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sábado, 30 de novembro de 2013

A dividida da FIFA

Como o acidente no Itaquerão e a discussão sobre a mudança do horário dos jogos marcados para as 13h podem tirar parte do brilho da festa do sorteio das chaves na Copa

Rodrigo Cardoso


O sorteio das chaves da Copa do Mundo, na sexta-feira 6, na Costa do Sauípe, deve esquentar o clima no País nesta reta final antes do início do torneio. Um acidente ocorrido na quarta-feira 28 na Arena Corinthians fará com que os cartolas da Fifa, durante a estadia na caliente Bahia de todos os santos, deixem o clima de festa de lado para se debruçarem sobre um assunto espinhoso. Na ocasião, a entidade terá de revalidar a abertura do Mundial no Itaquerão, cuja conclusão das obras sofrerá um atraso de cerca de três meses, depois que um guindaste que içava o último módulo da estrutura de cobertura se partiu e derrubou a peça de 420 toneladas sobre a fachada do estádio. Dois funcionários morreram no local.
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ESPANTO
O estrago feito pelo acidente que danificou a fachada
da Arena Corinthians e matou dois operários
Não há como adiar essa decisão, já que, com o sorteio em Sauípe, serão definidas as cidades onde as seleções irão jogar e, claro, as que forem direcionadas para a sede de São Paulo têm de saber em qual campo irão atuar. Seis partidas estão programadas para acontecer na nova casa do Corinthians. A situação da Arena preocupa. Apesar de apenas 5% do estádio ter sido interditado pela Defesa Civil para que seja feita uma perícia, o Ministério Público paulista pode pedir a paralisação total das obras. Não se sabe se o acidente ocorreu por algum problema técnico do guindaste, por falha humana ou porque o solo cedeu enquanto a peça era içada. Presente no estádio no momento do acidente, Andrés Sánchez, ex-presidente do Corinthians, acredita que uma fatalidade explica o ocorrido. Um dia depois da tragédia, os nove guindastes da obra do Itaquerão foram interditados pelo Ministério do Trabalho e Emprego. “A obra vai atrasar, com certeza. A data Fifa não me interessa, quero saber da segurança da operação”, disse Antônio Pereira do Nascimento, coordenador do Programa de Construção Civil, em São Paulo, do MP.
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PORTA-VOZ
Presente no estádio no momento do acidente, Andrés Sánchez,
ex-presidente do Corinthians, diz que o acidente foi uma fatalidade
Se a perícia, que pode levar 30 dias, for ágil e não complicar a situação do Corinthians comprovando que o acidente não causou danos estruturais ao prédio, tudo leva a crer que a conclusão do estádio, que deveria ocorrer este mês, ficará para fevereiro ou março. Para o arquiteto Eduardo de Castro Mello, responsável pelo projeto do estádio Mané Garrincha, em Brasília, trata-se de uma expectativa muito otimista, considerando-se os problemas de logística que a Odebrecht, a empresa responsável pela construção do Itaquerão, irá enfrentar. “Fabricar outra estrutura como aquela, transportá-la para a obra e trazer outra grua para substituir a que quebrou e era a única no Brasil não é tão simples. E, em fim de ano, complica mais ainda”, afirma ele. “A gente torce para que seja feito um milagre e tudo se resolva.”
Acidentes seguidos de mortes também foram registrados em duas outras arenas da Copa, em Brasília e Manaus, onde uma pessoa morreu em cada uma delas. A proximidade do início do Mundial e a falta de um plano B da Fifa para São Paulo deverão forçar a entidade a mudar o cronograma e esperar a conclusão do Itaquerão. Pesa ainda o fato de a entidade ter marcado para São Paulo, em junho de 2014, o seu congresso anual. A rede hoteleira da capital paulista é considerada pelos cartolas a única capaz de receber os representantes de 209 associações que aqui estarão para o evento.
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PREOCUPAÇÃO
O homem forte da Fifa, Joseph Blatter, não terá vida tranquila, no Brasil,
durante a semana do sorteio dos grupos da Copa: assuntos espinhosos em pauta
Outro tema que a Fifa irá tratar a portas fechadas na Bahia, longe do clima de festa, será a pressão para mudar o horário de 24 dos 64 jogos marcados para as 13h. “Simulamos recentemente quatro partidas começando às 13h em quatro cidades e instalamos chips que mediram por telemetria a temperatura do corpo nos 11 jogadores de um dos times”, conta Rinaldo Martorelli, presidente da Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol. “Provamos cientificamente que há riscos para a saúde dos atletas e fui até a Fifa entregar o documento de 25 páginas.” Já na Copa das Confederações, realizada em meados de junho, jogadores das Seleções da Espanha e da Itália reclamaram publicamente do calor durante as partidas.
O Comitê Organizador Local (COL) confirmou que os cartolas vão se reunir, antes do sorteio, para decidir sobre esse tema também. “A saúde dos atletas tem de estar em primeiro lugar. Mas marcam-se jogos às 13h por causa da tevê, que é quem mais injeta dinheiro na Copa”, diz Carlos Alberto Parreira, coordenador-técnico da Seleção, favorável à disputa de partidas a partir das 16h. Esse é outro embate que promete. “A cada 1% de peso perdido por causa da desidratação o rendimento do atleta cai 5%”, explica o fisiologista Turíbio Leite Barros Neto, do instituto Vita. Apesar do sorteio dos grupos, como se vê, o clima ainda não está para festa.
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Fotos: EDUARDO VIANA/AFP PHOTO/LANCEPRESS; EVELSON DE FREITAS/ESTADÃO; Enrique De La Osa/REUTERS

Roubini, economista que previu a crise dos EUA, vê sinais de bolha no Brasil

Segundo o professor da New York University, cenário de elevados preços dos imóveis é visto também em outros emergentes e em economias avançadas como França, Alemanha e Reino Unido

Economista Nouriel Roubini, professor da New York University
Economista Nouriel Roubini, professor da New York University (Simon Dawson/Bloomberg/Getty Images)
O economista e professor da New York University, Nouriel Roubini – conhecido por ser um dos especialistas a prever a crise financeira dos Estados Unidos de 2008 – escreveu num artigo no site Project Syndicate que as grandes cidades brasileiras mostram evidências de bolha imobiliária.
Roubini diz que, cinco anos depois de a crise financeira ter estourado nos EUA, sinais de “espuma, senão bolhas” estão reaparecendo nos mercados imobiliários de países como Suíça, Suécia, Noruega, Finlândia, França, Alemanha, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e Grã-Bretanha. Entre os emergentes, além do Brasil, o especialista cita Hong Kong, Cingapura, China, Israel e grandes centros urbanos na Turquia, na Índia e na Indonésia.
O professor aponta como evidências de bolha o rápido aumento dos preços das moradias, principalmente ao compará-los com a evolução da renda e a forte participação da dívida hipotecária no endividamento das famílias nessas regiões.
Contudo, ao explicar o que está provocando o cenário de preços elevados nos mercados imobiliários, ele faz uma distinção entre os países emergentes e as economias mais avançadas. Para Roubini, o primeiro grupo tem esse cenário provocado pelas políticas de “afrouxamento quantitativo”: taxas baixíssimas de juros, grande disponibilidade de dinheiro no mercado, em um momento em que a inflação e o crescimento são baixos também.
Já para os emergentes, o especialista faz uma distinção nos países que têm renda per capita mais elevada, como Hong Kong e Cingapura, a possível bolha se deve às taxas baixas de juros para evitar valorização das moedas locais. Já em países como Brasil, Turquia, Índia e Indonésia, ele cita os elevados patamares inflacionários.
Contudo, Roubini não acredita que essas bolhas vão estourar rapidamente. Segundo ele, trata-se de uma lenta repetição do que aconteceu com o mercado imobiliário recentemente. “E, como da última vez, quanto maiores as bolhas se tornarem, mais desagradável será a colisão com a realidade.”
Roubini não é o primeiro a ver sinais de bolha no mercado imobiliário brasileiro. Recentemente, o economista e professor de Yale - também vencedor do prêmio Nobel de Economia 2013 -, Robert Shiller, disse ao site de VEJA que o país pode estar vivendo uma situação de bolha. Isso devido ao súbito aumento dos preços das moradias, principalmente em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo. Assim como Roubini, Shiller também foi um dos primeiros economistas a sinalizar a crise dos Estados Unidos.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Justiça determina fim de regalias de mensaleiros na prisão

