SELVA

SELVA

PÁTRIA

PÁTRIA

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

''Seria uma pena não levar o melhor avião e a melhor oportunidade''

O venda dos caças F-18 da Boeing à Força Aérea Brasileira aproximará os governos dos Estados Unidos e do Brasil e tornará a relação estratégica entre os dois países mais dinâmica e profunda. Esse foi o recado passado pela subsecretária de Estado para Controle de Armas e Segurança Internacional, Ellen Tauscher. "É uma grande oportunidade de aprofundar nosso relacionamento com o Brasil", disse Tauscher, que se reporta diretamente à secretária Hillary Clinton e esteve no Brasil em agosto para entregar ao governo brasileiro a carta da secretária.
"O mais importante desse acordo é nosso relacionamento com o povo brasileiro e o governo brasileiro", disse Tauscher, em entrevista ao Estado. Comentando a vantagem que os franceses, fabricantes dos caças Rafale da Dassault, teriam na disputa, Tauscher afirmou: "Não estamos confusos sobre o que oferecemos; ainda temos o melhor avião, a maior empresa aeroespacial do mundo e ainda somos os Estados Unidos da América; acreditamos que, no fim, esses são os parâmetros."
Segundo ela, a secretária de Estado, Hillary Clinton, o secretário de Defesa, Robert Gates, e o presidente americano, Barack Obama, estão pessoalmente empenhados nessa venda. "Francamente, seria uma pena (o Brasil) não levar o melhor avião e a melhor oportunidade."
Abaixo, trechos da entrevista concedida ao Estado.
O governo brasileiro está finalizando o processo de escolha dos 36 caças que serão comprados pela Força Aérea. Por que o Brasil deveria comprar os F-18 fabricados pela Boeing?
Porque é o melhor avião, com a melhor tecnologia, transferência completa. O presidente Barack Obama está empenhado na venda e é uma oportunidade de aprofundar o relacionamento com o Brasil.
Quais são os próximos passos do ponto de vista dos EUA?
Nós esperamos ser escolhidos.
Mas o governo brasileiro já indicou várias vezes que os franceses têm vantagem....
Veja, não estamos confusos sobre o que oferecemos. Ainda temos o melhor avião, a maior empresa aeroespacial do mundo e ainda somos os Estados Unidos da América. Acreditamos que, no fim, esses são os parâmetros, e nós temos boa chance de ganhar.
O governo brasileiro tem preocupações em relação à transferência de tecnologia. O Brasil teve uma má experiência quatro anos atrás envolvendo a venda dos Super Tucanos para a Venezuela - os aviões da Embraer tinham tecnologia americana sensível e os EUA vetaram a venda. O governo americano pode garantir que isso não vai se repetir?
Esse é um novo governo e uma nova venda. Nós garantimos a transferência. Essa é uma oferta sem precedentes de transferência de tecnologia.
Por que é sem precedentes?
Porque inclui maior transferência do que estava previsto originalmente. Mas o mais importante desse acordo é nosso relacionamento com o povo brasileiro e o governo brasileiro. A Boeing é a maior empresa aeroespacial do mundo, há oportunidade de gerar empregos bem além da produção desses 36 jatos. Isso significa conectar a Embraer e o Brasil à maior rede de produção de aviões do mundo. Tivemos o secretário de Defesa, Robert Gates, a secretária Hillary Clinton e até o presidente Barack Obama empenhados. Isso vai aproximar os dois governos.
Os suecos (fabricantes do jato Gripen, da Saab) e os franceses melhoraram suas propostas, oferecendo mais contratos para o Brasil.
Aposto que eles fizeram, é difícil competir com os EUA.
Sim, mas então, há alguma coisa mais que vocês oferecem?
Os Estados unidos acreditam que esse é o início de uma relação muito importante em um grande mercado.
Existe alguma chance de o Congresso americano interferir na transferência de tecnologia?
Eles não podem interferir. O Congresso americano teria de passar uma lei para bloquear a transferência de tecnologia e, como o Executivo quer aprofundar o relacionamento com o Brasil, isso não vai acontecer.
Para o relacionamento estratégico entre o Brasil e os Estados Unidos, qual é o significado da venda dos caças?
Nós temos uma relação muito forte com o Brasil, compartilhamos valores e interesses. O sentido do acordo é assegurar que esse relacionamento se torne mais profundo e mais dinâmico.
Os EUA ficariam decepcionados se não ganhassem a concorrência?
Claro que sim. Mas sabemos que há várias razões para as pessoas tomarem decisões, que não são a qualidade do produto e os detalhes específicos do acordo. Nos méritos do acordo, nós temos o melhor avião, a melhor transferência e a melhor parceria estratégica. Nós vamos continuar amigos do Brasil se não ganharmos, mas, francamente, seria uma pena o Brasil não levar o melhor avião e a melhor oportunidade.
EUA reforçam contrapartida
Os Estados Unidos melhoraram sua proposta de venda dos 36 caças F-18 da Boeing para a Força Aérea Brasileira (FAB). Se o governo brasileiro comprar da Boeing os 36 caças da concorrência, a Embraer automaticamente vai ganhar um contrato para fazer a montagem das asas de 58 caças Super Hornet destinados à Marinha dos Estados Unidos.
O governo americano argumenta que a proposta da Boeing é melhor do que a dos concorrentes porque já inclui um contrato adicional, o dos 58 aviões da Marinha. Em contrapartida, os ganhos adicionais das propostas da Suécia (jatos Gripen da Saab) e da França (caças Rafale da Dassault) dependeriam de venda desses aviões para terceiros países." E isso é importante, porque a França tem grandes dificuldades de vender seu caça para outros países", disse ao Estado uma fonte do governo americano. No entanto, 12 dos caças F-18 seriam montados nos EUA, e os 24 restantes no Brasil, para a empresa poder cumprir os prazos de entrega, segundo a Boeing.
Em relação à transferência de tecnologia, outra preocupação do governo brasileiro, os EUA argumentam que os jatos suecos e franceses contêm tecnologia americana - as turbinas dos jatos suecos são produzidas nos EUA e partes do jato francês também. "Eles têm tecnologia sensível que exigiu nossa aprovação para a venda ao Brasil", disse a fonte do governo americano. "E os próprios franceses e suecos confiam na garantia de transferência de tecnologia dos EUA, tanto que estão oferecendo seus jatos para o Brasil, sem medo de poder ter a venda bloqueada pelos EUA."

Nenhum comentário:

Postar um comentário