O entendimento da PF é de que todas as acusações publicadas ao longo da crise no Ministério dos Transportes já estão sendo apuradas nos inquéritos em curso em praticamente todas as superintendências. A série de denúncias já resultou na queda do ex-ministro Alfredo Nascimento e de mais 20 dirigentes do setor. O pedido de abertura de novos inquéritos foi feito à Procuradoria-Geral da República e ao Ministério da Justiça por parlamentares da oposição. Para eles, não basta a demissão. A polícia tem de investigar a fundo as acusações.
Em resposta, a polícia disse que já está investigando os casos. Dois dos mais recentes inquéritos resultaram na prisão dos superintendentes do Dnit no Ceará, Guedes Neto, e no Rio Grande do Norte, Fernando Rocha. Guedes foi preso pela Operação Mão Dupla, em agosto do ano passado. Guedes e outros funcionários do Dnit foram investigados por suposto favorecimento a um grupo de empreiteiras lideradas pela Delta. A PF descobriu indícios de fraudes na construção de uma ponte na BR-304 e no recapeamento da BR-116, próximo a Fortaleza, duas obras do PAC.
"Com os trabalhos em conjunto (com a Controladoria Geral da União), foi possível a identificação das pessoas que faziam parte do esquema criminoso de superfaturamento, desvios de verbas públicas e pagamentos indevidos em obras de infraestrutura rodoviária realizadas pelo Dnit", relatou a PF.
As irregularidades são similares às fraudes que vêm sendo descobertas em outras grandes obras rodoviárias nos últimos anos. Num dos casos investigados, uma empreiteira tentou um truque aparentemente mais difícil de ser descoberto. A empresa cortou dez centímetros de cada lado de uma pista de 200 quilômetros de asfalto. O desfalque só foi notado porque os peritos resolveram medir a largura do asfalto. Resultado: a pista era 20 centímetros mais estreita que o valor pago pelo Dnit.
- Aparentemente, 20 cm numa pista não fazem muita diferença. Mas multiplica isso aí por 200 quilômetros e você terá uma ideia do prejuízo - afirma um policial.
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