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segunda-feira, 23 de junho de 2014

PT quer imprimir tom mais à esquerda no discurso de Dilma

Radicais da sigla buscam mais espaço na campanha, que reforça o discurso do 'nós contra eles' e resgata antigos projetos petistas, como controle da imprensa

Lula e a presidente Dilma Rousseff durante a Convenção Nacional do PT, em Brasília
Lula e a presidente Dilma Rousseff durante a Convenção Nacional do PT, em Brasília (Ricardo Stuckert/ Instituto Lula)
Depois da convenção que oficializou a candidatura de Dilma Rousseff ao segundo mandato, a cúpula do PT quer ampliar a influência na campanha da presidente. O partido já decidiu criar um grupo de trabalho, formado por cinco dirigentes, para fazer a "ponte" entre a Executiva Nacional e o comitê de Dilma. Duas correntes internas, consideradas mais radicais, também reivindicam espaço na coordenação da campanha. O PT e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva querem, na prática, imprimir um tom mais à esquerda na disputa. É por isso que temas como a regulação dos meios de comunicação e a reforma política terão papel de destaque, reforçando o discurso do "nós contra eles" que tem sido adotado pela sigla.
Com a popularidade em queda, Dilma aceitou sugestões para incorporar em seu programa de governo assuntos dos quais preferia manter-se afastada, como o projeto petista de "democratização da mídia" - termo utilizado pela sigla para mascarar uma intenção bastante clara: controlar o que é veiculado pela imprensa no país. Um projeto sobre o tema foi preparado pelo então titular da Comunicação Social, Franklin Martins, no governo Lula, mas acabou engavetado por ordem de Dilma. O ex-ministro hoje integra o núcleo da campanha dilmista. Atualmente, o comando responsável pela estratégia da disputa abriga só o PT. A coligação de apoio à presidente, no entanto, deve reunir dez partidos. Todos cobram assento na coordenação da campanha, em especial os dirigentes do PMDB.
Na quinta-feira, a Executiva petista vai decidir se inclui ou não mais dois secretários do PT no grupo de trabalho que atuará como uma espécie de "comitê operacional". Os indicados de correntes radicais são Bruno Elias (Movimentos Populares), da Articulação de Esquerda, e Maristella Mattos (Mobilização), da Militância Socialista. Os outros cinco nomes já aprovados, de tendências moderadas, são Geraldo Magela (secretário-geral do PT), Carlos Henrique Árabe (Formação Política), Florisvaldo Souza (Organização), Mônica Valente (Relações Internacionais) e Alberto Cantalice (vice-presidente). O PT também quer que o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho - responsável pelo diálogo com movimentos sociais -, integre a coordenação da campanha. Até o fim da Copa, porém, ele fica no Planalto.
Estratégia - Tanto o governo quanto o PT trabalham com a polarização da disputa contra o candidato do PSDB, Aécio Neves. O partido vai insistir na comparação entre as duas siglas e tentar associar o tucano às hostilidades contra o governo Dilma. A estratégia já ficou clara na convenção de sábado, quando a sigla deu uma amostra do que será o tom da campanha: como se o PT fosse oposição e não governo, os membros do partido gastaram mais tempo atacando os adversários e os governos do PSDB do que falando dos méritos da gestão Dilma.
O ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, reforça a tese da comparação ao destacar o "processo intenso de disputa política entre dois projetos". "Um que vem transformando a realidade da maioria do povo e outro que, quando governou o Brasil, expressou aquilo que o brasileiro menos gosta: desemprego, salário sem aumento e arrocho tributário."
A candidatura de Eduardo Campos (PSB) tem sido tratada com certo desdém pelo PT. "Acho que a terceira via precisa se expressar. Não se expressou até agora", ironizou Berzoini. Aécio, por sua vez, rebate as comparações e diz que os petistas estão "desesperados" e não sabem qual estratégia adotar. "Até eles agora resolveram falar em mudanças. É um governo que está nos seus estertores."
(Com Estadão Conteúdo)

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