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domingo, 11 de dezembro de 2011

Cresce interesse por carro colorido, mas compra requer paciência

Carros coloridos são tendência. Na Fiat, 60% das vendas do novo Uno foram de modelos em tons de amarelo, verde, azul, laranja e vermelho. Porém, comprar um veículo que fuja do preto ou do prata é tarefa difícil.

A reportagem da Folha esteve em 20 concessionárias das marcas Fiat e Ford --que oferecem o maior número de tons diferentes no Brasil-- para simular a compra de um carro colorido (o Uno Amarelo Citrus e o Ka Sport Laranja Ibiza, cores escolhidas para divulgar os lançamentos).

Luiza Sigulem/Folhapress
Paulo Ariosto (à esq.) e Paulo Henrique, pai e filho, compraram carros idênticos e amarelos
Paulo Ariosto (à esq.) e Paulo Henrique, pai e filho, compraram carros idênticos e amarelos

A maioria das lojas ofereceu descontos nas versões existentes em estoque, invariavelmente de cores convencionais. Na Fiat Sempre, o vendedor chegou a dizer que a fábrica vai deixar de produzir o Uno Amarelo Citrus, informação negada pelo fabricante do carro.

De acordo com Isabella Vianna, do Centro Stilo Fiat, as cores chamativas representam mais da metade das vendas do Uno. Preto e prata ficaram com 40%.

"A montadora deu atenção especial aos jovens da chamada geração Y (nascidos de 1978 a 2000) desde as primeiras pesquisas para a concepção do projeto. Uma das conclusões é que eles desejam ter um carro que não seja igual aos outros", conta Isabella.

Os números surpreenderam a Fiat. "As cores vibrantes nunca chegavam a 1% das vendas, como aconteceu com o verde e o laranja do Palio nos anos 1990. Eram cores de lançamento, que ficavam, em média, um ano na linha de produção."

Para os principais fabricantes de tintas automotivas, o sucesso das novas cores esbarra no conservadorismo dos concessionários, que conseguem abortar boa parte das escolhas da equipe de criação do carro. As revendas preferem trabalhar com os tons mais aceitos, que variam do branco ao preto.

A aposentada Albertina Steiner, 65, descobriu isso em setembro ao entrar em uma revenda Ford de Campinas. Estava disposta a comprar um Ka Sport laranja.

"Como não havia em estoque, dei um sinal e encomendei o modelo. Depois de um mês, liguei para a Ford e fui informada que não existia um Ka nessa cor." Ela não desistiu e conseguiu receber o carro no início de novembro, depois ter percorrido todas as revendas de Campinas.

Nas visitas às concessionárias Ford, a Folha conseguiu achar o Ka laranja para pronta entrega em três lojas (Sonnervig, Souza Ramos e Avante). Nas demais, só por encomenda, com prazos de entrega entre 30 e 60 dias.

Editoria de Arte/Folhapress

O gosto por cores vibrantes passa de pai para filho, ou vice-versa. "Quando eu fui à concessionária já estava decidido a levar um Kia Picanto amarelo. Cansei do prata. Logo depois, meu pai também comprou um igual", conta o estudante Paulo Henrique Anastácio, 18.

A única diferença do seu carro para o do empresário Paulo Ariosto Anastácio, 52, é o câmbio. O pai preferiu a caixa automática.

Os fabricantes de tintas investem constantemente em pesquisas para conhecer o gosto dos consumidores.

A PPG concluiu em novembro um estudo nos Estados Unidos sobre a importância da pintura na compra de um carro novo. Para 48% dos entrevistados, a cor foi o principal fator de escolha.

A pesquisa revelou também que o branco é a cor de carro mais popular do mundo neste ano. Cerca de 21% dos carros produzidos em 2011 saíram da fábrica pintados nesse tom. Prata e preto dividiram o segundo lugar, empatados em 20%.

"No Brasil, a cor branca tinha 10,2% da preferência em 2009, subiu para 13,8% em 2010 e agora chegou a 16,1%. O prata lidera, mas sua participação caiu de 34,1% para 31% nos últimos dois anos", diz Alex Lair de Amorim, responsável pelo Laboratório de Desenvolvimento de Cores da PPG do Brasil.

Cores mais vibrantes chamam a atenção nas ruas, mas são minoria no planeta. De acordo com a fabricante de tintas DuPont, o vermelho tem 7% da preferência mundial, seguido pelas tonalidades de marrom (5%), verde (2%) e dourado (1%).

Quem foge à regra precisa se acostumar com a fama instantânea. O comerciante Jair Brito, 59, já está adaptado a seu VW CrossFox laranja.

"Achei lindo quando entrei na loja, mas não comprei. Depois de duas semanas, voltei decidido a vestir a cor do carro", conta.

Editoria de Arte/Folhapress
ROSANGELA MOURA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

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