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terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Ministério nega relação de apagão com alta do consumo de energia

Arte apagão 11 estados (Foto: Editoria de Arte/G1)Regiões mais afetadas foram Sudeste, Sul e Centro-Oeste.
ONS afirmou que curto-circuito em linha de transmissão iniciou apagão.

Fábio Amato Do G1, em Brasília
O secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, descartou nesta terça-feira (4) que a falha registrada mais cedo, e que provocou falta de energia em parte das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, além do Tocantins, no Norte, esteja relacionada com o aumento do consumo de energia nas últimas semanas, provocado pelo calor.
Pouco depois da entrevista, na qual Zimmermann não soube informar o que provocou o problema que prejudicou 11 estados do país, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) divulgou em comunicado oficial que o apagão iniciou-se após um curto-circuito numa linha de transmissão localizada em Tocantins.
Ao todo, 11 estados foram atingidos. Em São Paulo, 1,2 milhão de consumidores foram prejudicados, segundo a Eletropaulo. No Rio, 880 mil, informaram as concessionárias Light e Ampla.
O diretor-geral do ONS, Hermes Chipp, calcula que 6 milhões de pessoas foram afetadas pelo apagão. Para isso, ele considerou a média de densidade populacional de todos os estados do Sudeste, Centro-Oeste e Sul, com quatro moradores por residência atingida. Seriam, portanto, 1,5 milhão de unidades consumidoras atingidas.
Para ministério, problema maior foi evitado
O secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia apontou, durante a entrevista coletiva desta terça, que não houve “desligamento descontrolado” e que a interrupção no fornecimento de energia foi provocada por um sistema automático que atua na rede de transmissão de energia elétrica e impede que uma falha cause problemas maiores.
“Aparentemente, o sistema funcionou como deveria funcionar. Poderia ter acontecido [interrupção no fornecimento de energia] como em outros eventos, como quando apagou o Nordeste todo”, disse Zimmermann.
Ele se refere ao episódio ocorrido em agosto do ano passado, quando uma queimada em uma fazenda do Piauí atingiu a rede de distribuição de energia e levou à falta de luz em todos os estados da região Nordeste. Na ocasião, a distribuição caiu de 10 mil megawatts para mil megawatts e deixou no escuro por algumas horas boa parte dos municípios nordestinos.
Zimmermann disse ainda que o sistema de energia brasileiro é “complexo”, conta com mais de 100 mil quilômetros de linhas de transmissão, e que falhas como a registrada nesta terça “ocorrem, apesar de trabalharmos com nível de confiabilidade muito alto”.
“[A falha no fornecimento de energia registrada nesta terça] não tem nada a ver com estresse do sistema”, disse Zimmermann durante entrevista coletiva na sede do Ministério de Minas e Energia, em Brasília.
No início da entrevista, Zimmermann afirmou que o sistema elétrico brasileiro é “equilibrado” e que não existe risco de faltar energia no país devido à falta de chuva e queda no nível dos principais reservatórios de hidrelétricas.
O discurso é muito parecido com o do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, que afirmou na segunda-feira (3) que é “zero” o risco de faltar energia no país, por conta da falta de chuvas e queda no nível dos reservatórios de hidrelétricas.
Recorde negativo
O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, afirmou que a afluência (quantidade de água que chega aos reservatórios das hidrelétricas e pode ser transformada em energia) do mês de janeiro é o pior desde 1954 para as regiões Sudeste e Centro-Oeste, onde estão as usinas responsáveis por 70% da geração de energia do país.
“Em termos de afluência, tivemos um janeiro atípico, muito abaixo da média de longo prazo. Apesar disso, temos um equilíbrio estrutural entre oferta e demanda [de energia elétrica]. Temos uma grande quantidade de usinas e uma diversificação que permitem que, mesmo tendo um janeiro ruim em termos de afluência, não tenhamos nenhum problema no fornecimento de energia”, disse Tolmasquim.
Veja o que aconteceu em cada um dos 11 estados (ordem alfabética):
Espírito Santo
Sete municípios do Espírito Santo registraram apagão elétrico, na tarde desta terça. Segundo a Escelsa, as cidades de Nova Venécia, Ecoporanga, Mantenópolis, Barra de São Francisco, Água Doce do Norte, Vila Pavão e o bairro Barra do Sahy, em Aracruz foram atingidas.
Goiás
A Companhia Energética de Goiás (Celg) informou, por meio de sua assessoria, que houve uma redução na distribuição de energia na região sudoeste do estado. Mas disse que ainda está fazendo o levantamento de quantos consumidores ficaram sem energia elétrica.
Mato Grosso
