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sexta-feira, 6 de junho de 2014

Veterano relembra Dia D e as batalhas contra as tropas nazistas

O americano Daniel DeFrancisco, de 89 anos, conta algumas das experiências que vicenciou durante sua única viagem à Europa, para o desembarque na Normandia.

Experiência de Daniel DeFrancisco em batalhas começou aos 19 anos — mais especificamente na manhã de 6 de junho de 1944, na praia de Utah, na Normandia.
Ao longo dos meses seguintes, ele e sua unidade de artilharia continuariam na França, atravessariam a fronteira com a Alemanha e lutariam numerosas batalhas, que mais tarde ficariam conhecidas como Batalha da Floresta de Hürtgen e Batalha do Bulge.
O conflito em Hürtgen foi um dos mais marcantes para o veterano de guerra. "Nós estávamos entre as árvores", contou DeFrancisco, em entrevista à DW. "Os alemães atiravam em nossa direção, quando, de repente, encontramos uma pequena cabana rústica, feita de madeira." Enquanto as granadas estouravam sobre a copa das árvores, DeFrancisco e mais uma meia dúzia de soldados se refugiaram no abrigo recém-encontrado.
"[Os estilhaços] atingiram a cabana e acabaram entrando na parte posterior da minha perna. Se não tivéssemos encontrado esse refúgio, provavelmente os estilhaços teriam ferido toda a minha perna. Esse abrigo me protegeu de um terrível acidente."
"Eu estava lá sozinho"
O incidente na cabana na Floresta de Hürtgen foi apenas uma das tantas vezes em que DeFrancisco esteve próximo da morte. Na praia de Utah, uma granada caiu na trincheira de um amigo, a apenas dois metros de distância do local em que estava. O soldado não sobreviveu.
Em outro momento de risco, DeFrancisco estava sozinho num veículo do Exército dos Estados Unidos, na França, quando um P-47 norte-americano voou sobre ele, sem identificá-lo.
"Eles atiraram em mim com aquelas bala de calibre 50", disse ele, "e eu fiquei apavorado". Então DeFrancisco colocou uma bandeira alaranjada no topo do veículo – para que, assim, o piloto soubesse que ele também era um americano, e não um inimigo. "Talvez alguns alemães também estivessem por lá, não sei. Só sei que eu estava sozinho."
À medida que Exército americano avançava pela região da Renânia, na Alemanha, dois esquadrões de artilharia se uniram ao de DeFrancisco. Eles traziam também um caminhão com munição. Quando uma granada explodiu dentro desse caminhão, soldados que estavam próximos – "nossos meninos, nosso amigos", diz – foram atingidos por fósforo branco, um agente químico utilizado para criar cortinas de fumaça.
"Corri em direção deles e olhei para o chão. Lá estavam os cerca de dez garotos, todos com queimaduras no rosto. Tudo o que eles diziam era 'mãe, mãe, mãe'. Eles falavam somente isso. Eu realmente senti muito por eles."

 

Única viagem à Europa

A Segunda Guerra Mundial foi a única viagem de DeFrancisco para a Europa. Na França, ele e outros soldados ganharam três dias livres para conhecer Paris. "Foi lindo. Subimos a Torre Eiffel e foi maravilhoso, maravilhoso."

Durante o treinamento para a invasão do Dia D, em Plymouth, na Inglaterra, ele também pôde visitar Londres. "Um lindo lugar. E sabe, eles realmente bombardearam a Inglaterra, destruíram tudo. Isso é vergonhoso."
Durante o conflito, os lugares que ele pôde ver da Alemanha estavam praticamente desertos. "Eu não sei para onde a população alemã foi. As casas eram lindas, mas tivemos de destruí-las."

 Legião de honra

Quando a Alemanha e o Japão se renderam, DeFrancisco voltou para Nova York, cidade onde cresceu e de onde ele havia partido, dois anos antes, dentro do transatlântico Queen Mary, que levava 15 mil soldados a bordo. E retornou ao seu antigo emprego em uma empresa de vestuário, onde trabalhava com máquinas de costura.
Todos os três irmãos voltaram da guerra. "Ficamos muito felizes por termos sobrevivido." Um deles foi ferido em Anzio, ao sul de Roma. Daniel, o mais jovem deles, é o único ainda vivo. Ele mora em Riverdale, em Nova York.
Em maio ele foi homenageado pela Legião de Honra francesa numa cerimônia realizada em West Point, a mais reconhecida academia militar dos EUA. "Os oficiais da embaixada francesa estavam lá – eles foram os únicos que nos deram medalhas de honra. E nos abraçaram."
E se ele pretende voltar para a França?
"Eu não teria recursos para isso", diz ele, rindo. "Mas eles nos disseram que cuidam do nosso cemitério lá, onde os meninos estão enterrados. Eles contam que cuidam desse lindo lugar. E dizem: 'Danny, você tem que ir vê-lo'."

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