O Governo Federal intervém na segurança
do estado e transfere para as Forças Armadas o controle das polícias
Civil e Militar – um esforço para conter a maior crise de segurança da
história do Estado. Além da promessa de melhorar a vida dos cidadãos que
se tornaram reféns da violência, a medida altera a agenda política do
País
EM AÇÃO Homens das Forças Armadas na favela da Rocinha: eles agora estão no comando do combate ao crime (Crédito: Carl de Souza)
Ary Filgueiras, Tabata Viapiana e Eliane Lobato
A calamidade na segurança pública do Rio de Janeiro e a
vertiginosa escala dos indicadores de violência nas últimas semanas
culminaram em uma inédita intervenção federal no Estado. O decreto
assinado pelo presidente Michel Temer às 13h31 da sexta-feira 16, com
transmissão em rede nacional, precedeu o pronunciamento no qual o chefe
do Executivo expôs a urgência de intervir na segurança do estado: “Eu
tomo essa medida extrema porque as circunstâncias assim exigem”, disse
Temer, comparando o avanço da criminalidade a uma metástase que ameaça o
Brasil inteiro. “É intolerável que estejamos enterrando pais e mães de
família, trabalhadores inocentes e policiais, além de ver bairros
inteiros sitiados, escolas sob a mira de fuzis e avenidas transformadas
em trincheiras. Basta. Não vamos aceitar que matem nosso presente nem
que continuem a assassinar nosso futuro”. O tom adotado pelo presidente
foi de quem chama a responsabilidade para si. É uma decisão arriscada.
Se a estratégia der resultado, Temer se apresenta à nação como o
estadista que derrotou a bandidagem e restaurou a ordem. Caso falhe, as
ambições políticas do presidente ficarão seriamente comprometidas. DESORDEM Foliões reagem a uma tentativa de assalto na Lapa, região central do Rio (Crédito:Marcelo Regua)
O decreto assinado por Temer transfere o comando das polícias Civil e
Militar fluminenses para o general Walter Souza Braga Netto, um dos
responsáveis pela coordenação da segurança durante os jogos Rio 2016 e
que já atuou no serviço de inteligência do Exército. Como interventor,
Braga Netto responde diretamente ao presidente da República. A decisão
afasta o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Roberto Sá,
dá às Forças Armadas carta branca para tomar medidas de combate ao crime
e esvazia o poder do já desgastado governador Luiz Fernando Pezão.
“Começamos uma batalha cujo caminho só pode ser o sucesso”, afirmou
Temer. Antes do decreto de intervenção, o Rio de Janeiro já estava sob a
Garantia da Lei e da Ordem (GLO), o que significa que qualquer operação
de segurança precisava de autorização da Presidência da República.
Pezão achou que este trâmite provocava um vácuo entre as ações. Como a
situação saiu do controle nas últimas semanas, o governador disse a
interlocutores de Temer que combater o tráfico de armas e de drogas é
responsabilidade federal. Citou o caso extremo em Angra dos Reis, onde
bandidos tentaram invadir a Usina Nuclear e o prefeito Fernando Jordão
cogitou pedir o desligamento dos reatores, caso não houvesse um esquema
de segurança para a cidade. “Não perdemos esse controle. eu pedi auxílio, não me senti diminuído” Luiz Fernando Pezão, governador do Rio de Janeiro (Crédito:Marcelo Fonseca )
Na capital, o caos na segurança foi agravado pela brutal onda de
violência registrada durante o carnaval. Houve arrastões, roubos,
tiroteios. O primeiro dos dois arrastões em Ipanema aconteceu na
madrugada do domingo 11, quando um grupo de jovens com idades entre 13 e
20 anos realizaram roubos em série na Avenida Vieira Souto, em um
período de cerca de três horas. Na terça-feira 13, cerca de 150 pessoas
foram presas acusadas de fazer arrastões na região central da cidade.
Imagens de assaltos e saques chocaram o País. O prefeito do Rio, Marcelo
Crivella (PRB), ficou distante das festas — e dos problemas. Ele viajou
com a família para a Europa. Postou nas redes sociais um vídeo
explicando que embarcaria para conhecer uma agência espacial e empresas
de tecnologia de segurança. “Vamos à Alemanha, vamos à Áustria, vamos à
Suécia, mas quinta-feira a gente já está de volta. Só aproveitando essa
folguinha de carnaval para ir buscar uma coisa que o Rio estava
precisando”, disse.
Ele também afirmou que “todos os cuidados foram tomados para que o
carnaval carioca fosse incrível”. O Ministério Público Estadual irá
apurar a versão de Crivella. Segundo os promotores, há evidências de que
não existiam compromissos oficiais por lá. Se isso for confirmado, pode
configurar improbidade administrativa. O prefeito não voltou no dia
prometido – e a cidade foi castigada por temporais que causaram
enchentes, derrubaram árvores e interromperam o fornecimento de
eletricidade em várias regiões. Quatro pessoas morreram em decorrência
das chuvas. Metaforicamente, as chuvas que tomaram o Rio foram a gota
d’água.
