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sábado, 22 de fevereiro de 2014

Bolsonaro lança candidatura avulsa para Comissão de Direitos Humanos

Deputado do PP diz que pedirá votos aos evangélicos da Câmara.
Acordo de líderes da Casa definiu que PT iria comandar o colegiado.

Felipe Néri Do G1, em Brasília
O deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ)
(Foto: Alexandra Martins/Agência Câmara)
O deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), durante audiência sobre 'cura gay' (Foto: Alexandra Martins/Agência Câmara) Sem apoio do próprio partido, o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) pretende lançar uma candidatura avulsa para tentar presidir a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Conhecido por defender o regime militar (1964-1985) e dar declarações consideradas homofóbicas e racistas, o parlamentar do Rio diz que irá pedir votos para a bancada evangélica da Casa, uma das mais numerosas do parlamento.
“Estou articulando a candidatura avulsa mesmo sabendo que vai ter complicação. Acho que podemos criar uma jurisprudência daqui para frente [no modelo de escolha do comando dos colegiados]. Aquele pessoal [do PT] não pode achar que eles recuperaram a comissão como um troféu para eles, que voltarão a fazer um trabalho porco como já fizeram antes”, declarou.
Nesta semana, acordo fechado entre os líderes partidários da Câmara definiu que o Partido dos Trabalhadores irá comandar o colegiado em 2014. Maior bancada da Casa, o PT abriu mão de outras comissões de seu interesse para evitar que o colegiado voltasse a ser palco de protestos como os que ocorreram no ano passado durante a gestão do deputado Marco Feliciano (PSC-SP).
Estou articulando a candidatura avulsa mesmo sabendo que vai ter complicação (...) Aquele pessoal [do PT] não pode achar que eles recuperaram a comissão como um troféu para eles, que voltarão a fazer um trabalho porco como já fizeram antes"
Jair Bolsonaro (PP-RJ), deputado federal
A sinalização de que Bolsonaro estava se articulando para comandar a comissão com o apoio do PP revoltou militantes de movimentos sociais. Na semana passada, universitárias trocaram beijos na boca em um protesto contra a intenção do deputado do PP de presidir o colegiado voltado à defesa dos direitos humanos.
“Nós não poderíamos, de forma nenhuma, permitir que essa comissão [Direitos Humanos] ficasse em mãos erradas e se repetisse o constrangimento do ano passado”, enfatizou o líder do PT, deputado Vicentinho (SP).
Se confirmada, a candidatura avulsa de Bolsonaro irá romper o acordo firmado entre os líderes da Câmara. A escolha dos presidentes das comissões da Casa é feita por meio de negociação entre as siglas com base no critério da proporcionalidade.
Os partidos com maior número de representantes, neste caso PT e PMDB, têm prioridade na hora de escolher quais colegiados vão presidir. No total, os petistas irão presidir três comissões neste ano: Direitos Humanos, Constituição e Justiça e Seguridade Social e Família.
Como perdeu o apoio da própria legenda, Bolsonaro espera atrair os votos de integrantes da bancada evangélica em sua tentativa de presidir o colegiado. “Tenho conversado com os evangélicos para votarem, e vários deles vão votar em mim”, ressaltou.
Disputa no PT
O nome de Bolsonaro deverá ser submetido a voto na próxima terça-feira (25) junto com o do deputado que for indicado pelo PT. Os petistas avaliam ao menos três alternativas para o comando da comissão: Erika Kokay (DF), Nilmário Miranda (MG) e Assis do Couto (PR). A intenção da sigla é lançar um nome de consenso que seja referendado pelos integrantes do colegiado.
Segundo o líder do PT, estão ocorrendo “várias conversas" no partido para tentar definir a indicação à presidência da comissão. “Terça-feira [25] vamos ter reunião pela manhã com a comissão interna que discute a presidência das comissões para ver se já chegamos a entendimento logo cedo. Se não chegarmos a um nome de manhã, discutiremos à tarde. E se ainda assim não for possível chegar a entendimento, vamos para o voto”, destacou Vicentinho.
Estruturas estratégicas para a atividade legislativa, as comissões permanentes da Câmara são intensamente disputadas por todas as legendas do parlamento. Nesses colegiados são discutidas as propostas legislativas, são realizadas audiências públicas e também analisadas a aprovação ou rejeição de projetos. Em algumas ocasiões, as votações nas comissões são terminativas e não necessitam de encaminhamento ao plenário.

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