Reportagem do 'Washington Post' indica que 5 bilhões de registros são coletados diariamente
Sede da Agência de Segurança Nacional (NSA) americana em Fort Meade, Maryland
(Paul J. Richards/AFP)
A reportagem foi feita com base em documentos divulgados pelo ex-analista da NSA Edward Snowden e em entrevistas com funcionários da inteligência americana. Os celulares de cidadãos americanos não são alvo deliberado de vigilância, segundo o texto, mas a agência tem acesso a uma quantidade considerável de dados sobre os números dos Estados Unidos de forma ‘incidental’.
As informações são obtidas a partir da interceptação de cabos que conectam redes telefônicas globalmente, atendendo tanto linhas americanas como estrangeiras. Além disso, também são coletados dados de dezenas de milhares de americanos que viajam para fora do país levando seu aparelho.
A NSA não tem como saber previamente o que poderá vir a ser útil dos dados coletados. Por isso, a agência reúne a maior quantidade de informação possível – mais precisamente 27 terabytes, aponta a reportagem, mais que o dobro de todo o conteúdo impresso da biblioteca do Congresso americano, considerada a maior do mundo. Ferramentas de análise, conhecidas coletivamente como “co-viajante” requerem coleta e armazenamento metódico de dados de localização em escala planetária. Ou seja, o governo segue pessoas à distância em reuniões confidenciais de negócios, visitas ao médico, quartos de hotel, casas e outros lugares que estariam teoricamente protegidos.
Funcionários da inteligência americana afirmam que os programas que coletam e analisam os dados relacionados à localização dos celulares estão dentro da lei e têm como único objetivo monitorar alvos estrangeiros.
De qualquer forma, dados sobre localização, especialmente quando reunidos ao longo do tempo, são vistos por defensores do direito à privacidade como algo delicado. A NSA é capaz de mapear os relacionamentos dos donos de um celular ao correlacionar seus padrões de movimentação ao longo do tempo com milhares ou milhões de outros usuários de telefones móveis, indica o Washington Post. É possível saber a localização de um celular mesmo quando o aparelho não está sendo usado para realizar uma chamada ou enviar uma mensagem de texto.
Chris Soghoian, membro da União Americana de Liberdades Civis, ressalta que o ponto sensível em relação a dados relacionados à localização é que “as leis da física não permitem que você mantenha isso no campo privado”. As pessoas podem criptografar e-mails e disfarçar sua identidade on-line, mas “a única forma de esconder sua localização é se desconectar do nosso moderno sistema de comunicação e viver em uma caverna”.
Em outubro, o diretor da NSA, general Keith Alexander, disse em uma audiência no Senado que a agência testou um programa em 2010 e 2011 para coletar “amostras” de dados de celulares de cidadãos americanos e determinar sua localização. Segundo ele, o projeto foi abandonado, mas poderia “voltar a ser necessário”.
A preocupação com a coleta de informações, particularmente de americanos, levou congressistas a apresentarem emendas ao projeto orçamentário da área de defesa para o ano que vem exigindo mais transparência sobre os projetos de vigilância.
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