma dezena de resoluções, especialmente pedindo a libertação de “presos políticos”, a eleição da governista Assembleia Constituinte, que União Europeia e Estados Unidos não reconhecem, intensificou a sua postura.
– Edição polêmica –
Além de um embargo de armas e de material suscetível a ser utilizado para uma repressão interna, os países da UE adotaram em novembro um marco jurídico de sanções contra responsáveis por uma violação dos direitos humanos na Venezuela, embora sem dar nomes.
Ambos os opositores consideraram em coletiva de imprensa que deveriam aplicar essas sanções contra responsáveis de alto escalão do governo venezuelano, em linha com as aplicadas por Estados Unidos e Canadá.
A decisão de conceder o prêmio ao Parlamento venezuelano e aos “presos políticos” neste país latino-americano, impulsionada pelos eurodeputados do PPE (direita) e liberais, geraram críticas de “instrumentalização” por parte da esquerda radical, que deixou suas cadeiras vazias durante a cerimônia.
“A UE está se colocando do lado da violência na Venezuela ao invés de mediar para facilitar o diálogo e buscar uma solução pacífica e democrática no país”, indicaram em comunicado eurodeputados espanhóis do grupo Esquerda Unitária Europeia (GUE).
Além de amigos e familiares dos presos nomeados pela Eurocâmara, a guatemalteca Aura Lolita Chávez Ixcaquic, símbolo da luta dos povos indígenas, e a filha do jornalista Dawit Isaak, preso na Eritreia, estavam na cerimônia como finalistas.
Tajani também falou para as duas, urgindo ao governo da Guatemala a “assegurar a proteção” de Chávez Ixcaquic e do “povo maia em seu conjunto” e pedindo às autoridades eritreias para libertar o jornalista que foi visto pela última vez em 2005.

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