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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Oficiais do Exército líbio se unem a manifestantes no nordeste da país

Oficiais do Exército líbio na zona de Al Jabal al Akhdar, no nordeste do país, anunciaram nesta quarta-feira que já fazem parte da "revolução do povo", em um vídeo divulgado pelas emissoras de televisão árabes Al Jazeera e Al Arabiya. O apoio mostra que a revolta popular contra o regime do ditador Muammar Gaddafi continua ganhando força, apesar da violenta repressão e confrontos que deixaram ao menos 300 mortos.

"Nós, os oficiais e os soldados das forças armadas na zona de Al Jabal al Akhdar, anunciamos nossa união total à revolução popular", disse um porta-voz militar das Forças Armadas líbias na região. O porta-voz anunciou ainda o compromisso desses militares em trabalhar para proteger as instalações públicas e privadas na região.

Fontes citadas pela cadeia Al Jazeera na terça-feira já anunciavam que os opositores do regime tinham tomado o controle de Al Baida, situada entre Benghazi e a fronteira com o Egito.

Já o responsável de relações gerais do Ministério do Interior líbio, Naji Abu Hrus, advertiu que em Al Baida foi proclamada a criação de "um emirado islâmico".

O ministro das Relações Exteriores da Itália, Franco Frattini, informou na manhã desta quarta-feira que a província líbia de Cyrenaica (leste) já não está mais sob controle do governo de Gaddafi. Ele afirmou que ouviu a informação da Embaixada da Itália em Trípoli.

Uma grande faixa de território na fronteira leste do país, que faz fronteira com Egito e o mar Mediterrâneo, é considerada sob controle opositor.

O chanceler italiano também afirmou que os mortos podem chegar a mil. "Não temos informações completas sobre o número de pessoas que morreram", declarou Frattini a repórteres em Roma. "Acreditamos que a estimativa de cerca de mil seja confiável."

Nas últimas horas, pelo menos oito embaixadores líbios e outros diplomatas de alto nível renunciaram a seus cargos insatisfeitos com a repressão dos protestos populares contra o regime Gaddafi, segundo a Al Jazeera.

Além disso, o ministro do Interior líbio e general do Exército, Abdul Fatah Yunis, pediu demissão na terça-feira e incentivou as forças armadas a se unirem ao povo em sua luta por legítimas reivindicações, informou a Al Jazeera.

ONU

O Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) condenou nesta terça-feira o uso de violência na Líbia e apelou para que os responsáveis pelos ataques a civis sejam punidos, manifestando ainda destacada preocupação com a segurança dos estrangeiros que se encontram no país.

O chamado foi feito em comunicado aprovado pelos 15 países membros do Conselho, presidido neste mês pelo Brasil, depois de uma reunião sobre os confrontos e a repressão no país do norte africano.

O Conselho de Segurança se reuniu por mais de uma hora para discutir o assunto a pedido do representante permanente adjunto da Líbia e anunciou uma sessão de emergência em aberto a partir das 17h de Brasília para obter o parecer de cada país-membro. Há indícios de que as Nações Unidas possam emitir sanções ao regime líbio.

O Brasil está atualmente na presidência rotativa do órgão, representado pela embaixadora brasileira na ONU, Maria Luiza Viotti. Fontes diplomáticas indicaram que China e Rússia "não colocaram impedimentos e querem seguir adiante" com a advertência ao regime do ditador líbio.

Mais cedo a agência de refugiados da ONU pediu aos vizinhos da Líbia para que não recusem os que estão fugindo da violência. Centenas de refugiados chegaram ao Egito em tratores e caminhões descrevendo uma onda de mortes e bandidagem provocada pela revolta.

DISCURSO

Gaddafi foi à TV nesta terça-feira tentar reverter o avanço da oposição, que disse estar aliada à rede terrorista Al Qaeda. Ele pediu ainda pena de morte aos opositores.

"Muammar Gaddafi é o líder da Revolução, sinônimo de sacrifícios até o fim dos dias. Esse é o meu país, de meus pais e meus antepassados", afirmou. Ainda durante o pronunciamento, e em meio a gritos e socos no pódio, prometeu lutar contra os manifestantes que pedem o fim de seu regime e disse que irá "morrer como um mártir", já que abandonar o poder "não está entre as suas opções".

O ditador disse ainda que "os que instigam a guerra civil" serão punidos com morte e execução".

O tom do ditador e os alarmantes indícios de um massacre ao estilo do que ocorreu na China na praça da Paz Celestial, quando o governo abriu fogo contra os civis, repercutiu entre líderes internacionais e na própria região.

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