Empresas usam pesquisa de ponta e nanotecnologia para transformar celulares, tablets e outros objetos comuns em verdadeiras fortalezas à prova de água, lama, óleo e até tinta
Juliana Tiraboschi
Deixar o
celular cair na água ou derramar líquido sobre o aparelho são descuidos
corriqueiros. Segundo uma pesquisa da HzO, empresa americana que produz
revestimentos impermeáveis para circuitos eletrônicos, 58% dos
entrevistados já perderam aparelhos dessa maneira e 63% topariam pagar
US$ 99 extras por um smartphone à prova d’água. Outro estudo, da
provedora de telefonia Sprint, também dos Estados Unidos, mostrou que a
resistência à umidade é a capacidade mais desejada pelos consumidores de
celulares. Para atender a essa demanda, empresas correm atrás de novas
técnicas baseadas em nanotecnologia para impermeabilizar os mais
variados produtos (leia quadro). “Os consumidores carregam seus gadgets
para todo lado, e o custo de repor um equipamento danificado é alto. A
maioria dos tablets, smartphones e tocadores de música não está
protegida corretamente para o estilo de vida dos clientes”, diz Ryan
Moore, diretor de marketing da HzO.
O resultado é que um número cada vez maior de fabricantes busca
proteção contra as ameaças dos líquidos. “Estamos vendo uma demanda
crescente, conforme os clientes descobrem as opções à disposição”, diz
Stephen Coulson, fundador da empresa inglesa P2i, que fabrica uma
espécie de tinta invisível que protege eletrônicos. Já existem alguns
celulares à prova d’água no mercado, como o Sony Xperia Go, o Lenovo
A660 e o Samsung B2100 Xplorer. Eles contam com uma proteção eficiente,
porém limitada, e aguentam submersões de até um metro de profundidade
por 30 minutos, suficiente para prevenir danos em caso de exposição
acidental a líquidos. Mas ainda não dá para mergulhar e levar o telefone
no bolso para fotografar o fundo do mar, por exemplo. “Quanto maior a
profundidade, maior a pressão. A água penetra com mais facilidade”,
afirma Ugo Dias, professor de engenharia elétrica da Universidade de
Brasília.REPELENTE
Mark Shaw, da UltraTech, usa tinta para demonstrar substância
super-hidrofóbica durante a conferência de tecnologia TED nos EUA
Além de proteger contra a corrosão e sujeira causadas por água, lama, tintas e óleos, tecnologias como a do Ultra-Ever Dry podem impedir o congelamento de estruturas e ter função bactericida, já que, sem umi dade, os micro-organismos não sobrevivem. No caso de produtos eletrônicos, porém, ainda há algumas barreiras à super-hidrofobia – e isso limita o tipo de abuso que eles podem tolerar. Um dos obstáculos é a espessura de smartphones e tablets, que se tornam mais finos a cada geração, deixando menos espaço para os circuitos eletrônicos. Essa característica os torna mais suscetíveis a um fenômeno chamado migração eletroquímica, um tipo de corrosão que acontece quando o líquido permite que íons metálicos trafeguem de um ponto a outro em um circuito, criando uma ponte para a eletricidade flutuar desordenadamente. “Esse é o resultado quando alguém derruba água no celular: ele sofre um curto-circuito e apaga”, diz Stephen Coulson, da P2i. “Os revestimentos com nanotecnologia permitem que os fabricantes adicionem proteção sem terem que mudar o design”, afirma.
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