A redução do consumo foi de 4,7% (2.500 megawatts) nos horários de pico, das 19h às 21h
Marta Nogueira
O horário de verão, programado para reduzir o consumo de energia elétrica, termina à meia-noite de hoje. Os relógios precisam ser atrasados em uma hora nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Em vigor desde outubro, a redução da demanda de energia foi de 4,7% (cerca de 2.500 megawatts) nos horários de pico, das 19h às 21h. Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a economia foi equivalente a 80% da carga de energia consumida no horário de pico da cidade do Rio de Janeiro, ou ao triplo, em Brasília.
O resultado positivo divide as opiniões dos especialistas.
Com os recordes sucessivos de consumo de energia diário ao longo da estação, que chegou a atingir 70.600 megawatts no dia 4 de fevereiro, e com as quedas de força em diversos pontos do país, a necessidade de melhorias no sistema elétrico brasileiro ficou em evidência.
De acordo com o ONS, ao longo do horário de verão, houve economia de R$ 30 milhões com a redução da utilização de energia. O horário de verão diminuiu os Encargos de Serviços do Sistema (ESS), segundo o operador, e trouxe redução da tarifa de energia elétrica para o consumidor.
– Eu temo que isto não seja verdade – alertou o professor do programa de pós-graduação em energia da Universidade de São Paulo (USP), Célio Bermann. De acordo com ele, nos últimos quatro meses houve um aumento considerável da utilização de energia em domicílios e nas indústrias.
– Falar em economia é meio complicado neste contexto.
Insegurança no escuro A vendedora ambulante da zona portuária do Rio Marília Oliveira, de 44 anos, também sente os efeitos do horário de verão em seu negócio informal.
“Gostaria que o horário de verão continuasse, pois o sol faz as pessoas virem mais aqui. À noite, muitos não vão às ruas, pois é mais perigoso” diz Marília, que acredita deixar de faturar R$ 80 por dia com a volta do horário convencional.
Professor do Grupo de Economia da Energia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Hélder Queiroz alerta que, sem o horário de verão, os resultados do consumo de energia poderiam ser piores. Segundo ele, o que precisa ser revisto é a infraestrutura brasileira para a produção e a distribuição de energia.
– As distribuidoras não estão preparadas para os efeitos do calor e demanda da população – considerou Queiroz. – Neste período de mais calor, os condicionadores de ar e ventiladores são mais utilizados e o país precisa suportar isso.
Já o consultor de energia Ruy Quintans acredita que a mudança impulsionada pelo horário de verão nas residências é irrisória. Segundo ele, a economia é contabilizada realmente nos estabelecimentos comerciais e na indústria, onde a luz do sol é melhor aproveitada durante o horário de trabalho.
– Como, nesta época, o dia dura mais tempo, estes locais aproveitam a luz do sol quase em todo o horário comercial – explicou o consultor.
A ONS declarou, em nota, que as principais consequências da redução de demanda no horário de pico são o aumento da segurança e a diminuição dos custos de operação do Sistema Interligado Nacional (SIN).
“O aumento da segurança operacional decorre da diminuição dos carregamentos na rede de transmissão; da maior flexibilidade operativa para a realização de manutenções; da melhoria do controle de tensão; e da redução de cortes de carga em eventuais situações de emergência neste horário”, diz a nota.
Luz do Sol O cálculo para determinar o horário de verão é baseado nos dias em que a região é mais iluminada pela luz do Sol. Na astronomia, solstício é o momento em que o Sol, durante seu movimento aparente na esfera celeste, atinge a maior declinação em latitude, medida a partir da Linha do Equador.
Nesta época, países no mundo inteiro modificam em uma hora o seu horário real e aproveitam a maior luminosidade para evitar acender a luz e gastar mais energia.
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