Principal força de segurança da ONU no Haiti, as tropas brasileiras passaram a arcar com outras duas responsabilidades depois do terremoto: a distribuição de comida e demais donativos e o atendimento médico. Pelo menos 343 toneladas de alimentos e 51 mil litros de água já foram distribuídos para os haitianos. Levar comida em bairros muito pobres e atingidos pelo terremoto é uma tarefa perigosa. Em 2006, dois militares jordanianos da missão de Paz da ONU foram mortos em uma emboscada.
“É como uma operação de guerra. De tarde vemos se está tudo normal, se o clima está bom. Aí temos de cercar as entradas e garantir a ordem para que a distribuição ocorra sem problemas”, explica o comandante do 1.º Batalhão de Infantaria Motorizada, que cobre o bairro de Cité Soleil. O Hospital de Campanha da Aeronáutica, que foi instalado três dias depois dos tremores também passou a ser fundamental num país que já tinha um sistema de saúde precário e que agora depende quase que exclusivamente do atendimento médico ligado à ONU. “Nos primeiros dias, os atendimentos ficaram concentrados na área ortopédica. Eram muitos traumas devido ao terremoto. Agora, os atendimentos clínicos e pediátricos têm sido os mais procurados. Já fizemos 13 partos aqui”, conta o coronel João Carlos Azeredo, comandante do Hospital de Campanha da FAB.
Na esfera civil, a atuação brasileira também é destacada. A coordenadora do principal projeto de geração de renda do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) no Haiti é a brasileira Eliana Nicolini. O Cash for Work (dinheiro por trabalho) emprega 35 mil haitianos em serviço de limpeza e conservação urbana. “Estamos limpando a cidade, gerando renda e aumentando a autoestima deles”, diz Eliana. Segundo ela, o projeto pretende atingir 100 mil haitianos nos próximos meses.
O Brasil também está representado no Haiti por uma dezena de Organizações Não Governamentais (ONGs). A maior delas, a Viva Rio, transformou suas instalações em um acampamento improvisado para 13 mil pessoas.
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