Na quarta-feira 14, o ministro Moreira Franco, chefe da
Secretaria-Geral da Presidência, ligou para o governador dizendo que
iria ao Rio de Janeiro no dia seguinte, acompanhado do ministro da
Defesa, Raul Jungmann, para tratar da segurança. Depois de uma conversa
de uma hora e meia e de um telefonema de Temer, os três voaram juntos
para Brasília e foram direto para uma reunião no Palácio da Alvorada.
Temer havia convocado também os ministros da Justiça, Torquato Jardim, e
da Segurança Institucional, Sérgio Etchegoyen. O grupo ganhou a
companhia de Henrique Meirelles, da Fazenda e de Dyogo Oliveira, do
Planejamento. A reunião durou cerca de sete horas. Já no final da noite,
Temer chamou os presidentes do Senado, Eunício Oliveira, e da Câmara,
Rodrigo Maia, já que o decreto de intervenção federal precisa ser
aprovado pelo Congresso Nacional. Foi quando a tensão tomou conta do
encontro. Filho do ex-prefeito do Rio, César Maia, e de olho na disputa
ao governo do estado, Rodrigo Maia não concordou com a intervenção.
Também não gostou de não ter sido consultado antes da definição do
decreto. Quando chegou ao Alvorada, tudo já havia sido decidido e
planejado pela equipe de Temer. Em determinado momento, houve bate-boca
entre o deputado e o ministro da Justiça. Os aliados de Temer disseram
que Maia poderia ser responsabilizado publicamente pela crise na
segurança pública caso não concordasse com o decreto. O presidente da
Câmara, então, quis ouvir a opinião de Pezão. “Não há outra
alternativa”, respondeu o governador. Maia acabou cedendo e concordou
com a intervenção. “É uma decisão muito dura e extrema. Parece que
nessas condições a forma de restabelecer a ordem no Rio é agora. Está se
dando um salto triplo sem rede: não dá para errar”, disse Maia na
sexta-feira.
Reforma da previdência
Quem mais está se arriscando é o próprio Temer. Se for bem-sucedido,
ele pode amenizar a sua baixa popularidade — hoje na casa de 6%. Ao
atacar de frente o problema da violência num dos mais importantes
estados do País, ele não só entra na seara da segurança pública como
hasteia a mesma bandeira do pré-candidato ao Palácio do Planalto Jair
Bolsonaro (PSC). Com Lula fora do páreo, o ex-capitão passou a liderar
as pesquisas de intenção de votos, com 18%. Outro fator positivo gerado
com a intervenção no Rio é o adiamento da Reforma da Previdência.
Segundo o inciso 1º artigo 60: “A Constituição não poderá ser emendada
na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de
sítio”. A lógica é que, em momentos como esses, a ordem institucional
está sob uma grave instabilidade, que torna inoportunas as alterações
constitucionais. Essa é a primeira vez, desde a promulgação da carta
magna em 1988, que uma medida como essa é decretada. Com a necessidade
de contar com 308 votos para se aprovar a PEC, sabendo que dificilmente
alcançará este número antes das eleições, o presidente e a equipe
econômica agora têm um bom pretexto para não assumir a derrota e, assim,
continuar contando com o apoio do meio empresarial. Porém, o risco é
calculado: ao assinar o decreto da intervenção, Temer deixou claro que
poderá revogá-lo a qualquer momento para que a reforma da Previdência
seja votada. GOTA D’ÁGUATrecho da ciclovia destruído com os temporais: cadê o prefeito? (Crédito:Marcos de Paula)
Ainda que não tenha viés populista, a intervenção não é unanimidade
entre especialistas. A medida é considerada midiática e provisória por
Flávio Werneck, presidente do Sindicato dos Policiais Federais no
Distrito Federal e vice da Federação Nacional dos Policiais Federais.
Ele avalia que a presença de forças federais de segurança pública até
dezembro de 2018 irá apenas encurralar por pouco tempo o crime
organizado, que trabalhará de forma discreta e voltará com mais força
após a saída das tropas militares. “O governo, se quisesse resolver o
problema, deveria apresentar propostas que contivessem práticas
bem-sucedidas em outros países, tratando desde a prevenção passando por
novo modelo de investigação policial, eficiência e celeridade na fase
processual e alteração profunda na política de execução penal”, diz
Werneck. “O que tem de ser feito é uma reforma das policias do Rio de
Janeiro e não me parece ser esse o propósito da intervenção. É uma
ferramenta emergencial”, afirma Oscar Vilhena, professor de direito
constitucional da Fundação Getúlio Vargas em São Paulo. Durante o
carnaval, um policial militar do Rio postou um vídeo mostrando as latas
de cerveja que levaria para seu plantão no carnaval.
