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segunda-feira, 9 de novembro de 2009

País terá em março novo sistema de controle aéreo

CURITIBA. Há dois anos, a Força Aérea Brasileira está desenvolvendo sigilosamente um novo sistema de controle de tráfego aéreo, aperfeiçoando o antigo, criticado por controladores aéreos após a colisão no ar entre o jato Legacy e o Boeing da Gol, em setembro de 2006. A nova plataforma de visualização, batizada de Sagitário, começa a funcionar em março de 2010 no Cindacta-2 (Curitiba) e será implantada em todo o país até 2012.
O software traz novos alertas de segurança para situações de risco, como conflito de rotas e perda do sinal do transponder do avião. O custo inicial de desenvolvimento do Sagitário foi de R$6,9 milhões. Outros R$14 milhões serão pagos pela instalação, pelo treinamento da equipe e pela garantia do produto.
O Sagitário deve coroar a recuperação da Aeronáutica depois da crise aérea, quando controladores se rebelaram e deficiências no setor foram reveladas. Três anos depois do motim de sargentos, o sistema será inaugurado pelo brigadeiro Carlos Vuyk de Aquino, que era o comandante do Cindacta-1 (de Brasília) no auge da crise.
- Os níveis de alerta desse software são mais avançados. As recomendações de segurança aérea estão sendo implementadas - garantiu Aquino, hoje presidente da Comissão de Implantação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo (Ciscea).
O Cindacta-2, onde a sala de controle é subterrânea, localizada num bunker a 20 metros de profundidade, construído no início dos anos 80. O centro controla voos na região Sul e partes do Sudeste e Centro-Oeste. O centro de controle de área já está dividido em dois: o X-4000 (o modelo atual) e Sagitário funcionam lado a lado durante os testes. Em outra sala, turmas de controladores recém-formados são treinadas em turnos de 8 horas, durante 10 dias.
- É a tendência no mundo inteiro. É uma garotada que cresceu no mundo interativo e se dá melhor. A ambientação é rápida, eles têm experiência com esse ambiente - explicou o comandante do centro, coronel Leônidas de Araújo Medeiros Júnior.
O país tem uma média diária de 4 mil vôos, e o crescimento anual está projetado em 8% a 10%. O aumento depende de infraestrutura aeroportuária e regulação das empresas, responsabilidades de Infraero e Anac.
Sistema aumenta alertas de erros na rota dos aviões
'Na versão final, em 2011, gravação será digital e automática'
CURITIBA. A empresa contratada para desenvolver o novo sistema, a Atech Tecnologias Críticas, usou como base licenças concedidas pela Eurocontrol (agência de segurança aérea da Europa), e pretende exportar o pacote a países vizinhos. De acordo com Delfim Miyamaru, diretor da Atech, o novo sistema está pronto para a nova geração de controle aéreo, de comunicações por satélite. Esse modelo de troca de informações entre pilotos e controladores dispensa o rastreamento por radares e o contato por rádio.
O Sagitário, sigla para Sistema Avançado de Gerenciamento de Informações de Tráfego Aéreo e Relatórios de Interesse Operacional, foi desenhado para reduzir o cansaço, aumentar os alertas e facilitar o trabalho. Cores e contrastes foram mudados para reduzir a fadiga visual. Os planos de voo (previsão de rotas e altitudes) estarão disponíveis na tela, o que permitirá eliminar as strips, pequenos pedaços de papel que continham esses dados. E apresentará alertas para possíveis conflitos de rota.
- O novo sistema visa, entre outros objetivos, tornar intuitiva a interação com o sistema. Ainda que o controlador não se lembre de como executar determinado procedimento, o desenho da interface o leva a deduzir naturalmente a sequência de ações necessárias - explica Eno Siewerdt, ex-controlador e consultor da Atech no projeto.
A interatividade segue a mesma lógica de programas cotidianos de computador. É possível criar diferentes janelas de visualização, o que permite a função de zoom. Foi incorporada a função de arrastar as informações, inclusive para modificar lateralmente a rota de um voo.
Duas novidades aplacam polêmicas a respeito do funcionamento do atual sistema, o X-4000, por ocasião do acidente com o voo 1907 da Gol: um alerta em janela vermelha avisará quando o controle aéreo para de receber o sinal do transponder do avião. Esse equipamento troca informações com os radares, permitindo a verificação exata de altitude das aeronaves. Na colisão, o Legacy estava com transponder inoperante. Haverá um sistema de aviso de mudanças de altitude. O Legacy, sem contato com controladores, não mudou sua altitude conforme constava em seu plano de voo.
Os avanços do Sagitário, por hora, se restringem à imagem de radar do espaço aéreo. A comunicação com pilotos continuará sendo feita no mesmo sistema, um gerenciador de canais localizado na lateral da estação de trabalho, com limitações. As gravações seguem em meio magnético, separada das gravações de imagem.
- A gravação em fita é típica do X-4000 e da primeira fase do Sagitário. Na versão final, em meados de 2011, toda gravação será digital e automática. Isto será um avanço. A fita ainda sobreviverá por bom tempo no mundo - disse Siewerdt

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