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sexta-feira, 26 de abril de 2013

Pivô de esquema cita ex-auxiliar de Mercadante

Ligações mostram proximidade entre Félix Sahão e Olívio Scamatti, apontado como chefe da máfia que fraudou licitações em 78 prefeituras de São Paulo

Fachada da Polícia Federal de São Paulo
Operação foi deflagrada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público (Fotoarena)
Interceptações telefônicas da Operação Fratelli – deflagrada pela Polícia Federal e Ministério Público – indicam relações próximas de Félix Sahão, ex-assessor do ministro da Educação, Aloízio Mercadante, com o empreiteiro Olívio Scamatti, apontado como chefe da Máfia do Asfalto, organização criminosa que fraudou licitações em 78 prefeituras da região noroeste do estado de São Paulo.
Filiado ao PT, Félix trabalhou no gabinete de Mercadante no Senado entre 2005 e 2010 e atendia prefeitos em busca de recursos de emendas parlamentares. Os grampos da PF captaram uma conversa, de 13 de agosto de 2010, às 10h45, na qual o empreiteiro, preso há uma semana, sugere a seu interlocutor, César, que em Brasília procure uma mulher chamada Rosângela. "Ela trabalha com o Félix do Mercadante", diz Scamatti. Cinco minutos antes, ele caiu no grampo com a própria Rosângela e apresentou-se a ela como "amigo do Félix".
Félix, professor universitário, hoje sócio da Nova TV, de Catanduva, foi prefeito da cidade por dois mandatos, entre 1997 e 2004. No ano seguinte, Mercadante o nomeou assessor. Félix ficou no cargo até 30 de junho de 2010, quando saiu para candidatar-se a deputado federal – recebeu 42.577 votos, mas ficou na suplência.

Os arquivos da Justiça Eleitoral mostram que duas empresas de Scamatti estão entre as maiores doadoras da campanha do ex-assessor de Mercadante. A Demop doou 50.000 reais. A Scamvias, mais 50.000. A PF sustenta que a Demop e a Scamvias são as principais beneficiárias do esquema de corrupção.
A PF não acusa Mercadante nem Félix de envolvimento com o grupo. Mas as citações ao ex-assessor do petista constam dos autos e revelam sua ligação com Scamatti.
Outro lado – "(As doações) estão registradas, portanto absolutamente legais, de acordo com as regras do nosso país, e a Demop não era investigada", afirma Félix. "Quando o Aloízio me convidou para trabalhar no gabinete, eu já o conhecia da política, da militância do PT. Fui coordenador do Sindicato dos Professores. Ele me pediu para trabalhar com lisura e transparência."
Sua função, diz, era atender políticos. "Eu ficava numa sala do gabinete do senador e atendia muita gente, prefeitos e vereadores. Dava orientação, passava um pouco da minha experiência na administração, sempre de portas abertas. Todos ficavam à vontade e não tinha conversa reservada. Era tudo muito republicano, como o Aloízio queria", conta o ex-assessor. "Ele mesmo não tinha tempo para dar esse atendimento, estava empenhado com demandas maiores do país."
Félix conta como encaminhava as solicitações: "A gente priorizava a saúde. Os prefeitos buscavam emendas para equipamentos hospitalares, medicamentos, construção de postos médicos, ambulâncias. A gente dividia as emendas em valores maiores para a saúde, depois a agricultura. Vinha (recurso) do Ministério das Cidades. Daí para frente eu não tinha mais ingerência. A fiscalização (sobre o uso do dinheiro das emendas) não era meu papel."
Félix diz que não sabe quem é a mulher chamada Rosângela, citada por Scamatti no grampo, e que "não é capaz de se lembrar" se algum dia recebeu o empreiteiro no gabinete de Mercadante. Afirma que não lembra como conheceu o dono da Demop. "Não tenho condição de te responder isso".

(Com Estadão Conteúdo)

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