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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Lula admite se candidatar novamente à Presidência

A menos de 15 dias de deixar a Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que poderá ser candidato novamente ao Palácio do Planalto.
Em entrevista ao programa "É Notícia", da RedeTV!, Lula respondeu se voltaria a disputar a Presidência um dia: "Não posso dizer que não porque sou vivo. Sou presidente de honra de um partido, sou um político nato, construí uma relação política extraordinária".
Fez uma ressalva: "Vamos trabalhar para a Dilma fazer um bom governo e, quando chegar a hora certa, a gente vê o que vai acontecer".
Na entrevista, que foi ao ar na madrugada de hoje, Lula ainda fez reparos à política de Barack Obama, lembrou momentos ruins do governo, como as saídas de José Dirceu e Antonio Palocci, e defendeu a política econômica.
VOLTA AO PLANALTO
"A gente nunca pode dizer não. Eu fico até com medo, amanhã alguém vai assistir à tua entrevista, e dizer que Lula diz que pode ser candidato. Eu não posso dizer que não porque eu sou vivo, sou presidente de honra de um partido, sou um político nato, construí uma relação política extraordinária".
"O Brasil tem uma gama de líderes extraordinários. Tem a Dilma [Rousseff] que pode ser reeleita tranquilamente. Você tem [os governadores] Eduardo Campos, Jaques Wagner, Sérgio Cabral. Tem a oposição do Aécio [Neves, senador do PSDB de Minas]. Tem o [ex-governador José] Serra (PSDB-SP), que diz que ainda vai fazer oposição. O que não falta é candidato. É muito difícil dar qualquer palpite agora".
"Vamos trabalhar para a Dilma fazer um bom governo e quando chegar a hora a gente vê o que vai acontecer".
CRISE DO SENADO
Disse que a crise do Senado, em 2009, foi tentativa de golpe da oposição e que apoiou José Sarney para manter "a institucionalidade".
"O que estava acontecendo ali era uma tentativa de golpe no Senado para que o vice, tucano [Marconi Perillo, de Goiás], assumisse. É lógico, só um ingênuo é que não percebe as coisas".
DIRCEU E PALOCCI
"Na Casa Civil, teve uma dubiedade entre o animal político que o Zé Dirceu era e a necessidade de ser o gerente do governo. Na minha opinião, era peso demais para uma pessoa tocar".
"Devemos muito ao Palocci. Era preciso ser como o Palocci foi naquele primeiro momento. Fiquei nervoso com o Palocci quando, em 2005, a economia caiu muito. (...) Ele reconheceu que houve exagero no endurecimento".
MANTEGA E MEIRELLES
Lula disse ser "grato" ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, e ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles: "Pode ter críticas de que houve erro aqui, demora ali, mas, quando você vai fazer uma síntese, percebe que a fotografia é mais positiva do que negativa".
MENSALÃO
Voltou a dizer que, quando deixar a Presidência, vai "estudar um pouco o que aconteceu no período". "Não acredito [que houve compra de apoio de parlamentares]".
Diz que foi "lambança eleitoral" e que petistas deveriam ter assumido isso. "Agora, passados cinco anos, de cabeça fria, vou reler a imprensa. Vou ver o que aconteceu em cada jornal, em cada revista, para que a gente possa remontar, [fazer] um juízo de valor do que aconteceu".
PAPEL DE MARISA
O presidente contou que a primeira-dama, Marisa Letícia, "dá palpite" sobre governo. "A Marisa fala das coisas que sente e normalmente tem razão, porque ela fala coisa que o povo pensa".
"Vou dar um exemplo de coisas importante em que a Marisa me ajudou. [Na campanha de 2006] Marisa era a maior incentivadora que eu tinha que ir para os debates, que eu deveria triturar meus adversários. Eu achava que eu não deveria ir, mas ela estava certa."
OBAMA
Lula disse ser "fã" do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. "Ele só tinha que ter a ousadia que o povo americano teve votando nele. Recebeu uma herança maldita do governo Bush. O país quebrou. Como não tomou as atitudes nas horas certas, vem para as costas dele. Eu dizia para ele: 'Presidente Obama, se você não fizer as coisas na hora correta, daqui um ano essa crise está nas tuas costas'. Porque a crise era do Bush".
VIDA DE PRESIDENTE
"O mais doloroso é a vida de um presidente. A vida de um presidente é muito solitária".
"Tem o dedo de Deus nessa coisa [ter sido eleito presidente]". "O preconceito raivoso de setores conservadores da sociedade brasileira me fez mais forte, pois eu tinha que provar todo santo dia que eu tinha que ser mais capaz do que eles".
PÓS-PRESIDÊNCIA
"Vou descansar. Tirar umas férias que não tiro há 30 anos. Uns dois meses num lugar onde eu não tenha que fazer nada, discutir política, fazer absolutamente nada".
"Normal eu nunca mais vou ser, mas um brasileiro o mais próximo da normalidade possível. Vou conseguir". "Vai ser bom para o Brasil, vai ser bom para a Dilma, vai ser bom para todo mundo se eu ensinar como um ex-presidente tem que se portar".
"Quero tirar tudo da Presidência de dentro de mim. Preciso voltar a ser o Lula. Voltar a ser um cidadão mais próximo da normalidade possível. Se deixo a Presidência dia 1º e dia 2 começo a dar palpite na política, eu vou estar tendo ingerência em coisa que eu não devo".

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