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sexta-feira, 10 de maio de 2013

Ustra nega mortes no DOI-Codi e diz que Dilma foi terrorista

Coronel da reserva deu um depoimento em que defendeu sua atuação no período militar: "Lutávamos contra o comunismo"

O coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, que comandou o Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna do 2º Exército em São Paulo (DOI-Codi-SP), entre 1970 e 1974, presta depoimento à Comissão Nacional da Verdade
Coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, em depoimento à Comissão da Verdade (Wilson Dias/Agência Brasil)
O coronel reformado do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra afirmou nesta sexta-feira que "lutou pela democracia" e negou ter cometido crimes durante o regime militar. "Nunca fui assassino", disse Ustra aos integrantes da Comissão Nacional da Verdade. Durante sua fala, Ustra ainda acusou a presidente Dilma Rousseff de ter integrado um grupo terrorista que queria transformar o Brasil em um país comunista. “Todas as organizações terroristas – que eram mais de quarenta – tinham, claramente, o objetivo final de implementar a ditadura do proletariado. Inclusive as quatro organizações das quais a nossa presidente da República participou."
Ustra foi convocado como parte das atividades do colegiado, que ouviu também o ex-agente Marival Chaves Dias do Canto. Ele confirmou que Roberto Artone era agente da repressão e poderia dar informações sobre desaparecidos político. Antes das perguntas, Ustra fez um depoimento inicial em que defendeu sua atuação no período militar. "Nós lutamos para preservar a democracia, estávamos lutando contra o comunismo. Para que isso não se transformasse num enorme 'Cubão'", afirmou o coronel da reserva. O militar afirmou ainda que se não houvesse a atuação do Exército, ele "já teria ido para o paredão".
O coronel comandou o Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), do 2º Exército, em São Paulo, entre 1970 e 1974. O nome dele é um dos mais citados em denúncias de violações de direitos humanos no período. "Quem tem que estar aqui é o Exército, não eu", disse em tom exaltado. "Eu não vou me entregar. Eu lutei, lutei e lutei. Tudo que eu tenho a declarar está no meu livro", afirmou ao final da sua fala.
Liminar – Ustra obteve decisão liminar na Justiça que o autorizou a ficar calado, mas respondeu parte das questões. Perguntado sobre um caso de estupro nas dependências do DOI-Codi, Ustra reagiu com irritação. "Nunca, nunca, nunca ninguém foi estuprado dentro daquele órgão. Digo isso em nome de Deus. É verdade o que estou falando."
Ustra também negou a ocorrência de mortes no DOI-Codi durante o seu comando. "Sempre admitimos que houve mortos [durante o regime militar]. No meu comando ninguém foi morto dentro do DOI. Todos foram mortos em combate. Dentro do DOI, nenhum."
O Planalto ainda não se manifestou sobre as declarações de Ustra a respeito da presidente.

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