Em reunião secreta, senadores recebem enviados de José Dirceu e Delúbio Soares, que temem perder regalias caso sejam enviados a presídios federais
Laryssa Borges, de Brasília
O mensaleiros petistas Delúbio Soares e José Dirceu
(Celso Junior/AE e Eliária Andrade/Agência O Globo)
Em duas edições, VEJA revelou que os mensaleiros petistas recebem tratamento diferenciado na prisão. As mordomias de Delúbio, como feijoada no final de semana, já derrubaram dois diretores do Centro de Progressão Penitenciária (CPP). Dirceu tem direito a podólogo e passa o dia numa biblioteca do presídio, distante da realidade dos internos da Papuda. Tanto o ex-tesoureiro do PT quanto Dirceu recebem visitas fora do horário regulamentar para os demais detentos. A lista de visitantes inclui o governador do DF, Agnelo Queiroz (PT), cuja administração monitora o que acontece no complexo prisional.
Não é difícil imaginar o porque do temor dos mensaleiros em uma transferência de carceragem. E foi justamente isso que o advogado Luiz Egami relatou, sem rodeios, aos cinco senadores petistas: os condenados pelo mensalão temem ser realocados nas unidades federais de Mossoró (RN), Catanduvas (PR), Campo Grande (MS) e Porto Velho (RO), locais que abrigam criminosos perigosos – e onde os petistas não seriam mais tratados com distinção.
Os dois mensageiros sugeriram o plano de Dirceu e Delúbio: a Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa da Casa, comandada pela senadora Ana Rita (PT-ES), deve visitar a Papuda para negar publicamente a existência de privilégios ou benefícios aos mensaleiros. Procurada pelo site de VEJA, Ana Rita admitiu que participou da reunião na liderança do PT. “Se a Comissão de Direitos Humanos for acionada, sim [pode ir à Papuda], mas isso ainda não ocorreu.”
O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), reconheceu o temor pela transferência para presídios federais. “Eles [os mensaleiros] estão preocupados com a possibilidade de ficar permanentemente em sistema fechado e ir para uma prisão federal. A definição do Supremo foi de cumprimento da prisão em regime semiaberto”, disse. “Se em algum momento houver qualquer coisa que a gente imagine ser um desrespeito ao direito do preso, na hora que eles quiserem, a gente pode sentar e tomar uma decisão.”
O advogado petista Luiz Egami também levou mais versões. Dirceu e Delúbio – que já foi advertido pela Justiça pelas regalias – tentaram até emplacar com os parlamentares uma desculpa para a feijoada: a cantina do presídio vende latas de costela de porco, que foram misturadas à refeição do dia. Mais: foi tudo um presente de vizinhos de cela.
Nenhum comentário:
Postar um comentário