Alvo da Operação Custo
Brasil, petista teve a prisão preventiva revogada pelo ministro Dias
Toffoli. 'Sou inocente, isso vai ficar demonstrado', disse ao sair da
sede da PF em SP
Ex-ministro Paulo Bernardo deixa sede da Polícia Federal, em São Paulo(J.F. Diorio/VEJA)
O ex-ministro Paulo Bernardo
deixou na noite desta quarta-feira a sede da Polícia Federal em São
Paulo, onde estava preso desde a última quinta. Alvo da Operação Custo
Brasil, que investiga um esquema de desvios de 100 milhões de reais no
Ministério do Planejamento, Paulo Bernardo foi beneficiado por decisão
do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), que apontou
"constrangimento ilegal" e revogou sua prisão. Após a determinação do
STF, o juiz federal Paulo Bueno de Azevedo, responsável pelos processos
da Custo Brasil, mandou soltar outros sete alvos da operação. Dois
investigados seguem presos.
"Sou inocente, isso vai ficar demonstrado", afirmou o ex-ministro ao
sair da sede da PF, por volta das 22h30. Paulo Bernardo disse ainda que
sua prisão "não era necessária". "Eu estava em local encontrável, me
coloquei à disposição da Justiça várias vezes." Sobre as suspeitas de
que teve despesas pagas com propina, ele afirmou: "Isso não procede, não
tem o menor cabimento. Minhas despesas pessoais são pagas com meu
salário".
Apesar da soltura, Paulo Bernardo terá de cumprir medidas cautelares
determinadas pelo juiz Paulo Bueno de Azevedo. O ex-ministro terá de
comparecer quinzenalmente à Justiça, não pode entrar em contato com os
demais investigados, está proibido de deixar o país sem autorização
judicial, deve entregar o passaporte às autoridades e ainda ficará
impedido de exercer cargos públicos.
Após a ordem do ministro Dias Toffoli, do Supremo, o magistrado de
São Paulo soltou, além de Paulo Bernardo, outros sete alvos da Custo
Brasil: o ex-secretário de Gestão municipal de São Paulo Valter Correia
da Silva, os advogados Guilherme Gonçalves, Daisson Silva Portanova e
Emanuel Dantas do Nascimento, e os empresários Joaquim José Maranhão da
Câmara, Washington Luiz Viana e Dércio Guedes de Souza. O último também
já havia obtido uma decisão favorável de Toffoli no início da noite
desta quarta.
Outros dois investigados na operação, o ex-tesoureiro do PT Paulo
Ferreira e o ex-servidor do Planejamento Nelson Luiz Oliveira Freitas,
devem continuar presos por terem tentado interferir em acordos de
delação premiada. Além de Ferreira e Freitas, continua preso o
ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto que, além de ter sido alvo de
mandado de prisão em São Paulo, está detido em Curitiba por causa da
Lava Jato. Custo Brasil - Deflagrada na quinta-feira passada, a
Operação Custo Brasil apura o desvio de cerca de 100 milhões de reais
de empréstimos consignados do Ministério do Planejamento durante a
gestão de Paulo Bernardo na pasta, entre 2005 e 2011. A pilhagem dos
recursos dos funcionários públicos endividados se dava por meio da
empresa Consist, contratada pelo Planejamento para gerir os empréstimos,
que cobrava 1 real mensal de cada servidor por um serviço que custaria
normalmente 30 centavos. As investigações apontam indícios de que o
ex-ministro, que teria recebido cerca de 6 milhões de reais do esquema
por meio do advogado Guilherme Gonçalves, irrigou o caixa dois do PT e
de campanhas petistas, como a da sua mulher, a senadora Gleisi Hoffmann
(PT-PR), com o dinheiro roubado. (Da redação)
Flávio Gomes Machado
Filho, ex-diretor da empreiteira Andrade Gutierrez disse que o pedido
foi feito pelo ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad durante coletiva de imprensa(Adriano Vizoni/Folhapress)
O
ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto pediu à Andrade Gutierrez o
pagamento de uma dívida de 30 milhões de reais da campanha do prefeito
de São Paulo, Fernando Haddad (PT). O valor teria sido cobrado também de
mais cinco construtoras, revelou Flávio Gomes Machado Filho, ex-diretor
da empreiteira, em delação premiada na Operação Lava Jato. "Em 2013, o
PT, por meio de João Vaccari Neto, tesoureiro do partido, solicitou à
Andrade Gutierrez o pagamento de uma dívida do partido referente à
campanha de Haddad à Prefeitura de São Paulo", afirmou Machado Filho, em
depoimento no dia 25 de fevereiro, na Procuradoria-Geral da República
(PGR), em Brasília.
"A dívida era de 30 milhões de reais. Também houve a solicitação do
pagamento a outras cinco empresas, de modo que ficariam 5 milhões de
reais para pagamento pela Andrade Gutierrez." Vaccari está preso. Dono
da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa - primeiro grande empreiteiro a fazer
delação premiada - já confessara, no ano passado, que chegou a pagar uma
despesa de 2,4 milhões de reais da campanha do petista.
Eleito em 2012, Haddad arrecadou 42 milhões de reais em sua campanha e
gastou 67 milhões de reais - um rombo de pelo menos 25 milhões de
reais, assumido pelo Diretório Nacional do PT no ano seguinte. Parte
desse valor era do contrato fechado com a Polis Propaganda e Marketing,
de João Santana. Responsável pela campanha de reeleição de Luiz Inácio
Lula da Silva, em 2006, e da primeira vitória da presidente afastada
Dilma Rousseff, em 2010, o publicitário foi contratado pela campanha de
Haddad por 30 milhões de reais. Em 2014, ele foi o responsável pelo
marketing da campanha de reeleição de Dilma. Pagamento - Em sua delação, o ex-executivo da
Andrade Gutierrez afirmou que 5 milhões de reais que a empreiteira teria
de pagar eram para Santana. "Não sabe se a dívida de 30 milhões de
reais era com João Santana ou o total da campanha de Haddad, mas a parte
da Andrade Gutierrez, os 5 milhões de reais, era de dívida do PT com
João Santana", afirmou aos procuradores. O delator disse que foi "o
próprio Vaccari" quem passou o contato da mulher do marqueteiro, Mônica
Moura. Sócia do marido na Polis, ela era a responsável pelas contas do
casal. Ambos estão presos em Curitiba, desde fevereiro, alvos da
Operação Acarajé, quando foi descoberta conta secreta na Suíça. Santana e
Mônica são acusados de corrupção e lavagem de dinheiro.
Machado Filho contou também que chegou a procurar a mulher de Santana
por telefone para acertar "um café, cujo nome não se recorda, na Rua
Dias Ferreira (no Leblon, Rio)". "A dívida poderia ser paga no exterior,
segundo Mônica". A Lava Jato descobriu a conta usada pelo casal, na
Suíça, em nome da offshore ShellBill Finance Corp. O delator disse que,
em reunião com diretores, foi decidido que a Andrade Gutierrez não
pagaria os valores. "Mesmo a Andrade Gutierrez não tendo pago, não houve
posteriormente desdobramentos." Machado Filho disse ainda que não
tratou do pedido com Haddad. "Não sabe se Haddad sabia." Defesas - A coordenação de campanha do prefeito
Fernando Haddad informou que foi deixada uma dívida da disputa, em 2012,
que chegava a 29 milhões de reais. "O valor foi declarado ao Tribunal
Regional Eleitoral (TRE) e repassado ao Diretório Nacional do Partido
dos Trabalhadores, que faria sua liquidação", informou a equipe. Por
meio de sua assessoria de imprensa, o PT disse que "refuta totalmente as
ilações apresentadas". "Todas as doações que o PT recebeu foram
realizadas estritamente dentro dos parâmetros legais e posteriormente
declaradas à Justiça Eleitoral", disse o partido, em nota. A defesa de
João Santana informou que apenas se manifestaria após conversar com seu
cliente sobre o assunto. (Com Estadão Conteúdo)
Retirada do Reino Unido da União
Europeia acaba com a utopia de um mundo sem fronteiras, lança o
continente num período de incertezas, assusta o mercado financeiro e
pode suscitar uma perigosa onda separatista
RESSACA Parlamento britânico amanhece após saída do Reino Unido da UE (Crédito: Mary Turner/Getty Images; )
Mariana Queiroz Barboza
RESULTADOS Apoiadores do “Brexit” comemoram saída. À dir., militantes do fico desolados
Nos últimos três anos, desde que o primeiro-ministro britânico, David
Cameron, convocou um plebiscito sobre a permanência ou não do Reino
Unido na União Europeia (UE), as autoridades do continente estiveram
ocupadas demais para dar a devida atenção ao debate. A crise da zona do
euro, sobretudo a da dívida grega, consumiu inúmeras horas, assim como a
anexação da Crimeia pela Rússia, a guerra civil na Síria, o enorme
fluxo de refugiados rumo ao continente e os atentados terroristas que
ameaçavam as principais capitais. A proposta britânica de renegociar os
termos de adesão ao bloco estava no fim dessa agenda até algumas semanas
atrás, quando as pesquisas de opinião mostravam que a disputa seria
apertada e os líderes europeus começaram a se preocupar com o risco real
de rompimento. O resultado da consulta popular divulgado na madrugada
da sexta-feira 24 mostrou que o temor talvez tenha vindo tarde. Com 52%
dos votos, os britânicos decidiram pela saída. A questão mobilizou tanto
a sociedade que a participação dos eleitores, de 72%, foi maior do que
nas últimas eleições gerais.
