O brasileiro José Graziano da Silva foi eleito, ontem, para o cargo de diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), derrotando o ex-chanceler espanhol Miguel Ángel Moratinos.
Graziano será o primeiro latino-americano a presidir a instituição encarregada de combater a fome no mundo. Ele sucede o senegalês Jacques Diouf, que ocupou o cargo de diretor-geral durante 17 anos.
Em votação de segundo turno, o brasileiro obteve 92 votos contra 88 do ex-chanceler espanhol Miguel Angel Moratinos. Graziano recebeu apoio da Indonésia e dos chamados "países não-alinhados" do G-77, entre eles, boa parte da África. As eleições foram realizadas ontem, em Roma.
O mandato do novo diretor-geral vai de 1º de janeiro de 2012 a 31 de julho de 2015. Ele terá pela frente a dura tarefa de reformar um organismo internacional sob críticas pesadas. A instituição já foi acusada de ser vagarosa e desperdiçar dinheiro na execução de seus programas para o combate à fome.
Graziano, que ocupa o cargo de diretor regional da FAO desde março de 2006, foi ministro da Segurança Alimentar e do Combate à Fome durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva. Na pasta, o agrônomo e economista foi coordenador da elaboração do programa Fome Zero.
Durante sua permanência na FAO, conseguiu que os países da América Latina e Caribe fossem os primeiros em nível mundial a assumir o compromisso de erradicar a fome até 2025.
O papel da FAO, criada em 1945, com sede em Roma, conduz atividades internacionais para erradicar a fome em países subdesenvolvidos e em desenvolvimento. Na prática, a organização viabiliza fóruns de discussão entre os países, para que eles possam se encontrar e negociar acordos.
Também é papel da FAO proporcionar conhecimento através de estudos e análises, além de fornecer assistência técnica e realizar projetos junto a 191 países. Em setembro, a organização divulgou que a subnutrição no mundo diminuiu pela primeira vez em 15 anos. Segundo o relatório, em 2010 o número de pessoas subnutridas caiu de 1,02 bilhão para 925 milhões.
As metas do milênio estabelecidas pela ONU falam na redução pela metade do número de subnutridos até o ano de 2015. Para cumprir a meta, daqui a três anos este número terá de estar em cerca de 400 milhões de pessoas.
Satisfação
A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, recebeu com "enorme satisfação" a primeira eleição de um brasileiro para a presidência da FAO e ofereceu seu "mais firme apoio" na tarefa de erradicar ou ao menos reduzir a fome no mundo.
Rousseff destacou a "reconhecida contribuição" de Graziano "na formulação da vitoriosa estratégia governamental de assegurar o direito dos povos à alimentação", além de ressaltar suas sólidas credenciais acadêmicas e seu profundo conhecimento sobre a FAO, disse.
"Não sou mais o candidato do Brasil, sou o diretor-geral de todos os países", declarou José Graziano ao ser comunicado do resultado. Na apresentação de seu programa, Graziano admitiu que "houve um longo período de negligência com a agricultura, a pesca, as florestas e em desenvolvimento rural e segurança alimentar" no mundo.
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