O ditador líbio, Muammar Gaddafi, fez uma rápida aparição nesta sexta-feira na praça Verde, em Trípoli, para pedir à multidão de seguidores no local que "defenda a Líbia", segundo imagens mostradas pela rede de TV americana CNN.
"Defendam a Líbia e os interesses da Líbia. Estamos prontos para triunfar contra os inimigos", disse o ditador.
"Nós derrotaremos qualquer campanha estrangeira, como já fizemos no passado", acrescentou Gaddafi, dizendo que "a força da massa e da juventude é invencível".
"A vida sem dignidade não tem significado, a vida deve ter a glória e a vitória, representada por essas bandeiras verdes. Vivam com dignidade e com moral. Muammar gaddafi é um de vocês! Dancem, cantem e sejam felizes", finalizou o ditador, antes de mandar beijos à multidão de apoiadores.
Nesta sexta-feira, milícias atiraram para dispersar milhares de manifestantes antigoverno na capital da Líbia, Trípoli, reduto do ditador Muammar Gaddafi. As agências de notícias internacionais já trazem relatos, não confirmados, de ao menos dois mortos em vários confrontos na capital.
Estes são os primeiros confrontos a chegar a Trípoli em dias, depois que a oposição conquistou boa parte do leste do país, tomou alguns dos principais poços de petróleo e continua fechando o cerco a Gaddafi.
Atendendo à convocação, milhares de manifestantes se reuniram na praça Verde, do lado de fora de uma mesquita no centro de Trípoli, para pedir a queda de Gaddafi. Eles foram confrontados por tropas e milícias ainda leais ao ditador que dispararam para o ar para dispersar a multidão. Os tiros causaram correria.
Em outros bairros da capital, a situação é mais violenta e há relatos de forças de segurança disparando contra os manifestantes.
"As forças de ordem dispararam contra os manifestantes sem fazer distinção. Há mortos nas ruas de Sug Al Joma", indicou um morador desse bairro, citado pela agência de notícias France Presse. Outras testemunhas de bairros do leste da capital, como Ben Ashur e Fashlum, também relataram disparos contra pessoas nas ruas.
"A situação é caótica em partes de Trípoli agora", disse uma testemunha citada pela Associated Press, acrescentando que milícias pró-Gaddafi armadas corriam pelas ruas em veículos.
A emissora de televisão Al Jazeera diz que ao menos duas pessoas morreram nesta sexta-feira em diferentes confrontos registrados em vários bairros da capital líbia. A emissora do Qatar diz ainda que a maior base aérea de Trípoli uniu-se à revolta popular.
Já a agência de notícias Reuters diz que ao menos cinco morreram quando as forças de segurança abriram fogo contra manifestantes no distrito de Janzour, no oeste de Trípoli.
PREPARAÇÃO
A convocação para a marcha de opositores do regime a partir das mesquitas, após as orações, foi a primeira tentativa de realizar uma grande manifestação anti-Gaddafi na capital desde os confrontos da noite de terça-feira (22). Mensagens de SMS foram enviados pedindo aos líbios que transformassem esta sexta-feira em um dia da libertação.
Desde o início da manhã, as milícias de Gaddafi organizaram um forte esquema de segurança em torno de várias mesquitas na cidade, intimidando os fiéis. Jovens armados com braçadeiras verdes (para mostrar seu apoio ao Gaddafi) montaram postos de controle em muitas ruas, parando os carros e realizando buscas.
Tanques e postos de controle foram instalados ainda na estrada para o aeroporto de Trípoli, disseram testemunhas.
Trípoli, onde vive quase um terço da população líbia, é o centro do território que permanece sob o controle de Gaddafi, após a revolta que começou em 15 de fevereiro.
Os rebeldes tomaram controle de uma faixa de território que vai da fronteira com o Egito, passa por metade da costa de 1.600 km no Mediterrâneo ao porto de Breqa, a apenas de 710 km leste de Trípoli. Mas os rebeldes avançam ainda por algumas cidades no noroeste. Milicianos e forças de Gaddafi foram expulsos nesta quinta-feira por rebeldes das cidades de Zawiya e Misrata --nas quais os combates mataram ao menos 30 pessoas.
ONU
A Alta Comissária da ONU (Organização das Nações Unidas) para os Direitos Humanos, Navi Pillay, denunciou nesta sexta-feira um crescimento "alarmante" da repressão à rebelião e estimou que pode ter deixado "milhares de mortos e feridos".
"Em aberta e contínua violação das leis internacionais, a repressão das manifestações pacíficas na Líbia se intensifica de forma alarmante, com notícias de massacres, detenções arbitrárias, detenções e torturas de manifestantes", declarou Pillay.
"De acordo com algumas fontes, podem ser milhares de mortos ou feridos", acrescentou, no início de uma sessão especial do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas que vai examinar a situação na Líbia.
Os 47 membros do Conselho se pronunciarão ao fim da reunião sobre um projeto de resolução que pede a exclusão da Líbia deste organismo da ONU, do qual o país faz parte desde maio de 2010.
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