O choque foi enorme. As bolsas de valores em diversas partes do
mundo, que apostavam no fico, operaram em baixa recorde e a libra
esterlina alcançou o menor valor em 30 anos. Os danos, contudo, são
maiores que financeiros. Um bloco europeu sem o Reino Unido, o primeiro
dos 28 países-membros a pedir a desvinculação, é um golpe contra a
utopia representada pelo projeto mais ambicioso de integração entre
nações que surgiu depois da Segunda Guerra Mundial. Um espaço que
representaria a paz e a colaboração num mundo sem fronteiras. Teme-se
agora que o resultado do plebiscito inspire outros países a repensar
suas relações com o bloco. O fim da união que durou 43 anos deve levar
mais dois anos para ser concretizado, apesar de os porta-vozes da UE
terem pedido que Londres saia “o quanto antes, por mais doloroso que o
processo seja”, a fim de minimizar o período de incertezas. Isso
significa que o Reino Unido ficará de fora do tratado de livre-comércio
entre Washington e Bruxelas, o Acordo de Parceria Transatlântica de
Comércio e Investimento, e terá que refazer suas relações comerciais e
diplomáticas. Antes disso, porém, terá que lidar com suas próprias
fissuras. Enquanto o país de Gales e o interior da Inglaterra
desequilibraram a disputa pela ruptura, Londres, Escócia e Irlanda do
Norte votaram pela permanência. Os escoceses, que, em 2014, quase
deixaram o Reino Unido, já falam em realizar um novo plebiscito de
independência. Acima, jovens pedem maior representação
“A decisão da maioria dos britânicos está inserida num fenômeno mais
amplo, que vem desde a quebra do banco Lehman Brothers e o começo da
recessão em 2008: estamos numa fase de desglobalização”, afirma o
diplomata Marcos Troyjo, diretor do BRICLab da Universidade Columbia, em
Nova York. Segundo ele, que também é autor do livro “Desglobalização:
Crônica de um Mundo em Mudança”, com o fim da Guerra Fria, o mundo
passou por uma globalização profunda impulsionada por uma dupla
coincidência – a consolidação de valores ocidentais, como a economia de
mercado e a democracia representativa, e a tendência de integração em
espaços econômicos e políticos. Nesse processo de retirada de barreiras,
houve muitos ganhos, como o acesso a mercados, mão-de-obra mais barata e
a livre circulação de bens e serviços, mas que foram acompanhados de
questões menos desejadas, como o aumento da imigração, que provocou
grandes crises de identidade nacional, e a perda de competitividade em
indústrias mais tradicionais. REAÇÕES Ao fundo, presidente francês em reunião de emergência
A esse cenário soma-se o fraco desempenho da economia mundial nos
últimos anos e, assim, o risco de desglobalização contamina não só a
Europa. “A campanha presidencial americana é um exemplo disso, sobretudo
no lado de Donald Trump”, diz Troyjo. “É sintomático que os maiores
advogados da integração e do liberalismo, Estados Unidos e Grã-Bretanha,
adotem um discurso mais protecionista.” Em visita à Escócia, Trump
comemorou o “Brexit” (expressão em inglês que mistura as palavras
Grã-Bretanha e saída), assim como líderes iranianos e russos.
As raízes da insatisfação dos britânicos com a UE são históricas – a
começar pela geografia. Segundo Charles Grant, diretor do Centro para a
Reforma Europeia, por viver numa ilha, os britânicos falam da Europa
como se fosse outro lugar. Ao longo de sua história, Londres “esteve
mais orientada a outros continentes do que ao poder continental”,
escreveu num estudo publicado em 2008. “Os britânicos nunca se sentiram
europeus”, diz Yann Duzert, professor de Negociação e Resolução de
Conflitos da Fundação Getulio Vargas. Mais do que isso, os britânicos
passaram a colher, a partir dos anos 90, resultados melhores do que
países como França e Alemanha na economia, atraindo investimento
estrangeiro e mantendo uma taxa de desemprego bem menor que a de seus
vizinhos. CLIQUE PARA AUMENTAR
A mídia também teve papel importante na oposição ao bloco europeu. Um
levantamento da Comissão Europeia colocou os jornais Daily Mail e Daily
Telegraph no topo da divulgação de mentiras e alarmismos. A lista vai
de mitos como o de que as notas de euro podem causar impotência nos
homens, publicado em 2002, até o de que a entidade controlaria o uso de
tostadeiras e cafeteiras, informação que circulou nos jornais neste ano.
Para Duzert, da FGV, o resultado do plebiscito significa uma “volta ao
passado”. “O Reino Unido é uma monarquia que funciona sob um sistema
clássico, ancestral, com identidade e modo de crença particular, e a
saída vai reforçar esse lado”, afirma o professor. POR CIMA Boris Johnson agora é o favorito para ser o primeiro-ministro
A descrença na eficiência do bloco e a oposição a ele não são
exclusividade dos britânicos nem da extrema-direita. Uma pesquisa
realizada no início do mês pelo Pew Research Center mostrou que o
chamado euroceticismo tem crescido no continente. Quase metade dos
europeus (42%) concorda que alguns poderes devem ser devolvidos aos
governos nacionais, em vez de mais poderes serem transferidos a Bruxelas
ou manter a situação como está. Segundo o instituto, a imagem e
estatura do bloco passaram por um “passeio de montanha-russa” nos
últimos anos. Entre 2012 e 2013, elas foram prejudicadas pela crise
econômica. Em seguida, se recuperaram, mas, desde o ano passado, têm
caído. Ainda que a visão favorável da UE tenha encolhido também entre
alemães, espanhóis e italianos, o apoio é menor entre gregos, franceses e
britânicos. Os resultados confirmam o que a última pesquisa
Eurobarometer, realizada pela Comissão Europeia no fim do ano passado,
já mostrava. POR BAIXO David Cameron e a mulher, Samantha, após renúncia (Crédito:Alex McNaughton/Sputnik)
“Não é uma peculiaridade britânica”, disse à ISTOÉ Andrew Glencross,
professor de Política Internacional da Universidade de Stirling, na
Escócia. “Cidadãos de diferentes países têm queixas sobre problemas que
eles sentem que a União Europeia está mal equipada para enfrentar.”
Ainda de acordo com Glencross, na zona do euro, o problema maior seria o
desemprego, enquanto, na Europa Oriental, a política de asilo seria a
questão do momento. “O que nos deparamos aqui é com um sentimento de
frustração de que o bloco não está melhorando as coisas”, afirma. “Isso
contribui para uma percepção em todo o continente de que a União
Europeia é uma instituição imperfeita e falida.” Para Simon Usherwood,
professor da Universidade de Surrey, no sudeste da Inglaterra, tamanha
frustração reflete o fracasso da UE em produzir resultados úteis. “A
crise na zona do euro e a crise dos refugiados mostram que peças
centrais da União Europeia não funcionam muito bem e podem ter custos
substanciais”, diz. CLIQUE PARA AUMENTAR
Durante a campanha, os militantes pró-Brexit argumentavam que as
regulações impostas pela UE custavam semanalmente ao país cerca de 600
milhões de libras esterlinas, além dos 13 bilhões de libras esterlinas
de contribuição anual. Contribui para essa visão a ideia de que Bruxelas
ameaça a soberania nacional dos países do bloco, já que os membros da
Comissão Europeia não são escolhidos diretamente pelo voto da população,
que, ainda assim, precisa se sujeitar às leis criadas por eles. Muitos
temas, como agricultura, políticas de competição e patentes, são de
decisão exclusiva do bloco. Isso favorece que partidos nacionalistas e
anti-UE, com forte discurso populista, continuem ganhando força no
continente. Na semana passada, a Itália elegeu duas prefeitas, inclusive
de Roma, do Movimento Cinco Estrelas, criado há sete anos por um
humorista e, até então, considerado apenas um voto de protesto. Na
França, a candidata da Frente Nacional, Marine Le Pen, notadamente
xenófoba, lidera boa parte das pesquisas para a eleição presidencial de
2017 e promete fazer entre os franceses um referendo semelhante ao
britânico, já apelidado de “Frexit”.
Na sexta-feira 24, David Cameron renunciou ao cargo de
primeiro-ministro. Nos últimos meses, Cameron travou uma disputa dentro
de seu próprio partido, o Conservador, com Boris Johnson, ex-prefeito de
Londres e principal nome da campanha pelo “Brexit”. Perdeu e agora
Johnson é o nome mais cotado para se tornar o próximo primeiro-ministro.
Outro efeito do plebiscito recairá sobre a grande paixão dos ingleses, o
futebol. Quase 400 jogadores da liga britânica são estrangeiros, que
poderão perder o direito de jogar no país. Entre os seis principais
clubes, 77 atletas teriam seus status revistos e o tradicional Liverpool
seria o mais prejudicado pela nova regulação.
No âmbito internacional, a chanceler alemã, Angela Merkel, que
liderou o processo de acolhimento dos refugiados sírios e conteve a
expulsão da Grécia da zona do euro no ano passado, apareceu em público
abatida. “Tomamos nota com pesar da decisão da maioria da população
britânica”, disse Merkel. “É um golpe contra o processo de unificação
europeia.” Para evitar que outros países sigam o mesmo caminho, a UE
promete agora jogar duro. O bloco é o destino de metade das exportações
britânicas e a ruptura tem potencial para provocar uma recessão no Reino
Unido, situação que seria exemplar aos olhos das autoridades europeias.
Martin Schulz, presidente do Parlamento europeu, alertou: “A reação em
cadeia que está sendo celebrada pelos eurocéticos não vai acontecer”,
disse. “A Grã-Bretanha cortou laços com o maior mercado comum e isso
terá consequências.”
Por que o voto pela SAÍDA venceu?
Descrédito diante dos alertas econômicos, xenofobia e falta de
confiança no primeiro-ministro estão entre as razões que levaram os
britânicos a escolher deixar a UE A economia dos ricos
A sucessão de alertas dados por organismos como Fundo Monetário
Internacional e Banco Mundial sobre as conseqüências econômicas da saída
da UE foi vista por muitos eleitores como um ataque da elite
financeira, supostamente preocupada apenas com suas fortunas e
investimentos Mais dinheiro para a saúde?
