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sábado, 11 de junho de 2011

O Palácio da Luluzinha

RIO e BRASÍLIA - O Planalto virou o Palácio das mulheres da presidente Dilma Rousseff. Com a chegada da ministra Ideli Salvatti à Secretaria de Relações Institucionais , agora são três mulheres, contra dois homens, entre os chamados ministros palacianos - aqueles com gabinete próximo ao da presidente. No começo do mandato, Dilma tinha à sua volta apenas a ministra da Secretaria de Comunicação Social, Helena Chagas, e quatro homens. Agora, ao lado de Helena, estão Ideli e também a nova chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann .
Entre os palacianos, restaram dois homens: Gilberto Carvalho (Secretaria Geral) e José Elito Siqueira (Gabinete de Segurança Institucional). Nesta sexta-feira, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) comemorou no Twitter o novo perfil do Ministério de Dilma: "Viva o matriarcado da Dilma. Parabéns, Ideli. Você na articulação será uma verdadeira mãe para os parlamentares".
O aumento da presença feminina no Palácio do Planalto é também um sinal da força das mulheres da Região Sul do país: a presidente Dilma, mineira mas de carreira política no Rio Grande do Sul; Gleisi Hoffmann, do Paraná; e Ideli Salvatti, de Santa Catarina.
Na antessala da presidente, as mulheres também estão conquistando mais espaço. As duplas de ajudantes-de-ordens do sexo masculino - uma de cada Força - foram substituídas por casais. No Airbus presidencial, agora o atendimento de bordo é exclusivamente feito por mulheres. Nove sargentas da Força Aérea Brasileira foram treinadas para atender a presidente.
- Liga para mim daqui a seis meses, para eu te dizer a diferença que vai estar lá na Casa Civil - disse a escritora e feminista Rose Marie Muraro, sobre a chegada ao Ministério de Gleisi Hoffmann, que Rose Marie conhece "há 15 anos". - Embora todas elas, Dilma, Gleisi e Ideli, tenham essa fama da dureza, são mulheres, e mulher luta mais pelo interesse dos outros, enquanto homem luta mais pelo próprio interesse. Um estudo das Nações Unidas de 2000, feito em 128 países, apontou que os países em que havia mais presença de mulheres no poder eram aqueles com menores índices de corrupção. E, onde a mulher era mais reprimida e estava mais distante do poder, havia taxas de corrupção altíssimas.
Logo após ser eleita, a presidente Dilma deixou claro que gostaria de ampliar a participação feminina no primeiro escalão do governo federal. Chegou-se a falar em reservar 30% do Ministério para as mulheres. Com 38 pastas, Dilma até agora conseguiu nomear, além de Gleisi, Helena e Ideli, Tereza Campello (Desenvolvimento Social); Miriam Belchior (Planejamento); Maria do Rosário (Direitos Humanos); Iriny Lopes (Mulheres); Luiza de Bairros (Igualdade Racial); Ana de Hollanda (Cultura) e Izabella Teixeira (Meio Ambiente). São dez mulheres no primeiro escalão - o que equivale a 26% do Ministério.
- Ela (Dilma) está caminhando para chegar aos 30% (de mulheres), precisa de umas 13 para isso - comenta Rose Marie.
Se fossem refletir a presença feminina na sociedade, porém, esses 26% de mulheres no Ministério teriam de ser 50% ou mais, afirma a escritora Rosiska Darcy de Oliveira, "já que a população feminina é majoritária no país".
- Mas está bem melhor do que já foi antes - diz Rosiska, ressalvando que a mulher, ao chegar a um cargo de comando, continua a ter de ouvir comentários sobre se é chorona ou durona, bonita ou feia: - Uma grande bobagem.
- Até agora, as mulheres nesse Ministério têm estado em pastas de áreas mais humanas, Desenvolvimento Social, Igualdade Racial... Só o Planejamento, com a Miriam Belchior, é mais técnico. Agora tem a Casa Civil também - completa Rose Marie Muraro. - Meu sonho é ver uma mulher ministra da Fazenda e outra na presidência do Banco Central. Este último é o mais difícil. É muito paquerado por muitos interesses - diz ela.

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