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segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Condenados do mensalão tomam banho frio e comem com colher de plástico

SEVERINO MOTTA
MATHEUS LEITÃO
DE BRASÍLIA
MARINA DIAS
DE SÃO PAULO
Banho frio, beliche com colchão de espuma e almoço servido em marmitex de alumínio e colher de plástico.
Essas são as condições da cadeia provisória em que estão os condenados no julgamento do mensalão que já começaram a cumprir pena.
Desde anteontem, os ex-integrantes da cúpula petista José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares e outros seis réus homens, entre eles o empresário Marcos Valério, estão num pequeno prédio sob controle da Polícia Federal dentro do Complexo Penitenciário da Papuda.
Já a banqueira Kátia Rabello e Simone Vasconcellos, ex-funcionária de Valério, ficaram em unidade da PF no centro de Brasília. Todos aguardam a definição da Justiça sobre os locais definitivos onde cumprirão pena.
Os nove homens foram acomodados em celas de seis metros quadrados com beliche de ferro e estrado de madeira e colchão de espuma. Cinco deles ficaram em uma mesma cela e quatro, em outra, segundo a Folha apurou.
Editoria de Arte/Folhapress
Nas celas também há uma pia, um cano com água fria que é usado para banhos e a chamada bacia turca no lugar da privada -a instalação sanitária fica rente ao chão.
No café da manhã a refeição para todos os presos foi pão com manteiga, café e leite. No almoço foi servido marmitex com arroz, feijão, carne, legumes e verduras. Eles fizeram a refeição usando colheres de plástico flexível.
CONSULTA
Em sua primeira noite na cela, Genoino foi atendido por um médico particular a pedido da família em torno das 2h. Pálido e "visivelmente cansado", segundo laudo do cardiologista Daniel França Vasconcelos, o ex-presidente do PT relatou dores no peito e nas pernas (leia texto nesta página).
Genoino estava em pé e bastante inquieto quando o médico entrou na cela. Após uma hora e meia de consulta, com a pressão controlada por medicamentos, o petista conseguiu dormir ao menos três horas seguidas.
Para passar o tempo, ele tem se dedicado à leitura da biografia de Getúlio Vargas, presente do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.
Em torno do meio-dia de ontem, Genoino recebeu a visita de um advogado de Brasília que representa o seu defensor, que o informou sobre o pedido feito ao Supremo Tribunal Federal para que possa ele cumprir pena em regime domiciliar em razão dos problemas de saúde.
"Sou um preso político e estou muito doente. Se morrer aqui, o povo livre deste país que ajudamos a construir saberá apontar os meus algozes", disse o petista ao advogado. Ele relatou a visita à família, que reclama de não ter conseguido entregar nem uma carta ao deputado.
ALGEMAS
No périplo aéreo que 9 dos 11 presos fizeram a bordo de uma avião da PF anteontem, todos viajaram algemados. O procedimento é necessário devido a norma que trata do transporte aéreo de presos.
A aeronave veio a São Paulo para buscar Dirceu e Genoino. Depois, seguiu para Belo Horizonte, onde recolheu outros sete presos, e chegou a Brasília no fim da tarde.
O voo aconteceu em absoluto silêncio. Os condenados não conversaram e cada um viajou sentado ao lado de um policial federal. Não houve lanche e nem água foi oferecida aos presos.
APREENSÃO
Apesar de o prédio em que estão no momento ser totalmente separado das penitenciárias, a Folha apurou que os presos do mensalão ficaram bastante apreensivos com a possibilidade de serem enviados para o sistema comum da Papuda, onde ficam os presos do regime fechado.
A informação de que eles seriam misturados aos demais presos do complexo circulou entre os condenados na forma de boato, mas foi suficiente para que alguns deles solicitassem contato com seus advogados numa tentativa de evitar a situação.
Outro pedido dos presos foi relativo à necessidade de tomarem remédios. Por isso, alguns advogados, como os de Genoino e de Delúbio enviaram documentos ao STF e à Papuda para tentar liberar o ingresso dos medicamentos.
Delúbio recebeu ontem sua mulher no presídio. A visita foi curta e, apesar de ainda não estar tomando seus remédios para diabetes, ele afirmou que, "dentro do possível", está bem.
O juiz de execução penal de Brasília, Ademar Silva Vasconcelos, deve formalizar hoje o ingresso dos condenados no sistema prisional.
Assim que isso acontecer, os advogados farão pedidos à Justiça para tentar transferir seus clientes para unidades prisionais em seus Estados de origem.

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