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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Muammar Kadhafi foi capturado e morto em Sirte, dizem agências

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Muammar Kadhafi, o coronel que liderou a Líbia durante 42 anos até ter seu governo posto em xeque a partir das revoltas originadas no país durante a Primavera Árabe, foi morto em um confronto na cidade de Sirte nesta quinta-feira (20), informa a rede Al Jazeera, citando como fonte um comandante do Conselho Nacional de Transição (CNT), o órgão representante do novo governo líbio.

As informações iniciais indicavam que Kadhafi estaria ferido em ambas as pernas e teria sido levado a um hospital "criticamente ferido". Até o momento, todas as informações relacionadas à sua morte advêm de oficiais rebeldes. A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que comanda a intervenção internacional da Líbia, afirmou ainda buscar a confirmação da suposta morte. O Departamento de Estado dos Estados Unidos também não confirma a notícia.

A Reuters ouviu um oficial do CNT, segundo o qual Kadafi teria morrido devido a ferimentos. "Ele também foi atingido na cabeça", disse. "Havia um tiroteio contra seu grupo, e ele morreu." De acordo com a BBC, Kadhafi teria sido morto quando tentava deixar Sirte, cidade natal do coronel, cuja tomada era comemorada nesta quinta-feira pelas forças do CNT.

A batalha por Sirte era vista como um derradeiro estágio na tomad

a da Líbia. A cidade assistira nos últimos dias ao recrudescimento dos combates com as forças leais a Kadhafi. O confronto em Sirte se seguiu à queda da cidade de Beni Walid, outro reduto do antigo regime, para os soldados do CNT, na última semana. Kadhafi governava a Líbia desde 1969, quando encerrou o regime monárquico do Rei Idris.

Na corrente contrária às informações das agências internacionais, o site da Al-Libya, uma televisão pró-Kadhafi, desmente "a captura ou a morte" do líder, segundo constatou a AFP. "As informações espalhadas pelos lacaios da Otan sobre a captura ou a morte do irmão dirigente Muamar Kadhafi não têm fundamento", indicou a televisão, afirmando que ele goza de "bom estado de saúde".

A tomada de Sirte resultou também na morte de Aboubakr Younès Jaber, ministro da Defesa do regime deposto, segundo noti

ciou a AFP. Não há informações da companhia de Kadhafi na hora da captura, nem as condições em que estaria escondido. Suspeitava-se que o coronel já tivesse fugido do país, a exemplo de sua mulher e muitos de seus filhos, que, durante os últimos meses, partiram para Argélia e Níger, países vizinhos.

Repercussão

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, um dos mais fervorosos patrocinadores da intervenção internacional na Líbia, saudou nesta quinta-feira o "desaparecimento de Muamar Kadhafi". "O desaparecimento de Muamar Kadhafi é um grande passo na luta conduzida há mais de oito meses pelo povo líbio para livrar-se do regime ditatorial e violento imposto durante mais de 40 anos", declarou o presidente francês em um comunicado, horas depois da notícia da morte do ex-dirigente líbio.

Reino Unido

O primeiro-ministro britânico Davi

d Cameron assinalou nesta quinta-feira que este é "um dia para recordar todas as vítimas" de Muamar Kadhafi, que classificou de "ditador brutal".

"Hoje é um dia para recordar todas as vítimas do coronel Kadhafi" (incluindo as que morreram no atentado de Lockerbie, Escócia, em 1988) e as inúmeras pessoas que morreram nas mãos deste brutal ditador e de seu regime", acrescentou em uma rápida coletiva em sua residência oficial de Downing Street.

ONU

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que a notícia da morte de Muamar Kadhafi marca uma "transição histórica" para a Líbia. "Claramente, este dia marca uma transição histórica para esse país. Nos próximos dias, presenciaremos cenas de celebração, assim como de pena para aqueles que perderam tanto", ressaltou Ban na sede das Nações Unidas em Nova York.

"Vamos reconhecer imediatamente que isto é apenas o fim do princípio. O caminho pela frente para a Líbia e seu povo será difícil e cheio de desafios. Agora é o momento para que todos os líbios se unam", disse Ban. "Os combatentes de todos os grupos devem depor suas armas e se unir em paz. Este é um momento de reconstrução e de cura, para a generosidade de espírito, não de vingança", completou o chefe da ONU.

"Enquanto as autoridades de transição da Líbia preparam o caminho para as eleições e realizam muitos outros passos em direção à construção de sua nova nação, a inclusão e o pluralismo devem ser as chaves", acrescentou

. "Todos os líbios devem ser capazes de reconhecer a si mesmos no governo e na liderança da nação. As grandes esperanças mantidas durante os longos dias de revolução e conflito devem se traduzir em oportunidades e justiça para todos", disse Ban.

Líbia: da guerra entre Kadafi e rebeldes à batalha por Trípoli

Motivados pelos protestos que derrubaram os longevos presidentes da Tunísia e do Egito, os líbios começaram a sair às ruas das principais cidades do país em fevereiro para contestar o coronel Muammar Kadhafi, no comando desde a revolução de 1969. Rapidamente, no entanto, os protestos evoluíram para uma guerra civil que cindiu a Líbia em batalhas pelo controle de cidades estratégicas de leste a oeste.

A violência dos confrontos gerou reação do Conselho de Segurança da ONU, que, após uma série de medidas simbólicas, aprovou uma polêmica intervenção internacional, atualmente liderada pela Otan, em nome da proteção dos civis. No dia 20 de agosto, após quase sete meses de combates, bombardeios, avanços e recuos, os rebeldes iniciaram a tomada de Trípoli, colocando Kadhafi, seu governo e sua era em xeque. No dia 23 de agosto, os rebeldes invadiram e tomaram o complexo de Bab al-Aziziya, em que acreditava-se que Kadafi e seus filhos estariam se refugiando, mas não encontraram sinais de seu paradeiro. De acordo com o CNT, mais de 20 mil pessoas morreram desde o início da insurreição.

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