Testemunhas disseram à Associated Press que centenas de manifestantes se reuniram na manhã deste domingom na Líbia, no edifício do tribunal de Benghazi após mais um dia de derramamento de sangue, durante o qual as forças libanesas abriram fogo contra os protestantes, deixando ao menos 15 mortos --a estimativa de mortes é de 99 em cinco dias de turbulências no país.
Inspirados no Egito, os protestos têm como objetivo tirar do poder Muammar Gadaffi, que governa o país há 42 anos. As forças governamentais também cortaram o acesso à internet na Líbia no sábado.
Gadaffi vem adotando uma linha dura contra a onda de revoltas, que entra no quinto dia, após tomar conta do Oriente Médio e da África com a queda dos ditadores do Egito e da Tunísia.
Atiradores dispararam contra milhares de pessoas reunidas em Benghazi, ponto central dos protestos, para manifestar seu luto pela morte de 35 manifestantes atingidos por tiros na sexta-feira, segundo um funcionário de um hospital.
"Agora nós temos jovens vindo ao hospital para doar dinheiro", disse o homem. "Estamos ficando com pouco suprimento." Como muitos líbios que falaram com os jornalistas durante a revolta, o funcionário falou em condição de anonimato por medo de represálias.
Antes da violência deste sábado, a organização Human Rights Watch (HRW) havia estimado que pelo menos 84 pessoas já foram mortas durante os protestos. Ontem, o balanço voltou a subir. A internet no país também foi cortada por volta das 2h de sábado (horário local), retirando uma das poucas maneiras disponíveis para que os líbios divulgassem informações sobre a onda de protestos antigoverno em uma das mais isoladas e repressivas nações da África.
A informação é bastante controlada na Líbia, onde jornalistas não podem trabalhar livremente, e ativistas postaram na internet nesta semana vídeos que foram importantes fontes de imagens da revolta. Outras informações sobre os protestos foram divulgadas por oposicionistas que vivem no exílio.
As autoridades egípcias tentaram cortar a conexão de internet durante a revolta que levou à renúncia de Hosni Mubarak, em 11 de fevereiro, mas não tiveram sucesso. A Líbia, porém, é mais isolada e a internet é uma das únicas ligações com o mundo exterior.
Na manhã de ontem, forças especiais do governo atacaram centenas de manifestantes, incluindo advogados e juízes, acampados em frente ao tribunal de Benghazi, a segunda maior cidade do país.
"Eles jogaram gás lacrimogêneo nas tendas dos protestantes e limparam as áreas depois que muitos fugiram levando os mortos e feridos", disse um manifestante por telefone.
Médicos em Benghazi afirmaram na sexta-feira que 35 corpos foram trazidos ao hospital após os ataques das forças de segurança, apoiadas por milícias, após a morte de mais de 12 pessoas no dia anterior. Uma testemunha afirmou que os ferimentos dos mortos ficavam na cabeça e no tórax.
A população da cidade organizou patrulhas nas vizinhanças neste sábado, após a polícia deixar as ruas. "Nós não vemos nenhum policial nas ruas, nem guardas de trânsito", disse um advogado em Benghazi.
Além disso, o ativista líbio Fathi al-Warfali, baseado na Suíça, afirmou que diversos outros ativistas foram presos, incluindo Abdel-Hafez Gougha, um conhecido manifestante que foi preso após as forças de segurança invadirem sua casa durante a noite. BAHREIN
Milhares de manifestantes voltaram a ocupar neste sábado a praça da Pérola, em Manama, epicentro da mobilização antigoverno no Bahrein, depois que a polícia e o Exército se retiraram do local em um aparente gesto de conciliação. Hoje, a situação parece mais calma.
Na sexta-feira, pelo menos 50 pessoas ficaram feridas após militares terem disparado contra grupos que tentavam voltar ao local.
A volta dos manifestantes neste sábado ocorreu após o príncipe herdeiro do país, Salman Bin Hamad al-Khalifa, ter ordenado a retirada do Exército das ruas de Manama e sua substituição por forças policiais.
A retirada do Exército era uma das exigências feitas pela oposição para aceitar a oferta de diálogo apresentada na sexta-feira pelo rei Hamad Isa al-Khalifa.
