Mordomia: carros oficiais a serviço da família de Dilma
Reportagem de ISTOÉ flagra Paula
Rousseff e Rafael Covolo, filha e genro da presidente afastada,
utilizando veículos pagos pelo governo para cumprir compromissos
pessoais
SÉRGIO PARDELLAS
Como tantas outras Paulas filhas deste País, Paula levanta
cedo da cama com o tilintar do despertador. Não raro, o marido, Rafael,
já está de olhos abertos. Pela manhã, ela mantém uma rotina nada
estranha à maioria das pessoas de classe média. Vai ao cabelereiro, faz
compras para abastecer a despensa de casa, reserva uns minutos para o
pilates e uma ida rápida à clínica de estética, e, eventualmente, dá uma
passadinha no pet shop. Depois de almoçar, leva o filho à escola. À
tarde, dirige-se ao trabalho, obrigação já cumprida pelo marido de
manhã. Como tantas outras Paulas filhas deste País, Paula seria apenas
mais uma brasileira se não carregasse em sua assinatura o sobrenome
Rousseff. Porto
Alegre, 12 de julho. 13h40 – O genro de Dilma Rousseff, Rafael Covolo,
busca o filho na escola com carro oficial. A placa é fria para evitar
identificação. Outro veículo também bancado pelo governo o escolta.
Perante à lei, filhos de presidente da República são iguais a todos.
Ombreiam-se aos demais cidadãos. Não deveriam merecer distinção ou
receber tratamento especial, salvo em alguns casos de excepcionalidade.
Mas a filha de Dilma, que hoje se encontra afastada, ou seja, nem o
mandato de presidente exerce mais, não se constrange em cultivar uma
mordomia ilegal. Diariamente, Paula Rousseff Araújo desfruta de uma
regalia. A máquina do Estado a serve, bem como ao seu marido e filhos.
As atividades narradas acima, como uma frugal ida ao cabelereiro, ao
pilates e ao pet shop, são realizadas a bordo de um carro oficial
blindado com motorista e segurança. Em geral, um Ford Fusion.
Acompanha-os invariavelmente como escolta um Ford Edge blindado com dois
servidores em seu interior, um deles um agente de segurança armado. O
mesmo se aplica ao genro de Dilma, Rafael Covolo, e aos dois netos. No
total, oito carros e dezesseis pessoas integram o aparato responsável
pela condução e proteção da família da presidente afastada. Trata-se de
um serviço VIP.
Quem banca essa estrutura é o Gabinete de Segurança Institucional da
Presidência. Ou seja, o contribuinte. Nas últimas semanas, reportagem de
ISTOÉ flagrou os carros oficiais entrando e saindo do condomínio Vila
de Leon, zona sul de Porto Alegre, onde moram os familiares de Dilma,
para levá-los a compromissos do dia a dia. A rotina dos Rousseff segue
um padrão. O 6 de julho dos descendentes da presidente afastada não foi
muito diferente dos dias anteriores. Às 18h30, uma quarta-feira, o
Fusion blindado escoltado pelo Ford Edge também à prova de balas trouxe a
família de volta ao lar, depois de transportá-la para uma série de
atividades pessoais. No dia seguinte, às 9h da manhã, os mesmos carros
já estavam de prontidão na porta da casa da filha de Dilma para mais uma
jornada por Porto Alegre. No dia 12/07 às 13h40, Rafael Covolo, marido
de Paula, foi buscar um dos filhos na escola. Como de praxe, com o carro
oficial. Um automóvel pago com dinheiro público os escoltou até o
retorno para casa. O Fusion levava a placa IVF – 3267 (normalmente é
esta ou a IVG – 1376) e o Edge IUF – 3085. Se consultados nos registros
do DETRAN, os prefixos figurarão como “inexistentes”. Sim, são placas
frias ou vinculadas, inerentes aos chamados carros oficiais de
representação. 7
de julho. 9h – Dois veículos oficiais, um para transporte e outro para
escolta , buscam os familiares de Dilma no condomínio onde moram
Nos locais freqüentados por Paula Rousseff, em geral, há um alvoroço
quando ela desembarca com o carro oficial e os seguranças em volta.
Embora a filha da presidente afastada tente manter a discrição, não há
como não reconhecê-la. O aparato em torno dela desperta a atenção dos
funcionários. O atendente da unidade do “Bicho Pet Store”, localizada no
bairro Menino de Deus, zona sul de Porto Alegre, diz que Paula é uma
cliente assídua. Costuma levar para procedimentos de banho e tosa um
cachorro de pequeno porte, semelhante a um shitzu. “A filha da
presidente sempre vem ao petshop acompanhada de um monte de seguranças”.
O mesmo serviço de transporte vip bancado pelo governo, composto por
carro oficial e escolta, a conduz até o “Studio Martim Gomes Pilates”,
na Vila Assunção. “Dona Paula vem aqui com freqüência. É nossa cliente”,
atesta um funcionário da clínica. A equipe do salão Oikos Hair, também
no bairro da Vila Assunção, é mais comedida ao falar de Paula.
