Em sua primeira visita de trabalho ao Brasil no governo Dilma Rousseff, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, falou sobre a impressão que teve na primeira vez em que viu a presidente brasileira. Segundo ele, o episódio foi em um evento em Caracas, capital da Venezuela, quando Dilma era ministra de Minas e Energia do governo Luiz Inácio Lula da Silva.
O venezuelano e a presidente Dilma estiveram reunidos na manhã desta segunda-feira (6) por cerca de duas horas no Palácio do Planalto.
“A primeira vez que eu ouvi a Dilma falar ela roubou meu coração. É verdade. Eu sempre falei isso. Começamos essa aproximação há uma década, mais ou menos, e Dilma tomou a palavra e eu confesso a minha ignorância. Eu não a conhecia. Perguntei ao Rafael [Correa], sussurrando: ‘quem é essa mulher?’”, contou o presidente venezuelano.
Chávez citou o episódio para ilustrar a importância da parceria entre Brasil e Venezuela na integração entre os países da América do Sul. Ele fez críticas à instabilidade causada por guerras em outras partes do mundo.
"Temos que consolidar nossa América do Sul como uma zona de paz. Não queremos guerra, não queremeos bombardeiros, golpes de estados. Estamos unidos, conscientes e integrando-nos cada vez mais".
Dilma Rousseff discursou antes de Chávez e disse que os dois países devem cumprir "todo o potencial de integração". Segundo Dilma,a presença do presidente Hugo Chávez nesta segunda em Brasília "comprova a elevada estima e a parceria estratégica que liga o Brasil e a Venezuela."
"Nosso diálogo sobre os principais pontos da nossa agenda e todas as operações que realizamos mostram como são positivos e amplos nossos interesses comuns. (...) Queremos realizar todo o potencial de integração promovendo cidadania e bem-estar ao nossos povos."
Como um dos pontos positivos para continuar a parceria Brasil-Venezuela, Chávez citou a continuidade do governo Dilma, em relação à administração do ex-presidente Lula.
Ele falou sobre a importância das semelhanças entre as equipes dos dois governo, citando os nomes da presidente Dilma e do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci.
Com uma muleta, Chávez foi recebido por Dilma nesta manhã no Palácio do Planalto. O venezuelano gastou cerca de dez minutos nos cumprimentos aos ministros brasileiros e fez questão de conversar brevemente com cada um deles. Ao ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, Chávez disse "fuerza, fuerza", ao cumprimentá-lo.
Palocci enfrenta uma crise política desde o último dia 15, quando o jornal "Folha de S.Paulo" publicou reportagem afirmando que ele teve o patrimônio aumentado em 20 vezes entre 2006 e 2010, quando era deputado federal.
Eleição no Peru
Durante a declaração para a imprensa, Chavéz cumprimentou o presidente eleito do Peru, Ollanta Humala, pela vitória nas eleições deste domingo (5).
O presidente venezuelano afirmou que ainda não teve oportunidade de telefonar para o colega peruano, mas ressaltou que a eleição de Humala faz parte de uma “mudança de época”.
“Isso é parte dessa dinâmica desse mundo que está em pleno amanhecer de uma era. Temos outras complicações para além dos mares. Temos uma crise global, uma crise ética, econômica e social”, disse.
Chávez citou o programa "Brasil Sem Miséria", lançado pelo governo federal na semana passada, comoum exemplo de trabalho no combate à miséria ainda presente em nações da América do Sul.
"A pouco estávamos lendo, em Caracas, sobre o 'Brasil sem Miséria' e sei que vocês vão conseguir fazer isso. O mundo está cada vez mais invadido pela fome, pelas misérias", afirmou o presidente da Venezuela.
Visita
Esta é a primeira visita de trabalho de Chávez ao Brasil no governo Dilma. O venezuelano esteve na posse da presidente, em 1º de janeiro, mas não houve reunião bilateral. A visita estava marcada anteriormente para 10 de maio. Por causa de uma lesão no joelho, Chávez desmarcou de última hora o encontro.
Na ocasião, a embaixada da Venezuela explicou que o governante teve um agravamento da lesão e foi aconselhado por uma junta médica a permanecer em repouso. A piora ocorreu durante o esforço físico de Chávez na entrega de unidades habitacionais no dia em que embarcaria para o Brasil.
Segundo ele, não vir ao Brasil antes “doeu mais do que o joelho.”
“Estava amanhecendo tudo pronto para vir e fui dar uma corridinha de manhã. Essa minha velha mania de soldado e num movimento brusco senti uma dor e pronto. Fiquei brigando com o médico porque queria vir. Fiquei muito triste”, disse.
Como ainda não está recuperado da lesão, o presidente venezuelano está usando muletas e não pôde subir a rampa do Palácio do Planalto, como é praxe em recepções a governantes estrangeiros. Ele entrou no palácio pela garagem e subiu de elevador para o segundo andar, onde fica o Salão Nobre.
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