A campanha pela saída argumentou que, ao se livrar dos compromissos com a
UE, o Reino Unido conseguiria liberar 350 milhões de libras para o
sistema de saúde pública do país. A alegação, questionada pela maioria
dos especialistas, foi bem aceita pelos eleitores diante das enormes
pressões enfrentadas pelos hospitais e clínicas Imigração e xenofobia
A questão da imigração, levantada principalmente pelo líder do partido
UKIP, Nigel Farage, mostrou-se definitiva no referendo. A campanha
argumentou que, enquanto estivesse na UE, o Reino Unido seria incapaz de
controlar o fluxo de imigrantes e refugiados que entram no país Descrédito do primeiro-ministro
Ao fazer pesada campanha pela permanência do Reino Unido na UE, David
Cameron, do Partido Conservador, transformou a votação numa questão de
confiança em seu governo. O problema: muitos dos eleitores não
acreditaram que, se o país permanecesse no bloco, Cameron seria capaz de
promover as reformas prometidas A sonolência do Partido Trabalhista
O consenso entre os analistas da política britânica é de que o Partido
Trabalhista subestimou as inclinações de seus apoiadores. Apesar de 90%
de seus parlamentares apoiarem a permanência na UE, a campanha em favor
do bloco foi considerada fraca e lenta PÂNICO Investidores na bolsa de Nova York na sexta-feira 24 (Crédito:AP Photo/Richard Drew)
A reação nas bolsas e o impacto no Brasil
Mercados despencam, mas saída pode ser boa para o País
A saída do Reino Unido da União Europeia provocou o que os analistas
chamaram de “sexta-feira negra” para mercados mundiais, com bolsas
despencando e a maior desvalorização da libra, a moeda britânica, desde
1985. No Brasil, o dia não foi muito diferente, com a Bovespa em queda
de mais de 3% e o dólar em alta. Apesar de os efeitos parecerem
inicialmente negativos para o País, devido ao nervosismo causado pela
decisão, há quem pense em cenário positivo no médio e longo prazo. Isso
porque o enfraquecimento do bloco europeu pode levar investidores a
diversificar negócios, apostando em nações emergentes como o Brasil. Em
nota, o Banco Central disse que está monitorando o cenário internacional
e que adotará “medidas adequadas” para manter o funcionamento do
mercado brasileiro.
Com reportagem de Raul Montenegro
Acusados de comandar esquema que
desviou R$ 100 milhões dos cofres públicos, Paulo Bernardo e Gleisi
Hoffmann entram no rol de ex-ministros petistas carimbados com o rótulo
da corrupção. Na última semana, Bernardo foi preso, enquanto que o
processo contra sua mulher subiu ao STF
A ESCUDEIRA E O OPERADOR Em
público, Gleisi Hoffmann empunha a bandeira da ética para proteger
Dilma. Nas sombras, usaria propinas para alavancar sua candidatura ao
governo do Paraná. Ex-ministro de Lula e Dilma, Paulo Bernardo montou
um propinoduto
no ministério do Planejamento que lhe rendeu R$ 7 milhões para uso
próprio (Crédito: Adriano Machado; ROBERTO CASTRO)
Pedro Marcondes de Moura
Quando era criança em Curitiba, a pequena e espevitada Gleisi
Hoffmann, ainda de madeixas rebeldes, ouviu de seu avô um ensinamento
daqueles válidos para a vida toda e que se ajustou como uma luva à
situação vivida por ela e pelo marido, o ex-ministro petista Paulo
Bernardo, na última quinta-feira 23. Dizia ele, em tom professoral: se a
campainha toca perto do cantar do galo, ou é vida nova ou é encrenca.
Eram pouco mais de seis horas da manhã quando quatro homens bateram à
porta do apartamento funcional do Senado em que o casal mora em
Brasília. Se não estavam lá para anunciar o nascimento de ninguém,
problemas à vista, conforme vaticinara décadas antes o avô da agora
senadora Gleisi Hoffmann. Batata! Os agentes da Operação Custo Brasil
desembarcaram no imóvel para comunicar a prisão preventiva do
ex-ministro Paulo Bernardo. Ato contínuo, vistoriaram o apartamento em
busca de mais provas que ligassem os dois a um megaesquema de corrupção:
o que desviou cerca de R$ 100 milhões de reais de contratos fechados
pelo ministério do Planejamento entre 2010 e 2015, nas gestões Lula e
Dilma. Segundo o juiz Paulo Bueno de Azevedo, Bernardo, por ser
influente e dono de força política, foi detido porque poderia agir para
atrapalhar as investigações e evitar que o dinheiro desviado ficasse
fora do alcance de Justiça. De acordo com os investigadores, o petista,
que tinha medo de ser preso há mais de um ano, efetuou depósitos em
previdência privada para blindar os valores de possíveis ordens de
bloqueio. Gleisi escapou de uma encrenca maior. Não foi por falta de
provas, segundo a investigação, que os agentes da PF foram embora sem
conduzir a senadora para a cadeia. Documentos mostram que os recursos
desviados pagaram contas, salários de empregados e até as despesas de
campanha do casal. Não puderam prendê-la devido ao cargo ocupado hoje
por ela. Como senadora, a petista possui privilégio de foro. As
acusações contra ela correrão em segredo de Justiça no Supremo Tribunal
Federal (STF). Na corte, Gleisi e Paulo Bernardo não são debutantes. Já
respondem por terem recebido recursos de operadores do Petrolão. O
NOVO HOMEM CAIXA O ex-ministro Paulo Bernardo é transportado pela
Polícia Federal para São Paulo após ser preso em Brasília na manhã da
quinta-feira 23 (Crédito:AFP PHOTO/EVARISTO SÁ)
As investigações que levaram Paulo Bernardo e mais dez pessoas à
prisão começaram após o ex-vereador petista Alexandre Romano, o
Chambinho, aderir à delação premiada na Lava Jato. Para reduzir sua
pena, ele entregou documentos e relatou como o ex-ministro fez de um
problema uma oportunidade para arrecadar milhões em propina. Em 2010,
contou Chambinho, acumulavam-se reclamações de bancos sobre o sistema
federal que gerenciava os empréstimos bancários a servidores com
desconto em folha. Havia falhas e elas permitiam que os valores
emprestados superassem o teto a ser descontado, gerando fraudes e
prejuízos. Para corrigir os erros, foi aberta pelo ministério do
Planejamento, comandado então por Paulo Bernardo, uma concorrência para
selecionar uma empresa privada para administrar o banco de dados de
concessão dos empréstimos consignados.
Deu-se então, segundo os investigadores, o início da falcatrua. A
contratação acabou direcionada para que a companhia Consist vencesse. Em
troca, a empresa se comprometeu a repassar 70% do faturamento ao PT,
políticos e para a cúpula do ministério por meio de laranjas. Só Paulo
Bernardo recebeu, de acordo com os autos, entre 2010 e 2015, “valores de
um escritório, com o qual ele tinha relações, de mais de R$ 7 milhões”
em propina, disse o procurador Andrey Borges. “Foi ele quem indicou
pessoas estratégicas para que o esquema se iniciasse, de primeiro e
segundo escalão. Para que esse esquema pudesse não só ser instaurado,
mas mantido pelos cinco anos”, complementou. Paulo Bernardo não parou de
receber sua parte no esquema nem quando trocou a pasta do Planejamento
pela das Comunicações, em 2011. Os repasses apenas foram reduzidos de
9,5% para 4,6%. CLIQUE PARA AUMENTAR
Durante o primeiro mandato de Dilma Rousseff, os petistas Gleisi
Hoffmann e Paulo Bernardo formaram o casal mais importante da República.
Ele comandava o ministério das Comunicações. Ela administrava a Casa
Civil, o cérebro do governo. Eram consultados pela presidente antes da
tomada das principais decisões do governo e influíam em nomeações.
Faziam parte do núcleo duro da administração federal.
No auge do poder, o casal Gleisi e Paulo Bernardo ambicionava o
comando do Estado do Paraná. Acreditavam que a petista tinha chances
reais de se eleger nas eleições de 2014. O sucesso da dupla, segundo
contou o ex-senador Delcídio do Amaral em delação premiada, viria em boa
parte da capacidade de Paulo Bernardo em arrecadar recursos. Mas foi
justamente uma destas operações que jogou água fria na eleição da
senadora ao governo. No auge da campanha, delatores narraram que
recursos do Petrolão foram usados para alimentar os caixas da petista em
disputas eleitorais. O tucano Beto Richa acabou vencendo no primeiro
turno. Restou a Gleisi e a Paulo Bernardo uma denúncia da
Procuradoria-Geral da República contra eles. REPRODUÇÃO
A tropa de choque da embromação
As manobras protelatórias dos senadores que compõem a tropa de choque
da presidente afastada Dilma Rousseff, na comissão do impeachment do
Senado, não são boas para o País e vão na contramão do que os
empresários e a sociedade clamam: estabilidade política e econômica, que
passam pela conclusão urgente do processo de impedimento. A despeito
disso, o que se viu até agora são reuniões intermináveis, que duram mais
de 12 horas. O ritmo modorrento se deve, na maioria das vezes, pelas
interrupções dos senadores Lindbergh Farias (PT-RJ), Vanessa Grazziotin
(PCdoB-AM), Humberto Costa (PT-PE), Fátima Bezerra (PT/RN) e Gleisi
Hoffmann (PT-PR), com o objetivo de obstruir a pauta. As questões de
ordem vão desde a discussão do regimento até pedido de longa pausa para
horário do almoço. Outras artimanhas também tiveram a função de colocar
no ponto morto os trabalhos do colegiado: excesso de requerimentos, um
total de 121; quantidade de depoimento de testemunhas arroladas, 40; e o
pedido de uma perícia, em que uma junta técnica terá que responder a 99
questionamentos. Com o festival de protelações, a petista adiou por, no
mínimo, sete dias a votação final do impeachment. Agora, só depois das
Olimpíadas. (Ary Filgueira)
O ex-senador petista Delcídio do Amaral (Crédito: Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Em depoimento prestado em 11 de abril deste ano, no âmbito de
sua delação premiada, senador cassado Delcídio Amaral (ex-PT-MS)
afirmou que o ex-ministro Paulo Bernardo (Planejamento e Comunicações no
governo Lula), marido da senador Gleisi Hoffmann (PT-PR), privilegiava a
empresa Consist Software Limitada desde o governo no Mato Grosso do
Sul. Paulo Bernardo foi preso nesta quinta-feira, 23, na Operação Custo
Brasil, desdobramento da Operação Lava Jato.
