Preocupação com o terrorismo e pistas de esqui em região propensa a avalanches mobilizam o governo russo
Camila Brandalise (camila@istoe.com.br)Era para ser a celebração do esporte em baixíssimas temperaturas. Mas a Olimpíada de Inverno de Sochi, na Rússia, que começa na quinta-feira 6, coloca o país diante de uma verdadeira prova de fogo: evitar que duas grandes tragédias marquem o evento. De um lado, há a possibilidade de um ataque terrorista, uma vez que a região de Sochi, próxima a uma das áreas de maior turbulência política de todo o território, é um verdadeiro barril de pólvora devido à atuação dos rebeldes da Chechênia. De outro, a nova estação de inverno Rosa Khutor, construída para a competição, é uma área propensa a avalanches. Caso ocorra algum dos piores cenários, saem perdendo o governo de Vladimir Putin e a imagem do país que sediará a Copa do Mundo de 2018, além de minar a chance de a Rússia se firmar como candidata à Olimpíada de 2024. Não bastasse isso, a tensão com os Estados Unidos, que exigem informações de segurança que a Rússia se nega a passar, esquenta ainda mais os ânimos a poucos dias do início dos Jogos.
ESCOLTA
Policiais russos em frente ao Parque Olímpico de Sochi, na Rússia
Na tentativa de se precaver, o governo russo diz ter armado um exército de 40 mil homens. Se isso for verdade, os jogos de inverno estarão no mesmo patamar das olimpíadas tradicionais – em Londres, em 2012, estima-se que as forças de segurança tinham entre 24 mil e 49 mil pessoas, mas o número de ingressos à venda era oito vezes maior do que em Sochi. Mesmo com todo esse aparato, o governo não conseguiu tranquilizar os americanos, que recentemente solicitaram informações para poder garantir o bem-estar de sua delegação. “Os russos se negam a passar dados confidenciais que podem ser usados contra eles”, afirma Segrillo. “A Rússia passou a ser mais assertiva em relação aos Estados Unidos a partir dos anos 2000, quando começou uma recuperação econômica.”
ATENÇÃO
O presidente russo, Vladimir Putin, em visita ao RusSki Gorki Jumping Center
A área era virgem e peritos verificaram que o local reunia condições ideais para avalanches. Começou, então, um intenso trabalho para garantir a segurança da região. Há um ano, pilhas de neve estão sendo estocadas para serem usadas na pista. Uma empresa especializada foi contratada para analisar a situação da estação. Um dos pontos destacados foi o acúmulo de neve em penhascos expostos ao vento. Além disso, foi citada a possibilidade de haver avalanches nas áreas de esqui. Houve um pedido para que fossem instalados explosivos para conter deslizamentos (leia mais abaixo), mas o governo barrou, afirmando que não queria bombas na região – no local vivem rebeldes anti-Rússia. Por fim, foi liberado o uso de um explosivo específico. Apesar de especialistas concordarem que uma tragédia causada pela natureza ou por homens-bomba não vá acontecer tão facilmente, tanto o tempo quanto os extremistas costumam ser imprevisíveis.
Nenhum comentário:
Postar um comentário