A nova distância foi apresentada ontem pelo Decea como parte de um pacote antiapagão aéreo
do governo federal e será ampliada progressivamente até chegar ao novo limite estabelecido. Especialistas garantem que, além de necessária, a medida é segura e está prevista pelas normas da Associação Internacional da Aviação Civil (Icao, na sigla em inglês). "Isso mostra que o Brasil entendeu a alta demanda por melhorias na aviação e está se aperfeiçoando nos procedimentos de tráfego aéreo", afirma o piloto e coordenador do curso de Ciências Aeronáuticas da Universidade Estácio de Sá, Marcus
Reis.
O Decea diz que a redução foi possível por causa dos avanços na tecnologia de navegação aérea, que hoje trabalha com margem de erro bem menor do que há alguns anos. "Por enquanto, é uma medida necessária nas regiões de tráfego aéreo mais intenso, como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Estados do Sul. Queremos dobrar a capacidade de controle de tráfego aéreo nesses locais até 2012", diz o tenente-brigadeiro Ramon Borges Cardoso, diretor-geral do Decea.
Ressalva. O perito Roberto Peterka, que atou na investigação do acidente da Gol em 2006, explica que é preciso levar em consideração o tamanho das duas aeronaves em sequência para garantir a segurança. "Um avião pequeno precisa estar mais distante de um Boeing 777, por exemplo, porque a chamada esteira de turbulência deixada pelo Boeing pode ser prejudicial à
aeronave que vem em seguida", alerta. O Decea diz que já leva isso em consideração na operação normal do tráfego aéreo.
O número de aviões simultaneamente no ar já havia sido ampliado em 2005. Naquele ano, a melhoria na qualidade dos instrumentos de localização aérea permitiram que tanto o Brasil quanto os Estados Unidos reduzissem a distância vertical entre aeronaves de 2 mil pés para mil pés, otimizando o espaço aéreo. "Os equipamentos vêm
melhorando muito, tanto nos aviões como em solo. É um ganho para a segurança de voo no Brasil", diz Roberto Peterka.
Avanços. Para o engenheiro
aeronáutico James Waterhouse, professor da USP São Carlos, a Aeronáutica precisa investir não só em equipamentos, mas também em controle de tráfego aéreo. "Desde o
caos aéreo de 2007, eles vêm estudando uma maneira de ampliar a capacidade de gerenciamento de voos, mas sempre faltou recurso. Agora estão conseguindo fazer avanços."
OUTRAS MEDIDAS
- Voos internacionais A Infraero fez um acordo com a Polícia Federal nos aeroportos internacionais para aumentar em pelo menos 70% o efetivo no setor de imigração. Em Cumbica, exigiu o dobro de pessoal.
- Menos filas Às empresas aéreas, exigiu mais gente no check-in e mais agilidade na entrega de bagagens. Também proibiu o overbooking.
- Comida Contra preços exorbitantes das lanchonetes nos aeroportos, a Infraero vai instalar até dia 15 máquinas de salgadinho e refrigerante com preços acessíveis.
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