Os trabalhadores do setor de aviação e as empresas não chegaram a um acordo sobre a greve que deve comprometer as viagens de Natal dos brasileiros, marcada para 23 de dezembro.Representantes dos aeroviários, aeronautas e das empresas estiveram reunidas nesta terça-feira, no Ministério Público do Trabalho, mas não chegaram a um consenso sobre reajuste dos salários e demais benefícios.
Os empresários avançaram timidamente na negociação, oferecendo 6,58% de reajuste. Antes a proposta era de 6,08%. Os trabalhadores não ofereceram contraproposta.
O Procurador-geral do Trabalho, Otavio Brito Lopes, afirmou que as negociações continuam e que há tempo ainda para que a greve seja evitada. No entanto, o consenso parece distante, nas propostas de reajuste e no sentimento de que a greve vai acontecer.
O sindicato que representa as empresas saiu da reunião confiante de que os trabalhadores não estão articulados o bastante para uma paralisação.
"Temos convicção de que não vão fazer paralisação na véspera do Natal. Temos confiança no elevado espírito profissional dos aeroviários", afirmou Odilon Junqueira, consultor do SNEA (Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias).
Para o secretário-geral do SNA (Sindicado Nacional dos Aeroviários), Marcelo Schmidt, há duas opções para o dia 23: uma greve ou um atraso dos voos provocado pelos trabalhadores.
"A insatisfação do trabalhador aeroviário é absurda, tá muito grande. Mesmo sem greve, o trabalhador da aviação vai, no mínimo, atrasar os voos nesse dia", afirmou, após a reunião.
O Ministério Público afirma que a greve é um direito constitucional, e que vai intervir somente em caso de não atendimento às necessidades básicas dos clientes: segurança, saúde e vida dos passageiros.
"Durante uma greve, sempre há algum tipo de prejuízo para a sociedade e para os consumidores em geral. Essa greve não seria uma exceção", afirmou o procurador.
Não há nenhuma determinação do governo para assegurar que os clientes cheguem ao destino desejado, como uma cota mínima de trabalhadores em atividade. O Ministério da Defesa também não confirmou se usará algum mecanismo jurídico para impedir o início da possível greve.
Uma assembleia está marcada para as 5h da manhã do dia 23, em São Paulo.
AEROPORTOS
No fim de semana houve filas no check-in e um alto índice de atrasos e cancelamentos nos aeroportos de Congonhas e Cumbica, em São Paulo.
Na tarde de hoje, o aeroporto de Guarulhos (Grande São Paulo) registrou 45 voos com atrasos superiores a meia hora até as 17h, segundo dados da Infraero (estatal que administra os aeroportos). O número representa 30% do total de 150 voos programados desde a 0h. No mesmo período, 4 voos foram cancelados.
Já Congonhas (zona sul de São Paulo) registrava um número menor de atrasos, com 20 voos (12% do total de 167 voos), mas mais cancelamentos -- foram 28 até o horário (16,8%).
Dos voos internacionais previstos para Guarulhos, 20 tiveram atrasos (32,3% do total de 62 voos) e um foi cancelado (1,6%). Os problemas são agravados pelo fechamento de aeroportos na Europa, provocado por tempestades de neve que devem continuar até o Natal. O mais comprometido é o aeroporto de Heathrow, no Reino Unido, que funciona com capacidade reduzida.
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