Questionada por ISTOÉ, uma secretária disse: “A Dilma já veio aqui
também. Parou de vir faz tempo (…) Sobre a dona Paula …por razão de
segurança não posso desmentir nem confirmar nada”. 6 de julho. 18h30 – Carros oficiais deixam os Rousseff em casa, um condomínio na zona sul de porto alegre
A mordomia de Paula Rousseff e Rafael Covolo, além de constituir
inaceitável privilégio, é também uma benesse totalmente ilegal. A
legislação é clara. Reza o artigo 3º do decreto 6.403 de março de 2008,
baixado pelo ex-presidente Lula: os veículos oficiais de representação –
como os que transportam a família de Dilma – são utilizados
exclusivamente pelo presidente da República, pelo vice-presidente, pelos
Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica e pelo Chefe do
Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas e por ex-presidentes da
República. A única exceção que permitira que filhos de presidente
desfrutassem desse privilégio é se fossem usados os chamados carros
oficiais de transporte institucional. Com um condicionante: “se razões
de segurança o exigirem”. Não é o caso, definitivamente. Primeiro porque
carro institucional não possui escolta armada nem placa vinculada ou
fria, como os veículos que servem a família de Dilma. Ainda de acordo
com instrução normativa do Contran, veículo institucional é identificado
com a expressão “governo federal” na cor amarelo ouro e tarja azul
marinho. Nenhum dos carros usados por Paula e Rafael Covolo exibe esta
inscrição. Mesmo que eles utilizassem esse tipo de veículo, haveria uma
outra barreira de cunho legal. 7
de julho. 17h – veículos bancados pelo governo buscam o neto de Dilma
na escola. no trajeto, o Ford Edge (acima) escolta o Ford Fusion
blindado
Os Rousseff só poderiam ser enquadrados nessa situação totalmente
excepcional se: 1) Comprovassem a existência de riscos à sua integridade
física e 2) Fossem familiares de presidentes em exercício. Quer dizer,
hoje o deslocamento da filha, genro e netos de Dilma a bordo de veículos
oficiais compõe um mosaico de irregularidades. Se a mamata já seria
desnecessária e ilegal com a presidente Dilma no pleno exercício do
cargo, em se tratando da chefe do Executivo federal afastada a regalia
ofertada à Paula Rousseff, Rafael Covolo e filhos afronta sobejamente a
legislação em vigor. Por ironia, o decreto que estabelece regras para a
utilização dos carros de governo foi reeditado com pequenas alterações
por Dilma em outubro do ano passado, com o objetivo, segundo ela, de
“racionalizar o gasto público no uso de veículos oficiais”. A
racionalização, claro, não alcançou sua família, como se nota. 14 de julho. 11h30 – O Ford Fusion oficial aguarda um dos filhos de Paula Rousseff em frente à escola
Os serviços de transporte e segurança dos Rousseff em Porto Alegre
estão a cargo de uma empresa terceirizada contratada pelo Gabinete de
Segurança Institucional da Presidência da República: a Prime Consultoria
e Assessoria Empresarial, conforme documentos aos quais ISTOÉ teve
acesso. Todo mês, a Prime encaminha ao Palácio do Planalto um relatório
de abastecimento dos veículos. A última nota foi emitida no dia 1º de
julho. Na prestação de contas estão listados os veículos, suas
especificações, bem como as respectivas placas vinculadas, sem registro
no DETRAN, e os motoristas responsáveis por atender aos familiares da
presidente afastada na capital gaúcha. Em junho, por exemplo, foram
gastos só com combustível R$ 13,8 mil. Os familiares de Dilma não
precisariam de carros oficiais para o cumprimento de suas tarefas
diárias. Paula Rousseff é procuradora do trabalho no Rio Grande do Sul.
Entrou no Ministério Público do Trabalho em 2003 por meio de concurso
público. Atualmente, recebe salário de R$ 25.260,20. Para quê a mordomia
com dinheiro público? Por que o genro de uma presidente afastada
precisa usar carro oficial para a execução dos afazeres cotidianos? TUDO EM CASA Dilma com a filha e o neto, durante evento no Planalto
Na política, se não forem estabelecidos limites, necessários à
liturgia do cargo, a família tem grande potencial para gerar
constrangimentos. Sobretudo porque eventuais privilégios desfrutados por
filhos dizem mais sobre os pais do que os próprios herdeiros. No
Brasil, um País de oportunidades desiguais, regalias a parentes de
políticos chamam muita atenção e, em geral, são consideradas
inaceitáveis e despertam indignação e sensação de injustiça na
população. Quando a prática é ilegal, a situação se agrava. Por
constituir vantagem ilícita a terceiros e atentar contra os princípios
da administração pública, o episódio em questão pode até render um
processo contra Dilma por improbidade.
