Ministros árabes aprovaram neste domingo sanções à Síria diante do agravamento da violência no país. Entre as medidas estão: congelamento de ativos, paralisação de investimentos e suspensão de transações com o Banco Central sírio.
As sanções foram aprovadas por 19 dos 22 membros da Liga Árabe. O anúncio foi feito pelo primeiro-ministro do Qatar, Hamad bin Jassim Thani, após a votação.
Segundo ele, caso as medidas falhem em conter a crise no país, as forças de outras nações estrangeiras poderiam ter que intervir na Síria.
A declaração mostra uma mudança de posição, uma vez que Thani havia dito anteriormente que a Liga queria evitar de qualquer maneira um episódio semelhante ao que ocorreu na Líbia, onde uma resolução do Conselho de Segurança da ONU permitiu a intervenção da Otan, a aliança militar do Ocidente, com ataques aéreos.
"Todo trabalho que estamos fazendo é para evitar essa interferência", afirmou ele, acrescentando que não conseguiriam fazê-lo caso a comunidade internacional não levasse a Liga a sério.
Entre as sanções colocadas, está a proibição de viagens de autoridades sírias, o congelamento de fundos relacionados ao regime, o bloqueio de acordos e transações com o banco central do país e o fim de investimentos no local.
Também está contemplado o fim das relações comerciais com o Executivo de Damasco, com exceção de mercadorias estratégicas que afetem a população. O regime já havia dito que tais punições prejudicariam o povo da Síria.
Segundo a emissora britânica de TV BBC, a Síria rejeitou a iniciativa da Liga Árabe, alegando que o organismo está interferindo em assuntos internos e tentando "internacionalizar" o conflito sírio. Damasco retrata a ação como uma "conspiração ocidental" para prejudicar o país, por conta de sua oposição a Israel.
A TV estatal síria descreveu as sanções, antes mesmo de elas serem divulgadas, como "medidas sem precedentes que alvejam a população". E, segundo a agência Associated Press, autoridades sírias consideraram as sanções como uma traição à "solidariedade árabe".
IMPASSE
Os ministros foram instigados a agir pelo agravamento da situação no país do ditador Bashar Assad depois de ele ter falhado em implementar um plano de paz regional.
Damasco ignorou prazo para deixar entrar no país monitores árabes e para tomar medidas para acabar com a repressão do governo a um levante que já dura oito meses contra o regime de Assad.
O ultimato dado pela Liga Árabe para que a Síria assinasse um acordo permitindo a entrada de uma missão de observadores chegou ao fim na sexta-feira (25) sem que houvesse uma resposta concreta de Damasco. Com o fim do prazo, a organização havia prometido aplicar sanções contra o regime.
Reuters | ||
Assento do ministro das Relações Exteriores da Síria fica vazio durante encontro da Liga Árabe |
O órgão desejava enviar 500 pessoas para monitorar a onda de repressão a opositores e tentar colocar um fim à violência no país. As autoridades sírias, porém, disseram que permitiriam apenas 40 pessoas.
Segundo estimativas da ONU, desde o início das revoltas em março, mais de 3.500 pessoas morreram, entre elas centenas de crianças. O regime liderado por Bashar Assad afirma que é vítima de grupos terroristas armados apoiados por estrangeiros e que já perdeu mais de 1.100 soldados.
Atualmente, a Síria não está representada na reunião da Liga Árabe porque sua filiação foi suspensa por ter fracassado em implementar um plano da Liga para acabar com a repressão aos protestos contra Assad.
Em 2 de novembro, o regime havia firmado um acordo com o órgão de colocar um fim à violência, retirar os militares das regiões com manifestantes e libertar presos políticos. Damasco, porém, continuou a repressão, o que fez com que a Liga, que rejeitou por décadas medidas contra qualquer Estado-membro, decidiu suspender o país.
VIOLÊNCIA
Durante encontro com estudantes, o ditador sírio, Bashar Assad, afirmou neste domingo que as forças do regime continuarão lutando contra os "terroristas" no país. "Não haverá tolerância com eles", garantiu, dizendo que o Exército realizou "golpes contundentes e decisivos contra os terroristas".
Assad afirmou que "os grupos armados que aterrorizam os cidadãos sírios estão divididos em três grupos: uns pertencem aos Irmãos Muçulmanos, outros a grupos fanáticos islâmicos, e por último são os que estão condenados à morte ou à prisão perpétua e não hesitam em cometer estes atos".
Em relação às informações que um número indeterminado de soldados teria abandonado as fileiras do Exército sírio, Assad declarou que "se o abandono de dezenas de soldados se chama deserção, então todos os países têm deserções".
Ao mesmo tempo, pelo menos dez pessoas morreram na Síria, uma delas menor de idade, segundo o grupo Observatório Sírio de Direitos Humanos, com sede em Londres.
Arte Folha/Arte Folha | ||
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