O tetracampeão de futebol contraria todos os prognósticos e se torna um craque também no Congresso, respeitado por adversários e reconhecido como um dos parlamentares mais influentes do País
Claudio Dantas Sequeira
OLHO VIVO
Romário em sessão no plenário: fiscal das obras da Copa
Quando o ex-atacante Romário foi eleito deputado federal pelo PSB, com quase 150 mil votos, muita gente duvidou que ele conseguiria repetir no Congresso o sucesso alcançado nos gramados. Alguns escorregões no início do mandato reforçaram essa impressão. Primeiro, a nomeação de belas loiras como assessoras parlamentares, sem nenhuma experiência na área. Depois, um flagra numa praia carioca em dia de sessão legislativa. As bolas foras serviram de alerta para o baixinho. Depois de um ano em Brasília, a conclusão é inevitável: Romário conseguiu virar o jogo e se mostrou um craque também no plenário. Assíduo em sessões plenárias e em comissões, o parlamentar vestiu a camisa em defesa dos portadores de necessidades especiais – ele mesmo tem uma filha com síndrome de Down – e assumiu o papel de fiscal das obras da Copa de 2014, abrindo uma guerra pública com o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira. Em entrevista exclusiva à ISTOÉ, Romário diz que tinha vontade de concorrer à Prefeitura do Rio em outubro próximo, mas o PSB já firmou aliança para apoiar um candidato do PMDB. Seguir o partido, aliás, não tem sido difícil para o tetracampeão. “Política, assim como o futebol, é jogo de equipe”, afirma.
Ganhar projeção em meio a um universo de 513 deputados não é nada fácil, especialmente para quem está no primeiro mandato. Não se trata simplesmente de atrair a atenção da mídia, o que é natural no caso de Romário, mas ser reconhecido entre os colegas, até mesmo por adversários de legenda. Pouco antes do recesso parlamentar, em meados de dezembro, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), mesmo sendo de oposição, elogiou a atuação de Romário. “Ele foi um dos maiores atletas do planeta e está se mostrando também um deputado federal de alto nível”, afirmou Demóstenes Torres. Recentemente, a consultoria Arko Advice incluiu o tetracampeão na Elite Parlamentar de 2011, um ranking feito desde 1998, em que são eleitos os 105 congressistas mais influentes no ano. “O Romário sempre foi um cara muito inteligente, não é um abestado”, diz o cientista político Murilo de Aragão, presidente da Arko Advice. “Podia ser juvenil em matéria de política, mas acabou se destacando, especialmente no debate sobre a Copa do Mundo.”
"Falei para o Ronaldo tomar cuidado. No futebol, se a gente erra
um gol, o torcedor perdoa. Na política, se fizer besteira, já era"
Em novembro, Romário foi o destaque da audiência pública da Comissão Especial da Lei Geral da Copa, que contou com a participação do secretário-geral da Federação Internacional de Futebol (Fifa), Jérôme Valcke, e do presidente da CBF, Ricardo Teixeira. Partiram dele todas as perguntas relevantes sobre as denúncias que rondam a CBF, os gastos públicos na Copa e as tentativas da Fifa de interferir nas leis brasileiras. Sem obter resposta a seus questionamentos, Romário chamou a audiência de circo. Foi seguido por outros parlamentares e a reunião teve de ser encerrada às pressas para evitar que políticos e comandantes do esporte se digladiassem. Em dezembro, a temperatura baixou após uma reunião de Romário com Teixeira e Ronaldo Fenômeno, nomeado para o conselho de administração do Comitê Organizador Local da Copa (COL-2014). “O Ronaldo não emprestaria sua imagem para uma furada”, afirma Romário. Também em dezembro, Romário marcou um golaço ao obter do comitê a garantia de que haverá uma cota de 38 mil ingressos gratuitos para a Copa a portadores de necessidades especiais. “Um dos motivos que me levaram a entrar na política foi a minha filhinha Ivy, que tem síndrome de Down”, diz o ex-jogador. “Vou lutar para melhorar a vida dessas pessoas. Essa é minha maior bandeira.”
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