As investigações da Operação Custo Brasil são decorrentes da Operação
Pixuleco, outra fase da Lava Jato, deflagrada em agosto de 2015, que
apurou um suposto esquema de pagamento de propina – entre 2010 e 2015 –
de R$ 100 milhões. Entre os envolvidos no esquema, segundo a Receita, há
agentes políticos, servidores do Ministério do Planejamento,
escritórios de advocacia e empresas de fachada criadas para
operacionalizar o repasse dos recursos.
O acordo de cooperação técnica entre o Ministério do Planejamento
para gestão da margem consignável dos servidores, alvo da Lava Jato, foi
assinado na gestão do ministro Paulo Bernardo. O petista comandou o
ministério de março de 2005 a janeiro de 2011 no governo do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva. No primeiro mandato da presidente Dilma
Rousseff foi ministro das Comunicações.
Sob o comando de Bernardo, o Ministério do Planejamento assinou
acordo com o Sindicato Nacional das Entidades Abertas de Previdência
Complementar (SINAPP) e a Associação Brasileira de Bancos (ABBC). Essas
entidades contrataram a empresa Consist Software Limitada para
desenvolver o sistema de gestão da margem consignável. Em troca, a
empresa recebia um porcentual por empréstimo consignado fechado por
servidores da pasta.
As investigações mostraram que após o contrato, a Consist repassou
entre 2010 e 2013 a quantia de R$ 5 milhões ao escritório de advocacia
Guilherme Gonçalves & Sacha Reck que respondeu pela coordenação
jurídica das últimas três campanhas da mulher do ex-ministro, Gleisi
Hoffmann(PT/PR), e atuou para o próprio Bernardo em outras causas não
eleitorais.
O escritório de advocacia recebeu, ainda, R$ 1,2 milhão de outra
empresa da Consist, a SWR Informática. O advogado Guilherme Gonçalves
ainda recebeu R$ 957 mil da Consist após migrar para outra banca em
Curitiba, base política do casal.
Na delação, o ex-líder do governo no Senado disse que Paulo Bernardo
“sempre foi, desde a época que passou pelo Mato Grosso do Sul e até
mesmo antes, considerado um ‘operador’ de Gleisi Hoffmann”. Segundo ele,
“Paulo Bernardo sempre foi visto como um operador de muita
competência”.
Questionado sobre o que quer dizer com a expressão “operador”,
Delcídio respondeu. “Ele (Bernardo) tinha uma capacidade forte de
alavancar recursos para a campanha (de Gleisi)”.
“Que diz isto porque acredita que em 2010 Paulo Bernardo já captava
recursos para Gleisi Hoffmann; que não há incompatibilidade entre Paulo
Bernardo ser ministro do Planejamento à época (2010) e ser operador de
Gleisi; que, ao contrário, por ser Paulo Bernardo ministro, ele tinha
bastante força para captação de recursos, até porque uma das
responsabilidades dele, como ministro do Planejamento, era gestionar o
orçamento da União e, como tal, tinha muita força”, aponta Delcídio em
seu depoimento.
Um mandado de busca e apreensão também está sendo cumprido na casa da senadora Gleisi Hoffmann, esposa do ex-ministro
A Polícia Federal afirma ter indícios suficientes contra Bernardo e sua esposa, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR)
( Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil )
Estadão Conteúdo
A PF indiciou Bernardo e Gleisi ao concluir o inquérito sobre
as suspeitas de que dinheiro desviado da Petrobras abasteceu em 2010 a
campanha ao Senado da parlamentar
( Foto: Lucio Bernardo Jr./ Câmara dos Deputados )
Em nova operação da Polícia Federal, o ex-ministro Paulo Bernardo (Planejamento e Comunicações no governo Lula), marido da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), foi preso nesta quinta-feira 23, em Brasília. A ação decorre de fatiamento que ocorreu na investigação que estava no Supremo Tribunal Federal.
O ex-ministro, a senadora e o empresário Ernesto Kugler Rodrigues, de Curitiba foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República em maio deste ano. Paulo Bernardo e Gleisi foram denunciados por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
O inquérito policial concluiu que os dois receberam R$ 1 milhão de propina de contratos firmados entre empreiteiras e a Petrobras. O valor teria sido utilizado para custear as despesas da eleição dela ao Senado em 2010.
A Procuradoria sustenta que o então ministro solicitou a quantia em favor da mulher diretamente ao engenheiro Paulo Roberto Costa
na época diretor de Abastecimento da Petrobras e um dos articuladores
do esquema de corrupção na estatal indicado pelo PP. Preso em 2014,
Costa fez delação premiada.
O doleiro Alberto Youssef, que também fez delação, operacionalizou o pagamento.
Segundo o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o doleiro
administrava o caixa de propinas do PP de onde saíram os valores em
questão.
Segundo a PF, empresas
donas da aeronave eram de fachada e movimentaram R$ 600 milhões desde
2010, que podem ter servido para pagamento de propina a políticos e
formação de caixa dois de empreiteiras
Eduardo Campos é velado no Recife(Ricardo Moraes/Reuters)
A
Polícia Federal deu início, na manhã nesta terça-feira, a uma operação
para desmantelar uma quadrilha especializada em lavagem dinheiro que
teria ligações com o avião que transportava o candidato à Presidência
Eduardo Campos, no dia do acidente fatal, em 13 de agosto de 2014. Segundo a PF, o grupo movimentou 600 milhões de reais em seis anos.
Foram expedidos, ao todo, sessenta mandados judiciais, sendo cinco de
prisão preventiva, 33 de busca e apreensão e 22 de condução coercitiva.
Também há mandados de indisponibilidade de contas e sequestro de
embarcações, aeronaves e helicópteros dos principais membros da
organização criminosa. A operação, batizada de Turbulência, foi
deflagrada em Goiás e Pernambuco. Um dos locais alvos da ação é o
Aeroporto de Guararapes, em Recife.
As investigações tiveram início a partir da análise de movimentações
financeiras das contas das empresas proprietárias do avião Cessna 560XL,
que transportava Campos durante a campanha eleitoral. Na ocasião, a
aeronave caiu em um terreno baldio em Santos, no litoral paulista. Todas
as sete pessoas a bordo morreram, inclusive o ex-governador de
Pernambuco.
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A PF constatou que essas empresas eram de fachada, constituídas em
nome de "laranjas", e que realizavam diversas transações entre si e com
outras empresas fantasmas, inclusive com algumas companhias investigadas
na Operação Lava Jato. Os investigadores suspeitam que parte dos
recursos que foram movimentados nas contas examinadas serviam para
pagamento de propina a políticos e formação de "caixa dois" de
empreiteiras.
Os envolvidos responderão, na medida de seu grau de participação no
esquema criminoso, pelos crimes de organização criminosa, lavagem de
dinheiro e falsidade ideológica. (Da redação)
Relatório da Abin revela
que o grupo extremista faz esforços para obter seguidores no Brasil – e
que o país está exposto a um ataque terrorista
Por: Rodrigo Rangel
NO
RADAR - Os terroristas criaram um canal de comunicação na internet que
seria coordenado por um brasileiro e tem sido usado pelo Estado Islâmico
para recrutar novos militantes jihadistas(VEJA.com/VEJA)
A
tragédia de Orlando mostra que o extremismo, aliado à tecnologia,
produz terroristas que podem atacar a qualquer momento, em qualquer
lugar. E o Brasil não está a salvo. Ao menos é essa a avaliação do
serviço secreto brasileiro que consta de um relatório reservado
distribuído às autoridades envolvidas na montagem da segurança da
Olimpíada do Rio de Janeiro e obtido com exclusividade por VEJA. O
terrorismo 3.0, que arregimenta militantes remotamente com as
facilidades de comunicação e as garantias de sigilo oferecidas pela
internet, exorta aqueles mais radicais a realizar atentados por conta
própria. Por isso, é uma das principais fontes de ameaça aos Jogos. Mais
que uma simples hipótese, agora há razões concretas para elevar o
alerta. A principal delas é a constatação de que grupos extremistas, em
especial o Estado Islâmico, têm empreendido esforços não apenas para
recrutar seguidores no país como também para deixar alguns deles em
condições de agir a qualquer momento.
Até recentemente, a única ameaça concreta ao Brasil conhecida era um
texto de 67 caracteres escrito numa rede social por Maxime Hauchard, um
dos chefões do Estado Islâmico. "Brasil, vocês são o nosso próximo
alvo", dizia a mensagem, em francês, publicada dias após os atentados de
novembro de 2015 em Paris. No fim do mês passado, o Estado Islâmico
criou um canal de propaganda em língua portuguesa dentro de um
aplicativo na internet. Inaugurado com a publicação de um discurso do
porta-voz do grupo, funciona como uma agência de notícias e veicula,
todos os dias, fotos, vídeos e textos com informações das frentes de
combate da organização. O material, invariavelmente, faz a apologia da
crueldade e alia as já conhecidas práticas do grupo à retórica religiosa
radical. Os ataques à coalizão que combate os jihadistas do EI no
território conflagrado entre a Síria e o Iraque são comemorados como
feitos épicos: da "perfeita emboscada" contra uma patrulha egípcia ao
"ataque-surpresa" que matou dezessete "apóstatas" das forças oficiais,
tudo é narrado com cores fortes. A propaganda apela à conversão. É um
chamamento a novos soldados.
Desde que foi criado, o canal em português vem sendo monitorado de
perto pelas autoridades brasileiras, que contam com o auxílio de
serviços secretos estrangeiros - alguns deles, como a americana CIA, têm
agentes trabalhando no Brasil há meses com a missão de detectar ameaças
à Olimpíada e às delegações de seus países.
