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quinta-feira, 27 de maio de 2010

Lula volta a fazer ironias à Justiça Eleitoral

BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a debochar ontem à noite da atuação das instituições de controle e fiscalização do país, durante discurso na abertura da Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, em Brasília. Em tom irônico, o presidente disse que, em ano eleitoral, pode vir a ser processado porque ganhou uma luneta de presente do ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende. Disse ainda que a luneta poderia levar a oposição a propor uma CPI no Congresso e paralisar o país.
- Ele (Rezende) me deu uma luneta que não funciona, porque estamos em ano eleitoral e alguém vai dizer: "O ministro deu uma luneta para o Lula. Uma luneta que foi comprada para dar às crianças". Pronto. Já está o Lula processado, já está o Ministério Público atrás da minha luneta e o Tribunal de Contas procurando que crime eu cometi. Já está a oposição propondo a CPI da Luneta, e aí tudo fica paralisado neste país - afirmou Lula, alterando a voz, como se imitasse alguém.
Bastante aplaudido pelos cientistas, que pediram seu apoio para atingir metas no setor em 2020, Lula fez uma série de queixas. Reclamou dos ministros que emperram projetos de outras pastas, dos que não gastam a verba disponível, dos empresários que não investem em inovação e dos trabalhadores que fazem greve, mas não aceitam ter os dias descontados.
No caso de projetos de ciência e tecnologia, Lula citou o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, e o secretário-executivo da pasta, João Bernardo, que levaram oito meses para liberar o projeto que cria um centro de estudos para o semi-árido nordestino.
- Eu disse ao João Bernardo: "O que você não fez em oito meses vai fazer agora".
Num período em que vários setores do serviço público estão em greve, Lula, um ex-sindicalista, voltou a defender o corte de ponto dos que não comparecem ao trabalho. Para o presidente, greve longa sem desconto dos dias parados é férias.
Lula também atacou os críticos do Programa Nacional de Direitos Humanos, lançado em dezembro do ano passado, que provocou reação de diversos setores da sociedade. Os militares não gostaram da forma como foi abordada a tortura na época da ditadura militar; a Igreja condenou o tratamento dado ao aborto e o agronegócio condenou a fórmula das desapropriações de terras. Lula disse que, depois de três meses de críticas ao ministro de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, foi comparar os planos de 1996, 2002 e 2009, concluindo que os dois primeiros eram mais à esquerda.
- Nos aspectos em que o Paulinho apanhou, as conferências de 2002 e 1996 eram muito mais sectárias e muito mais à esquerda. Entretanto, os algozes o criticaram provavelmente porque leram, mas não acreditaram que seriam feitas. A nossa, eles nem leram e não gostaram - disse.
Lula voltou a criticar também a postura dos Estados Unidos diante do acordo assinado entre Brasil, Turquia e Irã, sobre a questão nuclear. Lula disse que alguns países só sabem fazer política criando inimigos ruins e feios, e demonstrando que têm força. O presidente afirmou que, criando um clima de confiança com o Irã, conseguiu celebrar um acordo que os Estados Unidos tentavam há 31 anos.
- Tem gente que, em vez de sentar numa mesa para conversar, prefere mostrar: "Eu tenho força. Ou dá ou desce". Eu não sou assim, ninguém dá e todo mundo desce - disse Lula, batendo no antebraço, numa demonstração de força.

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