"Depois de suprimir os valores éticos da política interna, o PT suprimiu os valores morais da política externa. Kim Jong-Il, para o petismo, é uma espécie de Banco Rural – uma simples fonte de receita"
Kim Jong-Il liga o DVD:
Porfirio Diaz e Paulo lutam na escadaria. Porfirio Diaz está armado. Paulo o esbofeteia e se afasta. Em off, rajadas de metralhadora. Ópera. Porfirio Diaz grita, em lágrimas: "Sozinho! Paulo! Sozinho! Paulo! Sozinho!".
Kim Jong-Il, irritado, desliga o DVD. Dá uma olhada na capa: Terra em Transe. Dá uma olhada no comentário do diretor: "Terra em Transe é um documentário sobre a metáfora. Crítico, e mais do que isso, dialética da metáfora X realidade. Uma chave: ópera e metralhadora". Kim Jong-Il é tomado pelo desejo de exterminar aquela gente insensata, e manda direcionar um de seus foguetes dotados de ogiva nuclear contra o país que originou o filme – o Brasil. Quem pode recriminá-lo?
É isso que acontecerá quando pudermos mandar nosso homem para a Coreia do Norte. Seu nome é Arnaldo Carrilho. Nesta semana, ele iria abrir a embaixada brasileira em Pyongyang. Os planos tiveram de ser adiados porque na mesma data, desafortunadamente, Kim Jong-Il decidiu detonar uma bomba nuclear. E disparar meia dúzia de Taepodong-2, seu míssil balístico. E desencadear uma guerra contra o resto do mundo. Arnaldo Carrilho declarou que, chegando à Coreia do Norte, presentearia os DVDs de Glauber Rocha a Kim Jong-Il. Que é um "cinéfilo", segundo nosso diplomata. Chamar um sociopata como Kim Jong-Il de cinéfilo equivale a chamar Hitler de vegetariano.
A abertura de uma embaixada brasileira na Coreia do Norte, na mesma semana em que Kim Jong-Il detonou uma bomba nuclear, é só a última de uma série de desfeitas do Itamaraty. Lula e Celso Amorim defendem as escolhas ultrajantes de nossa diplomacia com o argumento de que o Brasil topa fazer negócios com qualquer um. Depois de suprimir os valores éticos da política interna, o PT suprimiu igualmente os valores morais da política externa. Kim Jong-Il, para o petismo, é uma espécie de Banco Rural – uma simples fonte de receita. O resultado de tanto despudor é que passamos até a abrigar terroristas da Al Qaeda no território nacional.
Mas há também um parentesco ideológico entre o PT e a Coreia do Norte. No ano passado, na festa do partido, o representante norte-coreano disse o seguinte: "O PT está construindo um socialismo de tipo brasileiro. Nós, do Partido do Trabalho da Coreia, temos a mesma finalidade". É isso: Kim Jong-Il quer construir um socialismo de tipo brasileiro. Sozinho! Kim! Sozinho! Kim! Sozinho!
Nelson Rodrigues só gostou de uma cena de Terra em Transe. É aquela na qual Glauber Rocha esfrega na cara da plateia que "o povo é débil mental". O cinéfilo Lula e o cinéfilo Celso Amorim entenderam perfeitamente a mensagem do filme.
Kim Jong-Il liga o DVD:
Porfirio Diaz e Paulo lutam na escadaria. Porfirio Diaz está armado. Paulo o esbofeteia e se afasta. Em off, rajadas de metralhadora. Ópera. Porfirio Diaz grita, em lágrimas: "Sozinho! Paulo! Sozinho! Paulo! Sozinho!".
Kim Jong-Il, irritado, desliga o DVD. Dá uma olhada na capa: Terra em Transe. Dá uma olhada no comentário do diretor: "Terra em Transe é um documentário sobre a metáfora. Crítico, e mais do que isso, dialética da metáfora X realidade. Uma chave: ópera e metralhadora". Kim Jong-Il é tomado pelo desejo de exterminar aquela gente insensata, e manda direcionar um de seus foguetes dotados de ogiva nuclear contra o país que originou o filme – o Brasil. Quem pode recriminá-lo?
É isso que acontecerá quando pudermos mandar nosso homem para a Coreia do Norte. Seu nome é Arnaldo Carrilho. Nesta semana, ele iria abrir a embaixada brasileira em Pyongyang. Os planos tiveram de ser adiados porque na mesma data, desafortunadamente, Kim Jong-Il decidiu detonar uma bomba nuclear. E disparar meia dúzia de Taepodong-2, seu míssil balístico. E desencadear uma guerra contra o resto do mundo. Arnaldo Carrilho declarou que, chegando à Coreia do Norte, presentearia os DVDs de Glauber Rocha a Kim Jong-Il. Que é um "cinéfilo", segundo nosso diplomata. Chamar um sociopata como Kim Jong-Il de cinéfilo equivale a chamar Hitler de vegetariano.
A abertura de uma embaixada brasileira na Coreia do Norte, na mesma semana em que Kim Jong-Il detonou uma bomba nuclear, é só a última de uma série de desfeitas do Itamaraty. Lula e Celso Amorim defendem as escolhas ultrajantes de nossa diplomacia com o argumento de que o Brasil topa fazer negócios com qualquer um. Depois de suprimir os valores éticos da política interna, o PT suprimiu igualmente os valores morais da política externa. Kim Jong-Il, para o petismo, é uma espécie de Banco Rural – uma simples fonte de receita. O resultado de tanto despudor é que passamos até a abrigar terroristas da Al Qaeda no território nacional.
Mas há também um parentesco ideológico entre o PT e a Coreia do Norte. No ano passado, na festa do partido, o representante norte-coreano disse o seguinte: "O PT está construindo um socialismo de tipo brasileiro. Nós, do Partido do Trabalho da Coreia, temos a mesma finalidade". É isso: Kim Jong-Il quer construir um socialismo de tipo brasileiro. Sozinho! Kim! Sozinho! Kim! Sozinho!
Nelson Rodrigues só gostou de uma cena de Terra em Transe. É aquela na qual Glauber Rocha esfrega na cara da plateia que "o povo é débil mental". O cinéfilo Lula e o cinéfilo Celso Amorim entenderam perfeitamente a mensagem do filme.
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