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sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Buchada´ de tilápia conquista consumidores

A "buchada" de tilápia conquistou a preferência de consumidores na região do Cariri e em Fortaleza. Produzida inicialmente por um projeto comunitário de criação e beneficiamento do pescado, no Sítio Jurema, nas margens do Açude Orós, na região Centro-Sul, as vendas são crescentes e garantem renda para as 25 famílias associadas, que também fazem bolinha de peixe, filé, linguiça, risole e "fishburguer"."A ideia deu certo", comemora Maria Cândido, conhecida por Aurilene, que é coordenadora da unidade de processamento de pescado do Sítio Jurema. "Nos últimos três anos, a vida dos moradores melhorou muito". O exemplo do pioneirismo vem se espalhando para outras comunidades rurais que também passaram a criar tilápias em gaiolas e fazer o processamento do pescado para agregar valor ao produto final.InspiraçãoA tradicional buchada de bode, prato típico da culinária nordestina, inspirou as produtoras rurais do Sítio Jurema a criarem um produto semelhante. A nova "buchada" é recheada de filé de tilápia picado, temperado com cheiro verde, alho, pimentão, cebola e pimenta, envolta na pele do peixe, que é costurada e fica na forma de um saco ou bucho. É um prato ideal para ser servido cozido, em tempero caseiro, entretanto, pode receber molhos, segundo a criatividade do cozinheiro.No Sítio Jurema, Marineide Venâncio costura com paciência a pele da tilápia para colocar o recheio da "buchada", que vem tendo boa aceitação em Fortaleza e na região do Cariri. "Se tivéssemos 500 quilos por semana, venderíamos tudo", disse. "Nunca imaginava que um dia iria fazer ´buchada´ de peixe, mas dá certo e é gostoso". Atualmente são produzidos 300 quilos da "buchada".AceitaçãoOs consumidores confirmam que o produto é bom como tira-gosto ou mesmo como entrada para um prato principal de pescado. "Quem gosta de peixe vai adorar a ´buchada´ que é feita com recheio de filé", garante o funcionário público, Carlos Ribeiro, que incluiu o alimento em seu cardápio semanal. "Faz bem à saúde".As atividades no Sítio Jurema não cessam. No geral, são 75 pessoas trabalhando na criação de tilápia em 1.125 tanques-redes e na unidade de processamento do pescado que ocupa parte da escola da comunidade. A produção semanal há dois anos era de dois mil quilos de pescado. Hoje, saltou para 10 toneladas. A renda mensal dos produtores que era de R$ 300,00, dobrou e a perspectiva é de crescimento.Os produtos mais vendidos são filé, linguiça e a buchada de tilápia. O grupo de 25 produtores trabalha com o objetivo de obter financiamento para aquisição de equipamentos que possibilitem ampliar a produção da unidade de processamento de pescado. "O nosso objetivo é equipar melhor a unidade e obter um prédio próprio com melhor estrutura", disse Aurilene.A associação recebeu uma proposta de uma empresa de Fortaleza para comprar mil quilos de buchada de tilápia por semana. "Vamos ter de adquirir máquinas para costurar a pele e processar o produto porque da forma manual como fazemos hoje não dá mais para atender a demanda que é crescente", explica Aurilene Cândido.PRODUÇÃO300 quilos de buchada são produzidos no Sítio Jurema, na cidade de Iguatu. Para fabricar o produto, é preciso costurar com paciência a pele da tilápia para colocar o recheio feito do pescadoMais Informações:Associação Comunitária do sítio Jurema no município de Orós(88) 3584. 8001(88) 9953. 1137CRIAÇÃO DE PEIXEProcessamento de pescado muda vida de moradoresIguatu. O sucesso da criação de tilápias em tanques-redes e de processamento de pescado vem mudando a vida dos moradores da localidade Jurema, na bacia do Açude Orós. Os associados construíram ou reformaram as suas casas. Unidades de taipas deram lugar a residências de alvenarias, com bom acabamento, piso em cerâmica, instalação de banheiros com sanitários e chuveiro. Adquiriram eletrodomésticos, móveis e transporte próprio, geralmente moto, que trafegam nas estradas de terra e fazem a comunicação entre os sítios. Antes do projeto havia cinco motocicletas na comunidade, hoje são 40. Recentemente, outras comunidades foram beneficiadas com implantação de projetos de criação e beneficiamento de pescado, sítios Saco, Montante e na própria Jurema. Em Cariús, a Associação do Açude Muquém e, em Iguatu, no Açude Orós.Por último, foram implantadas 120 gaiolas, além de seis que servem de instrução e aprendizagem do processo produtivo. O apoio é do Governo do Estado por meio da Agência de Desenvolvimento do Ceará, com financiamento do Banco do Brasil por meio do Programa de Desenvolvimento Regional Sustentável (DRS). Em Orós, somente para a merenda escolar, foi encaminhado um projeto no valor de R$ 350 mil. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) vai adquirir o pescado que será doado para as escolas públicas e creches por meio do Programa de Compra Antecipada da Agricultura Familiar, em parceria com as associações comunitárias. Segundo Paulo Landim, do Centro de Vocação Tecnológica (CVT) que dá orientação técnica aos projetos de produção de tilápia, a perspectiva é de ampliação no Centro-Sul. "O mercado é favorável e os grupos de produção estão crescendo".SIMPLES E SABOROSA-Receita exclusiva garante sucessoIguatu. A "buchada" de tilápia faz tanto sucesso que é necessário apresentar uma receita para esse prato, que foi desenvolvido na região Centro-Sul do Estado por uma comunidade do Sítio Jurema. O primeiro passo é retirar as vísceras, depois o peixe é riscado, para a pele sair mais fácil. Em seguida, o filé é retirado da carcaça.Tempero-Depois de picado, vai para o moedor. Agora é só pegar o que foi moído, junto com os picadinhos de filé e colocar o tempero (cheiro verde, alho, pimentão, cebola e pimenta do reino) que vai dar um sabor especial a buchada. É só colocar a mistura em um saquinho, que é feito da pele do peixe costurada com linha comum. Depois de fechada, a "buchada" de tilápia está pronta para ir ao fogo. Qualquer dona-de-casa pode servir. É só pôr as buchadas em uma panela, acrescentar verduras e temperos, um pouco de água e levar para o fogo. Depois de ferver, é só esperar 10 minutos.

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