
Um engano, pois estas assembleias e conselhos servem apenas para congregar companheiros de mesma ideologia, em busca de canais de pressão não institucionais.
Sabem que são minoritários na sociedade, por isso tentam atuar de forma direta nos centros de decisão — manobra facilitada quando há aliados nestes centros.
Padece do mesmo vício a proposta do PT de criação do Conselho Nacional de Política Externa, pelo qual ONGs, “movimentos sociais” e similares passariam formalmente a influenciar a diplomacia brasileira. É um passo a mais na cultura do assembleísmo e da subordinação do Estado a interesses partidários, de grupos, de corporações sindicais e lobistas de toda ordem.
A ideia parece ser instituir o que na gestão Lula já acontece por meio do assessor presidencial para política externa, Marco Aurélio Garcia, uma espécie de “Itamaraty do B”, um braço autônomo ligado a frações do PT e ao qual se subordina, em certa medida, o Ministério de Relações Exteriores.
Deste núcleo, ao qual se alinha o novo ministro de Assuntos Estratégicos, Samuel Pinheiro Guimarães, secretáriogeral do Itamaraty até há pouco, emanam as temerárias ações de pedigree chavista e terceiromundista, causa de embaraços diplomáticos junto ao Primeiro Mundo. Criado o tal conselho, firma-se a subjugação do Itamaraty a grupos políticos organizados, e extingue-se a capacidade de influenciar de um dos segmentos historicamente mais profissionais do Estado brasileiro.
E avançará o projeto de criação de mecanismos de democracia direta, maneira de marginalizar o Congresso e revogar na prática o regime de democracia representativa, estabelecido na Constituição.
Em outras palavras, um golpe — desfechado de forma lenta, mas um golpe.
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