O maior desafio é identificar os responsáveis pela estratégia de
recrutamento de brasileiros. Em parceria com a revista portuguesa Sábado,
VEJA descobriu que um dos alvos prioritários da vigilância, neste
momento, é um militante do Estado Islâmico que se identifica nas redes
de propaganda do grupo como Ismail Abdul Jabbar Al-Brazili - ou,
simplesmente,
"O Brasileiro". É ele um dos responsáveis, por exemplo, por abastecer
com textos em português o canal de propaganda recém-criado. Há
indicações de que Al-Brazili não tem o Brasil apenas no nome de guerra -
de acordo com informações oficiais, ele seria, de fato, um combatente
brasileiro do EI.
Al-Brazili é um personagem bastante ativo na web. Nos últimos meses,
abriu diferentes perfis em redes sociais. Frequentemente, assim que
descobertos, os perfis são fechados a pedido das autoridades. Ele,
então, abre novos. Semanas atrás, coube a Al-Brazili convocar, por meio
de outros canais de comunicação do EI na internet, interessados em
ajudar na tradução de textos do grupo para o canal em português. O
militante, que mantém ainda dois blogs, diz ter sido recrutado para o
Estado Islâmico por Abu Khalid Al-Amriki, um americano que teria caído
em combate na Síria. Ele promete vingar a morte do amigo. Além de fazer
propaganda do grupo extremista, Al-Brazili se apresenta como alguém
capaz de facilitar o acesso de simpatizantes às fileiras do grupo - nos
posts, ele costuma informar como os interessados podem contatá-lo por
meios seguros de comunicação.
As autoridades têm motivos para acreditar que o proselitismo vem
funcionando - e há casos suficientes para concluir que não se trata de
platitudes apenas. Há dois meses agentes da Divisão Antiterrorismo (DAT)
da Polícia Federal baseados em Brasília investigam o desaparecimento da
estudante paraense Karina Ailyn Raiol, de 20 anos. Recém-convertida ao
islamismo, Karina saiu de casa dizendo que iria para a faculdade e nunca
mais voltou. Só depois os pais descobriram que ela havia tirado
passaporte às escondidas e tomado um voo internacional rumo à Turquia. O
dinheiro para as passagens veio do exterior, de fonte desconhecida. A
suspeita é que a estudante tenha sido recrutada pelo Estado Islâmico.
Mensagens trocadas por Karina dias antes da viagem e obtidas por VEJA
mostram que ela tinha simpatia pela causa. Numa delas, a estudante diz
que "se juntar aos grupos terroristas é a única forma de lutar" contra o
que chama de injustiças na "terra do Islã".
Hoje, ao menos trinta suspeitos de ligação com o terrorismo são
vigiados de perto pelos agentes oficiais no Brasil. Em outro caso,
também a cargo da divisão antiterror da PF, foi preciso recorrer a uma
medida de emergência: após a descoberta de que um universitário de 23
anos de Chapecó (SC) havia ficado três meses numa cidade síria dominada
pelo EI, e que na volta ele passava as madrugadas em treinos de tiro ao
alvo, os policiais pediram à Justiça que autorizasse o monitoramento do
suspeito em tempo real, 24 horas por dia, por meio de uma tornozeleira
eletrônica.
Dono de um serviço de entrega de comida árabe e estudante de
economia, Ibrahim Chaiboun Darwiche usa a tornozeleira desde o dia 27 de
maio. Ele está proibido de se aproximar de escolas, aeroportos ou
outros lugares com grande concentração de pessoas. A medida vale até os
Jogos, mas pode ser estendida, a depender do desenrolar das
investigações. Na semana passada, soube-se que o sírio Jihad Ahmad
Deyab, que cumpriu pena na prisão americana de Guantánamo por seus
vínculos com a organização terrorista Al Qaeda e estava asilado no
Uruguai, agora está vivendo no Brasil.
Essa profusão de notícias fez acender a luz amarela. Diz o relatório
da Abin: "A disseminação de ideário radical salafista entre brasileiros,
aliada às limitações operacionais e legais em monitorar suspeitos e à
dificuldade de neutralizar atos preparatórios de terrorismo, aponta para
o aumento, sem precedentes no Brasil, da probabilidade de ocorrência de
atentados ao longo de 2016, especialmente por ocasião dos Jogos Rio
2016". A partir de uma fórmula matemática que leva em conta diferentes
variáveis para calcular os riscos, a Abin conclui que a ameaça de
atentados no país durante os Jogos Olímpicos alcança o patamar 4 numa
escala que vai de 1 a 5 - 5 representa a certeza de que haveria um ato
terrorista em preparação. No mesmo relatório, as autoridades confessam
suas "limitações operacionais" para prevenir o pior. Leia os principais trechos do relatório da Abin: Aumento 'sem precedentes' da probabilidade de atentatos no país
O relatório da Abin afirma que o Brasil nunca esteve tão exposto ao
risco de um atentado terrorista. Segundo a agência, simpatizantes do
Estado Islâmico no Brasil têm recorrido a estratégias de comunicação
para driblar as autoridades, o que indica que pode haver um ato
extremista em preparação. No documento, a Abin admite as "limitações
operacionais" dos órgãos de segurança para fazer frente à ameaça
terrorista no país
Trecho
de relatório reservado distribuído às autoridades envolvidas na
montagem da segurança da Olimpíada do Rio de Janeiro e obtido com
exclusividade por VEJA(VEJA/VEJA)
Perigo dos "lobos solitários":
De acordo com a Abin, a possibilidade de atentados sofisticados como o
de 11 de Setembro de 2001 nos Estados Unicos já não preocupa mais. O
temor maior vem da ameaça de militantes recrutados à distância, que agem
por conta própria e não dependem de muitos recursos para causar grandes
estragos - como o massacre da semana passada em Orlando
Trecho
de relatório reservado distribuído às autoridades envolvidas na
montagem da segurança da Olimpíada do Rio de Janeiro e obtido com
exclusividade por VEJA(VEJA/VEJA)
Em acordo de delação, Léo Pinheiro
disse que, em contrapartida às obras no sítio em Atibaia e no tríplex do
Guarujá, Lula ajudou a empreiteira fora do País. Troca de favores
começou quando o petista era presidente
Débora Bergamasco, SÉRGIO PARDELLAS
O
IMPLICANTE E O IMPLICADO Léo Pinheiro, da OAS (acima), já antecipou que
confirmará que tanto o sítio quanto o tríplex pertenceriam a Lula
(Crédito:Rafael Arbex/ESTADÃO)
A disposição do juiz Sérgio Moro desde a semana passada, o arsenal de
provas preparado por agentes federais e investigadores contra o
ex-presidente Lula será robustecido em breve pelo que os procuradores da
Lava Jato classificam de a “bala de prata” capaz de aniquilar o
petista. O tiro de misericórdia – a julgar pelo cardápio de revelações
ofertado durante as tratativas para um acordo de delação premiada – será
desferido pelo empresário Léo Pinheiro, um dos sócios do grupo OAS.
Conforme apurou ISTOÉ junto a integrantes da força-tarefa da operação
Lava Jato em Curitiba, ao se dispor a desfiar com profusão de detalhes a
maneira como se desenvolveram as negociações para as obras e reformas
no sítio em Atibaia e no tríplex do Guarujá, tocadas pela OAS, Pinheiro
já forneceu antecipadamente algumas das peças restantes do
quebra-cabeças montado desde o surgimento das primeiras digitais de Lula
no esquema do Petrolão.
Diz respeito às contrapartidas aos favores prestados pela empreiteira
ao ex-presidente. De acordo com o relato preliminar de Pinheiro, em
troca das obras no sítio e no tríplex do Guarujá, o petista se ofereceu
para praticar tráfico de influência em favor da OAS no exterior. A OAS
acalentava o desejo de incrementar negócios com o Peru, Chile, Costa
Rica, Bolívia, Uruguai e nações africanas. Desenvolto no trânsito com
esses países, Lula se prontificou a ajudá-los. Negócio fechado, coube
então ao petista escancarar-lhes as portas. Ou, para ser mais preciso,
os canteiros de obras. Se até meados de 2008 a OAS engatinhava no
mercado internacional, hoje a empresa possui 14 escritórios e toca 20
obras fora do País – boa parte delas conquistada graças às articulações
do ex-presidente petista.
Tráfico de influência quando praticado por um agente público é crime.
Torna-se ainda mais grave quando em troca do auxílio são ofertados
favores privados provenientes de uma empresa implicada num dos maiores
escândalos de corrupção da história recente do País, o Petrolão. As
revelações de Pinheiro, segundo procuradores da Lava Jato, ferem Lula de
morte. O empreiteiro planeja deixar claro ainda que Lula é o real
proprietário tanto do sítio em Atibaia quanto do tríplex no Guarujá.
Assim, o ex-presidente estará a um passo de ser formalmente acusado
pelos crimes de ocultação de patrimônio, lavagem de dinheiro e tráfico
de influência. Um futuro julgamento, provavelmente conduzido pelo juiz
Sergio Moro, poderá resultar em condenação superior a dez anos de
reclusão. CLIQUE PARA AUMENTAR
Ainda durante as negociações para o acordo de delação premiada,
Pinheiro prometeu detalhar o mal contado episódio do aluguel patrocinado
pela OAS de 10 contêineres destinados a armazenar o acervo museológico
do ex-presidente da República. O que se sabia até agora era que a
empreiteira havia gasto R$ 1,3 milhão para guardar os objetos retirados
do Palácio do Planalto, do Palácio da Alvorada e da Granja do Torto
durante a mudança do ex-presidente. Parte dos itens ficou acondicionada
em ambiente climatizado, em um depósito da transportadora Granero em
Barueri, na região metropolitana de São Paulo. O restante foi armazenado
a seco, em outro balcão no Jaguaré, na capital paulista. De lá, os
itens foram transportados para o sítio em Atibaia. Elaborado de forma
dissimulada para escamotear o seu real beneficiário, o contrato
celebrado pela OAS com a transportadora Granero ao custo R$ 21.536,84
por mês por cinco anos tratava da “armazenagem de materiais de
escritório e mobiliário corporativo de propriedade da Construtora OAS
Ltda”. Segundo apurou ISTOÉ, além de, obviamente, confirmar mais um
préstimo a Lula, Pinheiro já disse que as negociações ocorreram quando o
petista ainda ocupava a Presidência da República, em dezembro de 2010.
A se consumar o que foi esquadrinhado no acordo para a delação de
Pinheiro, pela primeira vez será possível estabelecer que Lula cultivou
uma relação assentada na troca de favores financeiros com a OAS quando
ainda era o mandatário do País. O depoimento desmontará o principal
argumento utilizado por advogados ligados ao PT sempre quando
confrontados com informações sobre a venda de influência política por
Lula no exterior para empresas privadas nacionais: o de que não
constitui ilícito o fato de um ex-servidor público viabilizar negócios
de empresas privadas nacionais com governos estrangeiros. No “toma lá,
dá cá” entre o petista e a OAS, o “dá cá” ocorreu quando Lula
encontrava-se no exercício de suas funções como presidente da República.
O que o ex-presidente da OAS já antecipou aos procuradores é apenas
um aperitivo. O prato principal descerá ainda mais amargo para Lula e
virá a partir dos depoimentos propriamente ditos. Obviamente, não basta
apenas o delator falar. É necessário fornecer provas sobre os
depoimentos, sem as quais o aspirante à delação premiada não se
credencia para a diminuição da pena. Quanto a isso, tudo está tranqüilo e
favorável para o empreiteiro. E desfavorável para Lula. Pinheiro está
fornido de documentos, asseguram os investigadores. Promete entregar
todos eles. Dessa forma, mais uma tese de defesa do petista será
demolida. Ficará comprovado que tanto o sítio em Atibaia como o tríplex
no Guarujá pertenceriam mesmo a Lula. No papel, o sítio é de propriedade
dos empresários Jonas Suassuna e Fernando Bittar, irmão de Kalil
Bittar, sócio de Lulinha. Na prática, era Lula e sua família quem
usufruíam e ditavam as ordens no imóvel. O enredo envolvendo o
apartamento no Guarujá é mais intrincado, mas não menos comprometedor
para família Lula da Silva. Além de abundantes indicativos relacionando
Lula ao tríplex, reunidos num processo pelo MP-SP, há uma imagem já
tornada pública que registra um encontro do próprio Léo Pinheiro com
Lula. A foto, tirada do hall de acesso aos apartamentos, registra uma
vistoria padrão de entrega de chaves, segundo depoimento prestado por
Wellington Carneiro da Silva, à época o assistente de engenharia da OAS,
responsável por fiscalizar as obras do Edifício Solaris. No depoimento,
ele disse que o imóvel estava em nome da OAS, mas sabia que a família a
morar no apartamento seria a de Lula. Pinheiro confirmará à
força-tarefa da Lava Jato que o imóvel foi um regalo ao petista e que a
pedido do ex-presidente assumiu obras da Bancoop, pois a cooperativa
estava prestes a dar calote nos compradores dos apartamentos. CLIQUE PARA AUMENTAR (Crédito:Reprodução)
Nos últimos dias, Lula voltou a entoar como ladainha em procissão a
fábula da superioridade moral. Reiterou que “não há ninguém mais
honesto” do que ele. Como se vê no desenrolar das negociações para a
delação, Pinheiro, simpatizante do PT e com quem Lula viveu uma relação
de amizade simbiótica desde os tempos do sindicalismo, o fará descer do
pedestal ético erguido por ele próprio com a contribuição dos seus fiéis
seguidores. O acordo ainda não está sacramentado, mas flui como mel.
Para os investigadores não pairam dúvidas: Pinheiro provará que Lula se
beneficiou pessoalmente dos esquemas que fraudaram a Petrobras. Os
relatos e documentos apresentados pelo executivo, hoje um dos sócios da
OAS, poderão reforçar uma das denúncias contra Lula que a Lava Jato
pretende apresentar por crimes relacionados ao Petrolão. Seriam pelo
menos três. Já haveria elementos comprobatórios, segundo investigadores,
para implicar Lula por corrupção passiva e lavagem de dinheiro por
favores recebidos não só da OAS como da Odebrecht. Resta saber o momento
em que as denúncias seriam apresentadas, uma vez que podem resultar
numa condenação superior a dez anos de cadeia. Há uma vertente da Lava
Jato que prefere aguardar o desfecho da tramitação do impeachment da
presidente Dilma Rousseff no Senado. Seria uma maneira de evitar uma
possível convulsão social no País, antes do desenlace do julgamento tido
como crucial para os rumos políticos nacionais. Outro grupo, por ora
majoritário, não admite que o critério político prevaleça sobre o
técnico. Por isso, Lula anda insone, segundo interlocutores próximos.
Mensagens apreendidas no celular de Léo Pinheiro já evidenciavam a
influência de Lula em favor da OAS fora do País, conforme revelou o
empreiteiro nas tratativas para a delação. Constam do relatório de cerca
de 600 páginas encaminhados pela Polícia Federal à Procuradoria-Geral
da República no início deste ano. Nas mensagens, Pinheiro conversava com
seus funcionários para decidir viagens do ex-presidente ao exterior e
já mencionava a contribuição dele em obras fora do Brasil. No capítulo
“Brahma”, codinome cunhado pelo empresário para se referir a Lula, a PF
listou pelo menos nove temas de interesse de Pinheiro que teriam sido
abordados com o petista. Entre eles estão programas no Peru, na Bolívia,
no Chile, no Uruguai e na Costa Rica. São citados numa mensagem
encontrada pela PF o “Programa Peru x Apoio Empresarial Peruano e
Empresas Brasileiras”, o “Apoio Mundo-África” e a “Proposta
Mundo-Bolívia”. Num torpedo de Jorge Fortes, diretor da OAS, para Leo
Pinheiro, dias depois de a presidente da Costa Rica, Laura Chinchilla,
ter anunciado o cancelamento da concessão outorgada à empreiteira para a
construção de uma estrada avaliada em US$ 523,7 milhões, ele diz o
seguinte: “Presidente Lula está preocupado porque soube que o Ministério
Público vai entrar com uma representação por causa da Costa Rica”. Num
SMS para Pinheiro, em novembro de 2013, César Uzeda, executivo da OAS,
diz que colocou um avião à disposição para Lula embarcar rumo ao Chile
ao meio dia. “Seria bom você checar com Paulo Okamotto (presidente do
Instituto Lula) se é conveniente irmos no mesmo avião”. No mesmo
conjunto de mensagens, o ex-presidente da OAS diz para um funcionário da
empreiteira: “Lula está procurando saber sobre obras da OAS no Chile”.
Na delação, o empresário promete confirmar que as trocas de mensagens se
referiam mesmo à atuação de Lula em favor da OAS no exterior.
À Lava Jato interessa perscrutar os segredos mais recônditos de Lula.
E Léo Pinheiro possuía intimidade suficiente para isso. O empreiteiro
foi apresentado a Lula no início da década de 1980. Quando o petista
ingressou na política, o empreiteiro logo marcou presença como um dos
principais doadores de campanha. A ascensão de Lula ao Palácio do
Planalto foi acompanhada da projeção da OAS no mercado interno. Dono de
acesso irrestrito aos gabinetes do poder, Pinheiro se referia a Lula
como “chefe”. A relação se deteriorou quando o empresário foi privado de
sua liberdade. O sócio da OAS apostava no prestígio de Lula para
livrá-lo do radar da Lava Jato. Ameaçado de morte num diálogo cifrado
com um carcereiro no Complexo Médico-Penal de Curitiba, o empresário
tomou a decisão de fazer do testemunho sua principal arma de defesa e
trilha para salvação. Sobrará para Lula. Rodolfo Buhrer/La Imagem/Fotoarena
Ex-ministros do PT também estão nas mãos de Moro
O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), também
encaminhou semana passada para o juiz Sérgio Moro, de Curitiba,
apurações envolvendo os ex-ministros Jaques Wagner (Chefia de Gabinete
da Presidência), Ideli Salvatti (Direitos Humanos) e Edinho Silva
(Comunicação Social) e o ex-presidente da Petrobras, José Sérgio
Gabrielli. Uma das investigações envolvendo Wagner surgiu de depoimento
do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, que em delação premiada
apontou recebimento de propina na Petrobras junto com Gabrielli. O
material sobre Ideli Salvatti também é baseado na delação de Cerveró,
que apontou que ela usou cargo no governo para renegociar uma dívida de
R$ 90 milhões de uma transportadora de Santa Catarina com a BR
Distribuidora, uma subsidiária da Petrobras. Na delação, ele diz que
“imagina que a ministra Ideli e outros políticos” receberam propina no
negócio. O caso de Edinho Silva é fundamentado na delação do
ex-presidente da construtora UTC Ricardo Pessoa. Aos investigadores, ele
narrou encontro em que o ex-ministro teria pressionado por doações para
a campanha da presidente afastada Dilma Rousseff nas eleições de 2014.
Entre as 49 vítimas, aparecem 42 homens e sete mulheres. Atirador Omar Mateen, de 29 anos, feriu ainda outras 53 pessoas.
Do G1, em São Paulo
A
partir da esquerda e de cima para baixo, Amanda Alvear, Angel L.
Candelario-Padro, Anthony Luis Laureano Disla, Antonio Davon Brown,
Christopher Leinonen, Christopher Joseph Sanfeliz, Darryl Roman Burt II,
Edward Sotomayor Jr., Enrique L. Rios Jr., Eric Ivan Ortiz-Rivera,
Frank Hernandez, Franky Jimmy De Jesus Velazquez, Gilberto Ramon Silva
Menendez, Jason Benjamin Josaphat, Javier Jorge-Reyes, Jean Carlos
Mendez Perez, Joel Rayon Paniagua, Jonathan Antonio Camuy Vega, Juan P.
Rivera Velazquez, Juan Ramon Guerrero, Kimberly Morris, Leroy Valentin
Fernandez, Luis D. Conde, Luis Daniel Wilson-Leon, Luis Omar
Ocasio-Capo, Luis S. Vielma, Martin Benitez Torres, Mercedez Marisol
Flores, Miguel Angel Honorato, Oscar A Aracena-Montero, Paul Terrell
Henry, Peter O. Gonzalez-Cruz, Rodolfo Ayala-Ayala, Shane Evan
Tomlinson, Simon Adrian Carrillo Fernandez, Stanley Almodovar III, Tevin
Eugene Crosby, Xavier Emmanuel Serrano Rosado, Yilmary Rodriguez
Solivan, Eddie Jamoldroy Justice, Brenda Lee Marquez McCool, Geraldo
Ortiz-Jimenez, Juan Chavez Martinez, Jerald Arthur Wright, Jean Carlos
Nieves Rodriguez, Akyra Murray, Deonka Deidra Drayton, Cory James
Connell e Alejandro Barrios Martinez (Foto: AP)
A agência "Associated Press" divulgou na quinta-feira (16) uma montagem
que mostra todas as 49 vítimas do ataque contra a boate gay Pulse de
Orlando, no estado da Flórida (EUA), no último domingo (12). Outras 53
pessoas ficaram feridas.
Segundo a imprensa americana, 42 das vítimas do ataque são homens, além
de sete mulheres. As mulheres mortas são Mercedez Marisol Flores,
Amanda Alvear, Deonka Deidra Drayton, Brenda Lee Marquez McCool,
Kimberly Morris, Akyra Murray e Yilmary Rodriguez Solivan.
O atirador Omar Mateen, de 29 anos, invadiu a casa noturna durante um
evento de música latina no clube, onde estavam mais de 300 pessoas.
Muitas das 49 pessoas mortas eram latinas, mais da metade era de origem
portorriquenha.
Mateen acabou morto por policiais que invadiram a boate Pulse na
madrugada de domingo, pondo fim a um cerco de três horas iniciado quando
o atirador entrou no local e abriu fogo com uma pistola e um rifle
semi-automático AR-15.
Segundo as autoridades americanas, o ataque contra a boate Pulse foi o pior ataque a tiros da história moderna dos Estados Unidos e o mais violento ocorrido no país desde os atentados de 11 de setembro de 2001. Frequentador
Após o ataque, surgiram relatos de testemunhas de que Omar Mateen, americano de origem afegã, era um frequentador regular do estabelecimento. A afirmação foi feita por clientes aos jornais "Orlando Sentinel" e "Los Angeles Times".
O americano Ty Smith afirmou, em entrevista ao jornal, que viu Omar Mateen, de 29 anos, na boate Pulse diversas vezes.
Omar Mateen matou 49 pessoas em boate gay da Flórida. Depois, acabou morto pela polícia (Foto: AP)
"Às vezes, ele sentava em um canto para beber sozinho. Outras vezes
ficava tão bêbado que era barulhento e ofensivo", disse Smith.
Ele contou ainda que Mateen era fechado. "Não falávamos muito com ele,
mas lembro de ter ouvido, às vezes, dizer coisas sobre seu pai. Ele
disse que tinha esposa e um filho", completou.
Kevin West, outro frequentador regular da Pulse, disse ao jornal "Los
Angeles Times" que trocou mensagens com Mateen em um aplicativo voltado
para o público gay por pelo menos um ano.
Outros clientes da casa noturna afirmaram à imprensa que Mateen havia
utilizado aplicativos como o Grindr, que é voltado para gays, bissexuais
e curiosos. No Grindr, o usuário pode combinar encontros ou fazer
amigos. Mulher de atirador
A polícia americana passou a investigar se a mulher
do atirador tem alguma ligação. Noor Salman teria dito à polícia que
tentou impedir que o marido realizasse o ataque. Mas ela pode ser
indiciada como cúmplice e ainda por não ter alertado sobre a iminência
do ataque.
Segundo uma fonte da rede de TV Fox, Mateen pode ter ligado para a mulher de dentro da boate durante o tiroteio.
Na última terça-feira, a mídia americana divulgou ainda que Noor Salman
estava com Omar Mateen quando o marido comprou munição e que o levara
de carro para a Pulse em outra ocasião, porque ele queria investigar o
local.
Noor
Salman, mulher de Omar Mateen, teria dito à polícia que tentou impedir
que o marido realizasse o ataque (Foto: Reprodução Facebook)
O presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) durante sessão que decide pelo afastamento de Dilma Rousseff - 11/05/2016(Ueslei Marcelino/VEJA)
O executivo Sergio Machado, ex-presidente da Transpetro, maior
processadora brasileira de gás natural, disse em acordo de delação
premiada que o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) recebeu
32,2 milhões de reais em propinas e subornos recolhidos a partir de
contratos com a subsidiária da Petrobras. O presidente em exercício do
PMDB e senador Romero Jucá, apeado às pressas do primeiro escalão do
governo Michel Temer diante das revelações de Machado, embolsou 21
milhões de reais, enquanto o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP)
amealhou 18,5 milhões de reais em dinheiro sujo desviado de contratos da
Transpetro.
Conforme relato do procurador-geral da República, nos dias 23 e 24 de
fevereiro e nos dias 10 e 11 de março, Sergio Machado, que guardou por
anos detalhes da contabilidade que irrigava os cofres peemedebistas,
manteve conversas confidenciais com caciques políticos em Brasília.
Queria alertar Renan, Sarney e Jucá que não pretendia ser submetido ao
rigor do juiz Sergio Moro, que conduz com mão de ferro a Operação Lava
Jato em Curitiba. Desde que foi alvo de busca e apreensão no dia 15 de
dezembro, durante a Operação Catilinárias, braço da Lava Jato voltada a
autoridades com foro privilegiado, Sergio Machado começou a discutir com
o filho Expedito, conhecido como Did e também agora delator da Lava
Jato, como gravar conversas com políticos.
Além de se livrar das mãos de Moro, Sergio Machado temia que novas
delações premiadas e acordos de leniência de empreiteiras revelassem
como empresas investigadas na Lava Jato pagavam propina de forma
contínua, inclusive por meio de doações oficiais para campanhas
políticas. O executivo contou às autoridades que a Queiroz Galvão, que
não fechou acordo, e a Camargo Corrêa, cuja leniência ainda estaria em
aberto, seriam as principais prejudicadas. E mais: ele considerava que o
recente entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) de que execuções
de pena poderiam ser viabilizadas já na segunda instância, sem
necessidade de trânsito em julgado, aumentava a probabilidade de
delações.
"Para além do teor das conversas, José Sérgio de Oliveira Machado foi
muito claro, em seus depoimentos, sobre a obtenção desses subornos,
pormenorizando anos e valores respectivos tanto na forma de doações
oficiais quanto em dinheiro em espécie", resumiu o procurador-geral
Rodrigo Janot ao defender no STF que Renan Calheiros, José Sarney e
Romero Jucá fossem presos.
Tiroteio deixou 50 mortos na madrugada
de domingo e foi o pior em solo americano, onde foram testemunhados
centenas de ataques parecidos em 2015, em locais como universidades,
escolas e cinemas.
Da BBC
No momento em que Omar Mateen parou de atirar dentro da boate Pulse em Orlando, na Flórida, na madrugada de domingo (12), uma em cada três pessoas que estavam ali havia sido alvejada.
Horas depois, os números chegavam a níveis históricos: o ataque deixou,
até agora 50 mortos (incluindo o atirador) e 53 feridos, no que é
considerado o tiroteio mais letal na história recente dos Estados Unidos.
Omar Mateen é suspeito do atirar dentro de boate gay em Orlando (Foto: MySpace/AP)
As autoridades explicaram que Mateen ligou para o telefone da polícia
para declarar sua lealdade ao grupo extremista autodenominado Estado
Islâmico e que, neste momento, o jovem de 29 anos mostrou estar
"tranquilo e calmo".
Mas o que diferencia o ataque em relação aos outros 372 do tipo que
ocorreram em solo americano em 2015 e àqueles de anos anteriores com as
mesmas características?
"A principal diferença é que ocorreu em um local fechado e barulhento, o
que impediu que muitas pessoas se dessem conta do que estava
acontecendo. E, quando perceberam, não havia por onde escapar", diz à
BBC Mundo o especialista em segurança antiterrorista Anthony C. Roman.
Mas esta não é a única razão. A duração do ataque de mais de três horas
e a arma usada por Mateen, um fuzil AR-15, também contribuíram para o
alto número de vítimas, segundo Roman e outros analistas consultados
para esta reportagem.
"Ainda que a polícia tenha reagido imediatamente, o atirador só foi
neutralizado três horas depois de ter disparado pela primeira vez, o que
permitiu que recarregasse sua arma e tivesse tempo de ir atrás de mais
vítimas, que foram mortas em etapas", explica Roman.
A seguir, analisamos melhor os três aspectos que ajudaram a fazer deste o pior tiroteio já registrado no país. 1. Um lugar fechado e barulhento
Em 13 de novembro de 2015, três atiradores entraram da casa noturna
Bataclan, no sul de Paris, na França, e abriram fogo contra a plateia de
um show, deixando 83 mortos, a maioria deles espectadores que não
conseguiram escapar do local.
Ao comparar este caso com o que se sabe até agora de Orlando, a
investida de Mateen parece bem similar: ele entrou pela porta principal e
começou a disparar contra quem estava dentro do estabelecimento, em uma
festa.
Muitas das testemunhas que sobreviveram ao ataque afirmaram ter confundido por algum tempo os disparos com a batida da música.
"Pensei que era uma canção dos Ying Yang Twins", disse Christopher
Hansen, um dos presentes no clube, à rádio NPR, fazendo uma referência a
uma dupla de hip-hop americana.
Essa confusão permitiu que Mateen disparasse por quase um minuto sem que a música parasse.
"Quase comecei a dançar junto com o ritmo", disse Hansen. Mas, quando a
música se silenciou e os disparos continuaram, a diversão se
transformou em terror.
"A maioria dos tiroteios nos Estados Unidos ocorrem em espaços abertos,
e aqueles em lugares fechados sempre são colégios e universidades, onde
há rotas de fuga mais acessíveis", diz à BBC Mundo Natasha Esrow,
especialista em terrorismo e professora da Universidade de Essex, no
Reino Unido.
No caso da Pulse, as únicas formas de sair eram pela porta de acesso ao
pátio e uma porta traseira. A saída principal estava bloqueada pelo
atirador.
"As pessoas ficaram dentro do clube sem proteção e se tornaram alvos fáceis", destaca Ezrow. 2. A potência da arma
Tanto Ezrow quanto Roman dizem que o principal fator por trás da
quantidade de mortos em Orlando é o poder de ataque do fuzil AR-15 usado
por Mateen.
"É uma versão do M-16 usado pelas Forças Armadas dos Estados Unidos. É
uma arma semiautomática, que permite deixar apertado o gatilho para
aumentar a potência do ataque sem precisar recarregar", explica Ezrow.
O AR-15 é considerado pela Associação Nacional do Rifle dos EUA como o fuzil 'favorito' no país (Foto: Joe Raedle)
De acordo com a polícia e o FBI, fuzis de assalto como o AR-15 foram
usados nos massacres nos cinemas de Aurora, no Colorado (20 de julho de
2012), na escola Sandy Hook em Newton, Connecticut (14 de dezembro de
2012) e, mais recentemente, em San Bernardino, na Califórnia, onde
morreram 12 pessoas em 2 de dezembro passado.
A potência da arma permitiu a Mateen não só ser mais eficaz em seu
ataque como também gerar caos e pânico, o que ele usou como proteção.
"É uma arma que funciona com grande velocidade, e o atacante aproveitou
isso para criar confusão, de forma que nenhuma das pessoas dentro da
boate se atreveu a neutralizá-lo", explica Roman.
A polícia disse que um dos seguranças do local reagiu, mas Mateen repeliu seu ataque.
Além disso, de acordo com a Associação Nacional do Rifle (NRA, na sigla em inglês), o AR-15 é o "fuzil mais popular" do país.
"Com todos esses antecedentes, o acesso a uma arma deste calibre
deveria ter restrições, mas sua venda é permitida no Estado da Flórida.
Mateen a comprou legalmente com sua licença de porte de arma", explica
Ezrow. 3. Três longas horas de operação policial
Segundo a polícia de Orlando, o ataque começou em plena madrugada, por
volta das 2h de domingo. Nesta hora, Marteen disparou contra o segurança
da entrada e começou sua violenta incursão dentro da Pulse.
Agentes do FBI investigam o local do ataque para compreender como tudo aconteceu (Foto: Joe Raedle)
Tudo acabou só às 5h, três horas depois, com a morte do atirador,
abatido pela polícia. "Não há dúvidas que esse tempo foi suficiente para
causar o maior dano possível, mas não foi por causa de uma falta de
reação da polícia. Foi necessário para lidar com uma situação difícil",
explica Roman.
Dois minutos depois de o ataque começar, Mateen foi interceptado por um
policial, que, após uma troca de tiros, se viu obrigado a sair da
boate.
O chefe da polícia local, John Mina, relatou que logo quando suas
equipes chegaram e entraram no estabelecimento, Mateen se fechou em dois
banheiros e fez as pessoas que estavam ali de reféns.
A polícia aproveitou para retirar os feridos e os sobreviventes do salão principal.
"Foi um momento difícil: Mateen ameaçou não só detonar uma bomba que
dizia levar consigo, mas também disse que o lugar estava cheio de
explosivos. Passaram-se alguns minutos até ser determinado não haver
risco de explosão dentro do bar", diz Roman.
A polícia tentou negociar com o atirador. Às 5h, decidiu usar uma
equipe da unidade especial Swat para invadir a boate e acabar com o
ataque.
"Quando foram feitos reféns, a situação se complicou muito. Não creio
que pudesse ter acabado antes. A polícia tem como princípio tentar
salvar a maior quantidade de pessoas. E assim o fez", esclarece Roman.
Ao final, muitos dos clientes da boate escaparam por buracos que as
forças policiais abriram com um veículo blindado em uma das paredes do
local. Foi por ali que também saiu o atirador, que foi morto pela
polícia.
Primeiro na linha sucessória de Renan,
Jorge Viana tramou para implodir a Lava Jato. Caso ascenda ao comando do
Senado, o petista fará de tudo para salvar Dilma
Mel Bleil Gallo
Caso Renan Calheiros (PMDB-AL) venha a ser afastado da Presidência do
Senado, o responsável pela condução do processo de impeachment na Casa
será o senador Jorge Viana, do Acre. Trata-se de um dos petistas mais
empenhados na defesa da presidente afastada, Dilma Rousseff, e um dos
maiores entusiastas em barrar a Lava Jato. Em março deste ano, após a
condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para
prestar depoimento à Polícia Federal, o senador acriano telefonou para o
advogado Roberto Teixeira e sugeriu uma ação criminosa como estratégia
para desmoralizar o juiz Sérgio Moro e tumultuar as investigações. O que
o senador não sabia é que a conversa estava sendo gravada, com
autorização judicial. A gravação foi entregue à Procuradoria-Geral da
República, que até agora não se pronunciou.
Na conversa de aproximadamente três minutos, Jorge Viana diz que é
preciso tirar a Lava Jato do campo jurídico e transformar a investigação
conduzida por Moro em um confronto político. Assim, segundo o senador, o
PT teria como “virar o País de cabeça de baixo”. “O presidente Lula
precisa transformar esse confronto numa ação política”, disse Viana ao
advogado Roberto Teixeira. Para tanto, o senador propõe que Lula
convoque uma entrevista coletiva e desafie o juiz. “Na entrevista o Lula
precisa se rebelar, dizer que não aceita mais o Moro, que agora se ele
mandar um ofício ele não vai”, afirmou o senador. Durante o diálogo, o
advogado Teixeira pouco falou. Praticamente de forma monossilábica, se
resumia a dizer: “perfeito”. O senador, no entanto, mostrava-se quase um
incendiário. Depois de sugerir que Lula desafiasse Moro, recomendou que
o ex-presidente passasse a ofender o juiz, provocando sua prisão por
desacato à autoridade. “(o Lula) precisa dizer que ele (Moro) está
agindo fora da lei, chamar de bandido. E diga: venha me prender, agora
eu que estou desafiando, venha me prender”, propunha o senador. “Se
prenderem ele, aí vão prender e tornar um preso político, aí nós fazemos
esse país virar de cabeça pra baixo”, disse ainda Viana.
Jorge já foi governador do Acre e prefeito da capital Rio Branco.
Ironicamente, seu irmão Tião Viana (PT-AC) que também já foi senador,
ocupou a presidência do Senado com o afastamento do próprio Renan em
2007. Hoje, Tião é governador do Acre. A família não ostenta uma ficha
limpa. Em 2010, o Ministério Público Eleitoral do Estado pediu a
cassação dos irmãos por suspeitas de irregularidades em suas campanhas.
Na época, após uma denúncia anônima, a Polícia Federal apreendeu
computadores com listas de nomes, números de títulos eleitorais e
respectivos locais de votação. Cinco anos depois, em abril de 2015, o
Tribunal Superior Eleitoral decidiu arquivar os inquéritos por falta de
provas. No mesmo ano, em março de 2015, entretanto, Tião Viana voltou a
ser alvo de investigações. Ele é citado na delação premiada do
ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa por ter recebido R$ 300 mil
da empresa Iesa Óleo e Gás, investigada na Lava Jato. Segundo o
governador, “a doação foi devidamente registrada no TRE do Acre”. Em
fevereiro deste ano, a PGR contrariou a Polícia Federal e pediu o
arquivamento do inquérito. A decisão cabe ao Superior Tribunal de
Justiça (STJ), que ainda não se pronunciou.
A possibilidade de um petista como Viana substituir Renan no comando
do Senado, justamente nos meses que antecedem ao julgamento final do
pedido de impeachment de Dilma Rousseff, é preocupante. Embora haja
pouco espaço para manobras regimentais durante os trabalhos da comissão
especial, dominada por senadores favoráveis ao impedimento, a postura do
presidente da Casa já foi determinante em outras ocasiões. Um exemplo
levantado como sinal de alerta por senadores contrários a Dilma foi a
decisão do presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), de
tentar anular a votação de impeachment. Na época, Renan optou por
desconsiderar a decisão e seguir com o processo dentro da normalidade.
Caso estivesse em seu lugar um senador com o perfil de Jorge Viana o
desenlace poderia ter sido outro.
Aos bravos GUERREIROS DE SELVA formados e qualificados pelo Centro de Operações na Selva e Ações de Comando (COSAC) e Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) para defender a soberania da Amazônia - BRASIL, meus sinceros cumprimentos pelo dia:"03 DE JUNHO - DIA DO GUERREIRO DE SELVA" ÁRDUA É A MISSÃO DE DEFENDER E DESENVOLVER A AMAZÕNIA, MUITO MAIS DIFÍCIL PORÉM, FOI A DE NOSSOS ANTEPASSADOS EM CONQUISTÁ-LA E MANTÊ-LA"ORAÇÃO DO GUERREIRO DA SELVA Senhor,Tu que ordenaste ao guerreiro da selva: “Sobrepujai todos os vossos oponentes!” Dai-nos hoje da floresta: A sobriedade para persistir, A paciência para emboscar, A perseverança para sobreviver, A astúcia para dissimular, A fé para resistir e vencer, E dai-nos também Senhor, A esperança e a certeza do retorno. Mas, se defendendo esta brasileira Amazônia, Tivermos que perecer, ó Deus! Que o façamos com dignidade E mereçamos a vitória! SELVA!http://www.cigs.ensino.eb.br/