As Centrais Elétricas de Mato Grosso (Cemat) informaram que 111 mil unidades consumidoras foram vítimas do apagão nacional causado por uma perturbação no sistema. A falha foi registrada às 14h03 (horário de Brasília).
Na capital, Cuiabá, em três minutos já começou a ser restabelecido o serviço de energia, mas o Operador Nacional do Sistema (ONS) solicitou desligamento da área em virtude das falhas registradas.
Mato Grosso do Sul
Sete cidades de Mato Grosso do Sul foram afetadas pela falta de energia elétrica. A assessoria de imprensa da companhia Enersul, que atende 74 dos 79 municípios do estado, informou que ficaram sem energia os municípios de Miranda, Bodoquena, Bonito, Aquidauana, Anastácio e Dois Irmãos do Buriti.
Em Campo Grande, 4% da cidade foi afetada. Essas localidades, conforme a empresa, representam 14% da área de concessão.
Minas Gerais
Cerca de 230 mil pessoas de 63 cidades mineiras ficaram sem energia elétrica, de acordo com a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). A empresa informou que foram atingidos municípios da regiões Metropolitana de Belo Horizonte, Sul, Oeste, Leste e Triângulo Mineiro.
No Sul de Minas, pelo menos cinco cidades ficaram sem energia entre 14h e 14h40. Segundo a Cemig, houve falha em Guaxupé, Muzambinho, Guaranésia, Monte Belo e Botelhos.
A empresa informou que o problema ocorreu às 14h02, e começou a ser resolvido às 14h48. A Cemig afirmou que às 15h58 todos os locais já estavam com as energias restabelecidas.
Paraná
Um problema no fornecimento de energia deixou sem luz 548 mil consumidores em 61 cidades do Paraná, de acordo com a Companhia Paranaense de Energia (Copel). Este número representa 13% dos 4,1 milhões de consumidores atendidos pela Copel no estado.
Rio de Janeiro
Aproximadamente 880 mil pessoas ficaram sem luz no Rio de Janeiro, segundo informações das concessionárias que atendem ao estado, Light e Ampla.
A Light informou que interrompeu o fornecimento de energia em bairros do Subúrbio e Zona Oeste do Rio e Baixada Fluminense, a pedido do ONS.
A falta de energia atingiu os bairros de Bangu, Campo Grande, Guaratiba e Jacarepaguá, na Zona Oeste; Méier, Pavuna, Inhaúma, Irajá, Penha, Cascadura e Madureira, no Subúrbio; e os municípios de Mesquita, Belford Roxo, Queimados e Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
Rio Grande do Sul
O problema nacional com o apagão iniciado em Tocantins gerou interrupção no fornecimento em mais de 392 mil pontos de pelo menos 73 municípios do Rio Grande do Sul. Os dados são das três mais importantes companhias de energia elétrica e da maior cooperativa de distribuição do estado.
Em todos os locais, o desligamento ocorreu por volta das 14h e terminou antes das 16h.
Santa Catarina
A Celesc informou que registrou interrupção no fornecimento de energia em diversas cidades. O desligamento ocorreu em todo o estado e, segundo a empresa, todas as regiões tiveram algum problema pontual.
São Paulo
No estado de São Paulo, a AES Eletropaulo informou que o problema afetou o fornecimento de energia em cidades da Grande São Paulo e bairros da capital paulista, atingindo mais de 1,2 milhão de consumidores na capital paulista. Segundo a empresa, foram afetadas ainda as cidades de Vargem Grande Paulista, Embu, Diadema e Cotia. Entre os bairros da capital impactados estão Capão Redondo, Pedreira, Cidade Ademar, Mooca, São Mateus, Vila Prudente, Itaquera, Vila Mariana, Guaianases e Vila Matilde.
Mas o problema em São Paulo chegou também ao metrô da capital. A ViaQuatro, que opera a Linha 4-Amarela, relata que teve uma "falha no sistema elétrico de tração entre o trecho das estações Paulista e Luz" nesta tarde. A concessionária informou, às 15h40, que a operação foi restabelecida às 15h18. A assessoria do Metrô informou que não foram identificados problemas em outras linhas.
Às 15h45, a CET diz que as regiões Oeste, Sul e Leste da cidade tinham semáforos apagados em alguns cruzamentos, por isso os motoristas devem redobrar a atenção e reduzir a velocidade.
Tocantins
Segundo a Companhia de Energia Elétrica do Estado do Tocantins (Celtins), o apagão atingiu 95 das 139 cidades de Tocantins. A interrupção do fornecimento de energia elétrica no estado durou quatro minutos, entre 13h03 e 13h07 (horário local), e afetou 362 mil unidades consumidoras.
Apagões recentes
Além do apagão em agosto do ano passado, na região Nordeste, em 2012, também nos estados nordestinos, ocorreram interrupções de energia em setembro e outubro.
Em 22 de setembro, segundo o ONS, um problema nas interligações Sudeste/Norte e Sudeste/Nordeste atingiu o fornecimento de energia elétrica em parte da região Nordeste do país.
Em outubro daquele ano, outra ocorrência afetou os nove estados do Nordeste no final da noite do dia 25 e início da madrugada do dia 26.
Semáforo apagado na Zona Oeste de São Paulo. (Foto: André Paixão/G1)Semáforo apagado na Zona Oeste de São Paulo (Foto: André Paixão/G1)

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