Transolímpica derrubará unidade inteira e atingirá edificações em três quartéis na Zona Oeste
Rio - Por causa do corredor de ônibus Transolímpica, a região com a maior concentração de unidades militares da América Latina vai sofrer baixas. A primeira delas já foi definida: o Quartel da Polícia do Exército (PE), em Magalhães Bastos, que tem 500 homens. O espaço, orçado em pelo menos R$ 20 milhões, vai ser demolido para dar lugar a um trecho do BRT. E não será o único.Segundo o secretário municipal de Obras, Alexandre Pinto, outros três quartéis vão perder uma parte da sua área para a via expressa, e 24 casas de soldados e cabos vão abaixo e serão reconstruídas na Estrada do Camboatá, em Deodoro.
O secretário, no entanto, faz
mistério sobre o valor que a prefeitura vai pagar pelo quartel da PE. A
área não pode ser desapropriada, como ocorre com residências e comércio,
porque é da União. “Isso (quantia a ser paga) ainda está sendo
negociado”, afirmou o secretário, que garantiu que a desocupação do
quartel não deverá ser de imediato. A previsão é o final do ano. Segundo
ele, a decisão de comprar o espaço impediu que cerca de 300 casas de
moradores de Magalhães Bastos fossem demolidas. O BRT vai ligar a Barra a
Deodoro.
Na lista dos quartéis que serão
cortados pelo corredor estão o 25º Batalhão Logístico, que vai ficar sem
a garagem dos carros de combate e a subestação de energia; o Parque
Regional de Manutenção; e a Escola de Equitação do Exército. “Nesses
casos, estamos desenvolvendo projetos e reconstruindo o que for usado
para o BRT. São contrapartidas da prefeitura. Isso só foi possível com
muita parcimônia do Exército, que junto a seus oficiais foram conduzindo
as negociações para a gente chegar a um denominador comum”, afirmou
Pinto.
O corredor terá 23 quilômetros e vai passar por
Barra, Recreio dos Bandeirantes, Camorim, Curicica, Taquara, Jardim
Sulacap, Magalhães Bastos, Vila Militar e Deodoro. No início do mês, O
DIA mostrou que na região da Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá, a
prefeitura vai extinguir uma área da Mata Atlântica, que equivale a
aproximadamente 20 campos de futebol. Um dos pontos de conflito do BRT é a Igreja de São José, na Rua Salustiano Silva, em Magalhães Bastos. Apesar de o secretário negar que o traçado passará pelo salão paroquial, moradores temem que a demolição acabe ocorrendo durante as obras. “Vamos aguardar para ver se a prefeitura vai cumprir o prometido. O que incomoda é que só somos avisados em cima da hora”, afirmou o presidente da Associação de Moradores de Magalhães Bastos, Rogério Silva, de 47 anos.
Cerca de 600 foram salvas de despejo
A escolha de passar o corredor de ônibus por
quartéis teria poupado, desde o projeto executivo da obra, segundo a
prefeitura, cerca de 600 moradias de desapropriações. Apenas nove
imóveis terão que ser removidos, o que não é um alento para quem foi
escolhido para deixar sua casa ou comércio. É caso de Francisco Inácio,
de 68 anos, que tem uma farmácia na Rua General Canrobert da Costa, em
Magalhães Bastos. Há 35 anos com ponto no mesmo endereço, ele teve uma proposta da prefeitura no valor de R$ 190 mil. O dinheiro, no entanto, não seria suficiente para arcar com os prejuízos da mudança. “O corredor de ônibus é um benefício para muita gente. Mas sair do local onde se está há tanto tempo mexe muito com o emocional. Fora que aqui a gente tem uma clientela antiga”, afirmou Inácio. O posto do Detran, na Rua Salustiano Silva, também terá que sair em prol do Transolímpica. Segundo o secretário municipal de Obras, Alexandre Pinto, o terreno é do Exército, que cede o espaço para o estado..
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