Procurado por ISTOÉ, o Gabinete de Segurança Institucional da
Presidência afirmou que “permanece realizando a segurança da Presidenta
Dilma e de seus familiares, de acordo com o disposto no inciso VII do
Art 6º da Lei Nr 10.683, de 28 de maio de 2003”. O problema é que o
referido “amparo legal” não prevê o uso de carros oficiais para fazer o
transporte da família da presidente afastada. Em tese, apenas a escolta
para segurança seria permitida.
Diz o inciso VII do Art 6º da Lei Nr 10.683: ao Gabinete de Segurança
Institucional da Presidência da República compete zelar, assegurado o
exercício do poder de polícia, pela segurança pessoal do Presidente da
República, do Vice-Presidente da República e respectivos familiares, dos
titulares dos órgãos essenciais da Presidência da República e de outras
autoridades ou personalidades, quando determinado pelo Presidente da
República, bem como pela segurança dos palácios presidenciais e das
residências do Presidente da República e do Vice-Presidente da
República.
Três dias antes de deixar a Presidência, em 2010, Lula fez questão de
assegurar aos seus filhos a dispensável regalia do passaporte
diplomático. Revelada pela imprensa, a esperteza engoliu o dono. Em
novembro de 2013, a Justiça determinou a apreensão dos passaportes e o
recolhimento dos mesmos pelo Itamaraty. Depois do impeachment de Dilma, o
tema voltou à baila com a apimentada discussão sobre eventuais
mordomias a que a presidente teria direito afastada do cargo. Uma ação
civil pública questionou o uso por Dilma de aviões da FAB. A Justiça até
permitiu o deslocamento com os jatos da Força Aérea Brasileira, desde
que custeados pela própria mandatária afastada. Recentemente, apoiadores
do PT se cotizaram para bancar as viagens. Pela trilha da carruagem,
hoje já abóbora, haja crowdfunding militante (a popular vaquinha) para
sustentar os privilégios de petistas e congêneres que ainda insistem em
se refestelar com as benesses do Estado.
“É ilegal, mas eles usam mesmo assim”
Na quinta-feira 14, ISTOÉ conseguiu fazer contato com um dos
responsáveis pela frota de carros oficiais que serve a família da
presidente Dilma Rousseff em Porto Alegre. Com medo de retaliação, ele
pediu para não ser identificado ISTOÉ – Quantos carros oficiais a família de Dilma tem à disposição?
São oito carros blindados de fábrica. Quatro para o transporte e mais
quatro que fazem a escolta armada. É um serviço VIP. No carro oficial e
no veículo de escolta há um motorista e um segurança. No total, são
quatro pessoas envolvidas para cada dupla de carros. ISTOÉ – Desde quando a filha, o genro e os netos da
presidente afastada contam com o serviço de transporte e segurança pago
pelo governo?
Há pelo menos cinco anos. São carros de representação com placa
vinculada ou placa fria para não serem identificados. Se você consultar
no DETRAN, aparece como placa inexistente. ISTOÉ – Além de se tratar de uma mordomia, a utilização de
carros de representação por familiares de presidente da República é
ilegal.
Sim. É ilegal. Mas eles usam mesmo assim. Eles até poderiam usar uma
escolta. Não sou PMDB nem nada. Mas, por exemplo, a Marcela Temer (atual
primeira-dama) usa a escolta para segurança. É normal. Mas sabemos que,
quando morava sozinha em São Paulo, ela ia para compromissos pessoais
com o carro dela. Não com carro oficial. Isso que a família de Dilma faz
contraria a lei. ISTOÉ – Nossa reportagem apurou que a filha de Dilma leva o
filho à escola, vai para o pilates, pet shop, clínica de estética e até
ao cabelereiro com os veículos pagos pelo governo. O genro também usa os
carros oficiais para atividades semelhantes. O sr. confirma essa
informação?
Confirmo. Os carros oficiais os levam para atividades do dia a dia.
Colaborou Pedro Marcondes de Moura
*Com fotos de Lucas Uebel e Itamar Aguiar
Aos bravos GUERREIROS DE SELVA formados e qualificados pelo Centro de Operações na Selva e Ações de Comando (COSAC) e Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) para defender a soberania da Amazônia - BRASIL, meus sinceros cumprimentos pelo dia:"03 DE JUNHO - DIA DO GUERREIRO DE SELVA" ÁRDUA É A MISSÃO DE DEFENDER E DESENVOLVER A AMAZÕNIA, MUITO MAIS DIFÍCIL PORÉM, FOI A DE NOSSOS ANTEPASSADOS EM CONQUISTÁ-LA E MANTÊ-LA"ORAÇÃO DO GUERREIRO DA SELVA Senhor,Tu que ordenaste ao guerreiro da selva: “Sobrepujai todos os vossos oponentes!” Dai-nos hoje da floresta: A sobriedade para persistir, A paciência para emboscar, A perseverança para sobreviver, A astúcia para dissimular, A fé para resistir e vencer, E dai-nos também Senhor, A esperança e a certeza do retorno. Mas, se defendendo esta brasileira Amazônia, Tivermos que perecer, ó Deus! Que o façamos com dignidade E mereçamos a vitória! SELVA!http://www.cigs.ensino.eb.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário