VEJA revela os detalhes da
sindicância que foi mantida em segredo pelo governo porque poderia criar
“instabilidade institucional”. Ela mostra como a ex-secretária Rosemary
Noronha se aproveitou da intimidade com o ex-presidente Lula para
ganhar dinheiro, traficar poder e viver como uma soberana
Robson Bonin
EMINÊNCiA - Rosemary se comportava e era tratada como
majestade: poder, influência, mordomias e humilhações a subalternos
(Fernando Cavalcanti)
No ano passado, a Polícia Federal descobriu que Rosemary Noronha usava a
influência e a intimidade que desfrutava com o ex-presidente Lula para
se locupletar do poder. Exonerada do cargo de chefe do escritório da
Presidência da República em São Paulo e indiciada por formação de
quadrilha, tráfico de influência e corrupção passiva, Rosemary foi alvo
de uma sindicância conduzida por técnicos da Presidência. A investigação
oficial, mantida em segredo por determinação do próprio governo,
destoa da tradição dos governos petistas de amenizar os pecados de
companheiros pilhados em falcatruas. Dedicado exclusivamente aos feitos
da poderosa chefe de gabinete, o calhamaço de 120 páginas produzido pela
sindicância é severo com a ex-secretária. Mostra que Rosemary encontrou
diferentes formas de desvirtuar as funções do cargo. Ela pedia favores
ao “PR” - como costumava se referir a Lula em suas mensagens - com
frequência. Era grosseira e arrogante com seus subalternos. Ao mesmo
tempo, servia com presteza aos poderosos, sempre interessada em obter
vantagens pessoais - um fim de semana em um resort ou um cruzeiro de
navio, por exemplo. Rosemary adorava mordomias. Usava o carro oficial
para ir ao dentista, ao médico, a restaurantes e para transportar as
filhas e amigos. O motorista era seu contínuo de luxo. Rodava São Paulo a
bordo do sedã presidencial entregando cartas e pacotes, fazendo
depósitos bancários e realizando compras. Como uma rainha impiedosa, ela
espezinhava seus subordinados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário