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quarta-feira, 15 de junho de 2016

Delator diz que Renan, Jucá e Sarney receberam R$ 71,7 milhões em propina de contratos na Transpetro

Por: Laryssa Borges, de Brasília
O presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) durante sessão que decide pelo afastamento de Dilma Rousseff - 11/05/2016
O presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) durante sessão que decide pelo afastamento de Dilma Rousseff - 11/05/2016(Ueslei Marcelino/VEJA)
O executivo Sergio Machado, ex-presidente da Transpetro, maior processadora brasileira de gás natural, disse em acordo de delação premiada que o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) recebeu 32,2 milhões de reais em propinas e subornos recolhidos a partir de contratos com a subsidiária da Petrobras. O presidente em exercício do PMDB e senador Romero Jucá, apeado às pressas do primeiro escalão do governo Michel Temer diante das revelações de Machado, embolsou 21 milhões de reais, enquanto o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) amealhou 18,5 milhões de reais em dinheiro sujo desviado de contratos da Transpetro.
Conforme relato do procurador-geral da República, nos dias 23 e 24 de fevereiro e nos dias 10 e 11 de março, Sergio Machado, que guardou por anos detalhes da contabilidade que irrigava os cofres peemedebistas, manteve conversas confidenciais com caciques políticos em Brasília. Queria alertar Renan, Sarney e Jucá que não pretendia ser submetido ao rigor do juiz Sergio Moro, que conduz com mão de ferro a Operação Lava Jato em Curitiba. Desde que foi alvo de busca e apreensão no dia 15 de dezembro, durante a Operação Catilinárias, braço da Lava Jato voltada a autoridades com foro privilegiado, Sergio Machado começou a discutir com o filho Expedito, conhecido como Did e também agora delator da Lava Jato, como gravar conversas com políticos.

Além de se livrar das mãos de Moro, Sergio Machado temia que novas delações premiadas e acordos de leniência de empreiteiras revelassem como empresas investigadas na Lava Jato pagavam propina de forma contínua, inclusive por meio de doações oficiais para campanhas políticas. O executivo contou às autoridades que a Queiroz Galvão, que não fechou acordo, e a Camargo Corrêa, cuja leniência ainda estaria em aberto, seriam as principais prejudicadas. E mais: ele considerava que o recente entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) de que execuções de pena poderiam ser viabilizadas já na segunda instância, sem necessidade de trânsito em julgado, aumentava a probabilidade de delações.
"Para além do teor das conversas, José Sérgio de Oliveira Machado foi muito claro, em seus depoimentos, sobre a obtenção desses subornos, pormenorizando anos e valores respectivos tanto na forma de doações oficiais quanto em dinheiro em espécie", resumiu o procurador-geral Rodrigo Janot ao defender no STF que Renan Calheiros, José Sarney e Romero Jucá fossem presos.

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