Condenados recebiam visitas em dias e horários mais flexíveis que os detentos

Laryssa Borges, de Brasília
Esposa do deputado federal José Genoino, Rioco Kayano, e os filhos Ronan e Miruna próximos à portaria do Complexo Penitenciário da Papuda
Esposa do deputado federal José Genoino, Rioco Kayano, e os filhos Ronan e Miruna próximos à portaria do Complexo Penitenciário da Papuda - Valter Campanato/ABr
A Vara de Execuções Penais (VEP) do Distrito Federal determinou nesta quinta-feira o fim dos privilégios que os condenados no escândalo do mensalão mantinham no presídio da Papuda, em Brasília. Os mensaleiros recebiam visitas em dias e horários mais flexíveis que os demais detentos. Deputados e senadores chegaram a realizar verdadeiras caravanas para visitar o trio petista José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares na prisão.
De acordo com a VEP, juízes detectaram que esses benefícios estavam causando “instabilidade” e “insatisfação” na população carcerária. Para os magistrados, os mensaleiros não podem ter regalias. “É justamente a crença dos presos nesta postura isonômica por parte da Justiça que mantém a estabilidade do precário sistema carcerário local. Essa quebra encontraria justificativa apenas se fosse possível aceitar a existência de dois grupos de seres humanos: um digno de sofrer e passar por todas as agruras do cárcere e, outro, o qual dever ser preservados de tais efeitos negativos, o que, evidentemente, não é legítimo admitir”, diz a decisão.
Conforme decisão da VEP, a vigilância deve ser intensificada nos arredores do Complexo Penitenciário da Papuda para garantir a segurança da área.
Mulheres – Também nesta quinta-feira, a VEP determinou a imediata transferência da ex-funcionária de Marcos Valério, Simone Vasconcelos, e da banqueira Kátia Rabello para Penitenciária Feminina do DF, na cidade do Gama. Atualmente elas estão no 19º Batalhão da Polícia Militar, dentro da própria Papuda.

Petrobras pode definir novo reajuste da gasolina e do diesel nesta sexta

Último reajuste de preços da gasolina foi em janeiro deste ano, de 6,6%.
Atualmente, reajuste tem alta relação com o andamento da inflação no país.

Do G1, em São Paulo
A Pretrobras pode definir um novo reajuste dos preços da gasolina e do óleo diesel para as refinarias para vigorar ainda neste ano em reunião desta sexta-feira (29) do Conselho de Administração da estatal, em São Paulo. A reunuião está marcada para as 10h, de acordo com a agenda do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que também é o presidente do conselho da estatal.
O último reajuste de preços da gasolina foi em janeiro deste ano, de 6,6%.
Analistas avaliam que a estatal deverá anunciar um novo reajuste para as refinarias ainda neste ano, ou no começo de 2014, para diminuir seu prejuízo com a alta do preço do petróleo no mercado internacional e com a valorização do dólar. Como a Cide já está zerada, um eventual novo reajuste nas refinarias seria necessariamente repassado para os preços ao consumidor.
A diferença entre os preços do mercado interno e externo chegou a quase zero em abril. Com a alta do dólar, contudo, bateu os R$ 0,42 centavos por litro em agosto. Hoje, está em torno de R$ 0,13% por litro, de acordo com informações do Bom Dia Brasil.

No Brasil, o preço da gasolina varia de capital para capital - o que depende de fatores como a distância da refinaria, a concorrência entre os postos, etc. Contudo, se o aumento vier em torno de 5% ou 6% (percentual em discussão), a alta na bomba deve ficar em torno de 4%.
Inflação
Atualmente, o governo controla os reajustes de combustíveis da estatal com base, principalmente, em questões relacionadas à inflação. Isso porque o aumento dos preços do combustível impacta na inflação que, neste ano, chegou a ficar acima do teto de 6,5% da meta do governo - em junho, o IPCA em 12 meses ficou em 6,7%.
De acordo com o Bom Dia Brasil, os economistas calculam que a alta na bomba de 4% no preço da gasolina, por exemplo, some ao IPCA 0,2 ponto percentual.

Impacto nas ações da Petrobras
Acontece que essa atual política de preços da Petrobras, com reajustes esporádicos que não acompanham valores internacionais no curto prazo e provocam defasagem, está afetando a companhia num momento em que a empresa vem importando derivados para fazer frente ao crescimento do consumo brasileiro, principalmente por diesel.
Na prática, o mercado (acionistas da Petrobras) não vê com bons olhos a política de controle de preços com base na inflação do país, tendo em vista que o reajuste não acompanha os valores do mercado internacional.
De acordo com o Bom Dia Brasil, as ações da Petrobras caíram 13% nos últimos dez dias.
No terceiro trimestre, o lucro da Petrobras caiu 45% sobre o trimestre anterior, para R$ 3,395 bilhões. A queda foi de 39% em relação ao mesmo período do ano passado.

Nova metodologia
A Petrobras anunciou em outubro que terá uma nova metodologia traga maior previsibilidade do alinhamento dos preços domésticos do diesel e da gasolina aos preços praticados no mercado internacional.
De acordo com a Petrobras, a metodologia contempla reajuste automático do preço do diesel e da gasolina em periodicidade a ser definida antes de sua implantação, baseado em variáveis como o preço de referência desses derivados no mercado internacional, taxa de câmbio e ponderação associada à origem do derivado vendido, se refinado no Brasil ou importado.
A proposta dessa nova metologia, porém, não está pronta, disse Mantega. De acordo com o ministro, o governo federal e a Petrobras ainda estão amadurecendo uma decisão sobre uma fórmula de reajuste da gasolina no país. Ele não informou se a decisão pode ficar para 2014. "Quando ficar pronto, será apresentado", se limitou a dizer.