“Todos os cuidados foram tomados para que o carnaval carioca fosse incrível” Marcelo Crivella, prefeito do Rio (Crédito:Divulgação)
A intervenção é polêmica até para quem foi vítima da violência no Rio
de Janeiro recentemente, caso do estudante de psicologia Henrique
Mezzonato Lopes, de 25 anos. Ele já foi assaltado seis vezes, a última
delas na segunda-feira 13, em Ipanema. Agredido com socos no rosto, foi
cercado por sete bandidos que levaram documentos, dinheiro e celular.
Ele lamenta que só tenham tomado alguma decisão agora, após o carnaval.
“É necessário uma resposta, mas não sei se uma intervenção federal é a
melhor delas”, afirma. O publicitário Guto Graça, do Data Script,
realizou uma pesquisa nas redes sociais na manhã da sexta-feira 16.
Pelos dados que obteve, 90% das publicações que falavam sobre a
intervenção eram favoráveis à medida e apenas 8% dos internautas que
comentaram o assunto estavam preocupados com o uso político das Forças
Armadas. Para 2%, a decisão pode ter consequências semelhantes ao Golpe
Militar de 1964.
Além da crise na segurança pública, o Rio de Janeiro enfrenta enormes
dificuldades financeiras. Os salários dos servidores estão atrasados e
costumam ser pagos em parcelas. Os serviços públicos estão cada vez mais
precários. Por isso, Temer cogitou, inicialmente, ampliar a intervenção
federal, abrangendo as áreas da segurança pública e também a de
finanças. Depois, voltou atrás e definiu que a prioridade é o combate à
onda de violência no Estado. A verdade é que o Rio só chegou ao atual
estágio de caos na segurança com a contribuição dos políticos que
comandam o Estado há décadas. O ex-governador Sérgio Cabral “Basta! não vamos aceitar que matem nosso presente e continuem a assassinar o nosso futuro” Michel Temer, presidente da República, em discurso após assinar o decreto de intervenção no Rio de Janeiro
(MDB), que governou o Rio por oito anos, dilapidou os cofres
públicos. Desviou mais de R$ 1 bilhão para favorecer seu grupo político,
a chamada “quadrilha do guardanapo” que se reuniu num fino restaurante
em Paris para comemorar a roubalheira no Rio. Cabral está preso hoje no
Complexo Médico de Pinhais, no Paraná, depois de passar meses na Cadeia
de Benfica e no Presídio de Bangu com regalias de toda ordem. Além de
Cabral, outros ex-governadores, como Anthony Garotinho, também estiveram
presos até recentemente por corrupção eleitoral. Populista ou não, a
verdade é que o momento é de a sociedade se unir para que a intervenção
federal dê certo. O que está em jogo é mais do que um projeto político. É
a segurança de cidadãos que não merecem permanecer reféns da violência
promovida por bandidos. Populismo ou não, o momento é de a sociedade se unir para que a intervenção federal dê certo Perfil combativo Márcia Foletto
O interventor militar que a partir de agora comandará as forças de
segurança do Rio de Janeiro, general Walter Souza Braga Netto, 60 anos, é
o atual comandante militar do Leste, que coordena as atividades do
Exército nos estados do Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Mineiro de Belo Horizonte, ele tem sob suas ordens mais de 50 mil
militares e esteve à frente da segurança da Olimpíada de 2016. O general
integrou também a operação que envolveu as Forças Armadas na crise de
segurança no Espírito Santo, no ano passado. Braga Netto fez parte do
serviço de inteligência do Exército, tem um perfil combativo e vem se
mostrando um colaborador ativo da polícia do Rio de Janeiro. Colaborou André Solito
Aos bravos GUERREIROS DE SELVA formados e qualificados pelo Centro de Operações na Selva e Ações de Comando (COSAC) e Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) para defender a soberania da Amazônia - BRASIL, meus sinceros cumprimentos pelo dia:"03 DE JUNHO - DIA DO GUERREIRO DE SELVA" ÁRDUA É A MISSÃO DE DEFENDER E DESENVOLVER A AMAZÕNIA, MUITO MAIS DIFÍCIL PORÉM, FOI A DE NOSSOS ANTEPASSADOS EM CONQUISTÁ-LA E MANTÊ-LA"ORAÇÃO DO GUERREIRO DA SELVA Senhor,Tu que ordenaste ao guerreiro da selva: “Sobrepujai todos os vossos oponentes!” Dai-nos hoje da floresta: A sobriedade para persistir, A paciência para emboscar, A perseverança para sobreviver, A astúcia para dissimular, A fé para resistir e vencer, E dai-nos também Senhor, A esperança e a certeza do retorno. Mas, se defendendo esta brasileira Amazônia, Tivermos que perecer, ó Deus! Que o façamos com dignidade E mereçamos a vitória! SELVA!http://www.cigs.ensino.eb.br/
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