A retomada da praça neste sábado ocorreu apesar de a polícia ter tentado conter os manifestantes com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha antes de se retirar do local. Segundo alguns relatos, cerca de 60 pessoas ficaram feridas.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, havia telefonado ao rei Hamad na sexta-feira para pedir comedimento. Obama afirmou que o Bahrein precisa respeitar os "direitos universais" de seu povo e promover "uma reforma significativa".
O Bahrein é um dos principais aliados dos Estados Unidos na região e abriga uma base naval americana.
DJUBUTI
Em Djibuti, um policial e um manifestante morreram neste sábado, durante os violentos confrontos que se seguiram a uma massiva manifestação da oposição, que teve três dirigentes presos, segundo fontes oficiais.
"Duas pessoas, incluindo um policial, morreram após a manifestação organizada na sexta-feira pela oposição, que questiona o atual e legítimo poder e exige o adiamento das eleições presidenciais de 8 de abril", indicou o ministério do Interior em um comunicado.
"Um policial morreu após violentos choques entre as forças da ordem pública e grupos de manifestantes que saquearam, destruíram e queimaram várias propriedades", acrescenta o texto, que não esclarece as circunstâncias da morte do agente das forças de segurança. "A segunda vítima é um manifestante, que foi atropelado por uma viatura da polícia", segundo o ministério do Interior.
Além disso, a nota oficial informa que "nove policiais ficaram feridos, e um deles está internado em estado crítico".
Por outro lado, três dos principais líderes opositores do país foram detidos neste sábado em represália ao que aconteceu nas passeatas da sexta-feira, indicou a justiça de Djibuti.
Foram presos Aden Robleh Awaleh, do Partido Nacional Democrata, Mohamed Daoud Chehem, do Partido Democrata de Djibuti, e Ismail Guedi Hared, cuja formação, a União pela Alternância Democrática (UAD), organizou a manifestação de sexta-feira.
Os enfrentamentos entre partidários da oposição, que protestam pelo fim do regime do presidente Ismael Omar Guelleh, e membros das forças de segurança recomeçaram neste sábado em um subúrbio popular de Djibuti.
Um dia depois da grande manifestação da oposição na capital, violentamente reprimida, novos choques foram registrados em Balbala, localidade da periferia da cidade. Pequenos grupos de manifestantes perseguiam os policiais, lançando pedras e outros objetos. A polícia, por sua vez, respondia com bombas de gás lacrimogêneo.
Os confrontos ocorriam simultaneamente em vários pontos de Balbala, e com mais intensidade perto do hospital italiano. O número de manifestantes não para de aumentar desde a manhã deste sábado, apesar da ação da polícia.
IÊMEN
A polícia do Iêmen matou um manifestante contrário ao governo e feriu outros cinco neste sábado, quanto o corpo policial abriu fogo em milhares de pessoas que marchavam no 10º dia de protestos no país. O líder do país creditou os protestos a "conspiração estrangeira".
Os manifestantes querem desempossar o presidente Ali Abdullah Saleh, um importante aliado dos EUA em relação ao combate à Al Qaeda. Eles marcharam da Universidade de Saana até o Ministério da Justiça, entoando frases como "as pessoas querem a queda do regime".
Saleh governa o Yemen há 32 anos.
Trata-se do 10º dia de protestos no país, que foram inspirados pelo Egito e pela Tunísia. Desde então, sete pessoas já morreram no país.
Uma fonte médica disse que o homem morto recebeu um tiro no pescoço.
"A nação está diante de uma conspiração estrangeira que ameaça o seu futuro", disse Saleh, sem dar mais detalhes sobre qual seria, exatamente, essa conspiração.
ARGÉLIA
Centenas de policiais nas calçadas e nas ruas próximas à praça Primeiro de Maio, no centro de Argel, capital da Argélia, tentaram impedir neste sábado que a população inicie uma manifestação reivindicando reformas no poder. Ao menos dois manifestantes ficaram feridos.
A polícia argelina tenta dispersar os grupos de centenas de pessoas e impedir que alcancem a praça.
Entre as palavras de ordem dos manifestantes estão "poder assassino", "abaixo a opressão" e outras palavras contra o regime e o presidente da Argélia, Abdelaziz Bouteflika.
Fontes da Liga Argelina de Direitos Humanos informaram que o serviço de trens nos arredores de Argel foi cortado e policiais instalaram controles policiais nas estradas para impedir a chegada de muitos cidadãos à capital.
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