A Força de Pacificação que atua nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, desde novembro do ano passado começou a renovar a tropa para mais três meses de ocupação. Os cerca de 1.700 militares da Brigada de Infantaria Paraquedista começaram nesta sexta-feira (18) a ser substituídos por uma nova equipe da 9ª Brigada de Infantaria Motorizada, que passará a ocupar a região e a manter o patrulhamento a cada duas horas.A substituição está sendo feita de forma gradual, segundo informou ao UOL Notícias o porta-voz da Força de Pacificação, major Fabiano de Carvalho. “A estrutura da Força de Paz permanece com a mesma tática de realizar patrulhamento ostensivo tanto no complexo da Penha como no do Alemão, que somam 22 comunidades.”Após uma série de ataques criminosos que assolaram o Rio no final do ano passado, o Exército ocupa atualmente cinco bases no Alemão e quatro na Penha, e os patrulhamentos são feitos 24 horas por dia por soldados a pé e por equipes motorizadas. “Nós inclusive dormimos no local”, afirmou Carvalho. Segundo o porta-voz, a ação no Rio tem semelhanças com a tática utilizada pelas tropas brasileiras no Haiti, país caribenho onde o Brasil participa da missão de paz desde 2004.A previsão é que a Força de Pacificação permaneça na localidade até outubro, mês definido pelo governo do Rio para a instalação das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadoras) nas comunidades.A troca de contingente será formalizada na manhã de hoje (18) numa solenidade com a presença do comandante militar do Leste, general Adriano Pereira Júnior, do prefeito Eduardo Paes e do governador Sérgio Cabral.Segundo Carvalho, a troca acontece para cumprir um cronograma de treinamento do Exército estipulado para todo o ano. Para ele, os três meses da primeira tropa foram suficientes para “estreitar os laços” com a população. “Tanto que todos os líderes comunitários estarão presentes à solenidade de passagem de comando”, afirmou.Apesar de os índices de criminalidade terem reduzido na região, o porta-voz da Força de Pacificação admitiu que ainda não é possível afirmar que o tráfico de drogas foi eliminado.“A nossa patrulha ostensiva coibiu o tráfico armado, mas seria uma pretensão acabar com todo o crime. O Alemão e a Penha tem 12 km² e 400 mil habitantes, maior que muitas cidades do país. Antes existiam barreiras e bloqueios nas ruas, isso sim acabou”, declarou.
Antiga Faixa de Gaza no RioAs favelas do morro do Alemão faziam parte de uma região que passou a ser conhecida como a “Faixa de Gaza do Rio”, numa referência ao território onde ocorrem frequentes conflitos entre israelenses e palestinos no Oriente Médio. A área concentrava cerca de 40% dos crimes cometidos no Rio de Janeiro e eram comuns os confrontos entre traficantes de quadrilhas rivais e também com a polícia.O Alemão era responsável por concentrar uma taxa de cerca de 60 homicídios para cada 100 mil habitantes, padrão semelhante ao de países em guerra. Hoje, segundo a polícia, os índices de criminalidade são menores que os da zona sul da capital fluminense.O balanço da segunda fase de pacificação –período em que os dois complexos da Penha e Alemão foram efetivamente ocupados, no dia 23 de dezembro– mostra que foram apreendidos quase 30 quilos de drogas, a maior parte de cocaína (mais de 17 quilos), oito fuzis, mais de 2.000 munições para diversos calibres e cerca de R$ 17.300.Um total de 72 pessoas foram detidas para averiguação e 13, presas, sendo que nove por tráfico de drogas e uma por tentativa de suborno.
Ainda falta muito para a pacificação, diz ONGApós quase três meses de presença do Exército no Complexo do Alemão, o clima é de tranquilidade nas ruas e vielas e de aparente segurança para os moradores, no entanto, ainda “falta muito para que a comunidade esteja pacificada”, segundo o coordenador de comunicação e um dos fundadores da organização não-governamental Raízes em Movimento, David da Silva das Graças.“Não é adequado agora usar o termo pacificado, ainda não vejo a paz. Isso aqui é ocupação pela polícia e pelos militares e não a pacificação. Não me sinto num local pacificado, falta muito para isso acontecer”, disse David, que critica a realização das patrulhas. “Parece que se está num campo de guerra.”Desde 2001, a ONG Raízes em Movimento atua na região e, segundo David, um dos caminhos para a paz no Alemão é retomar a economia local. “O objetivo é criar uma grande rede de economia solidária. A economia solidária aqui ainda é muito informal e latente”, afirma.
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