
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e o 1º secretário, Heráclito Fortes (DEM-PI), justificaram a iniciativa alegando que a Mesa Diretora apenas teria atendido a uma solicitação dos líderes partidários.
- Acontece é que a Mesa tinha proibido que, nos escritórios regionais, fossem utilizados funcionários das lideranças. Mas recebemos um abaixo-assinado de todos os líderes da Casa pedindo que fosse aberta uma exceção de três cargos, para que eles pudessem utilizar esses funcionários nos seus gabinetes, nos seus estados. E a Mesa aprovou esse pedido - explicou Sarney, no plenário.
- Os líderes alegam que têm necessidade. Não gera despesa. Não há nada errado. Não tem nenhuma aberração. A Mesa achou por bem atender a essa reivindicação, que é de todos os líderes - defendeu Heráclito.
A informação, no entanto, foi imediatamente contestada pelo líder do DEM, senador José Agripino (RN).
- Não fui consultado sobre esse fato e não concordo. Na liderança do Democratas não há nenhum funcionário lotado no meu estado, e acho desinteressante. As lideranças partidárias funcionam em Brasília. Eu não assinei esse documento, eu não me lembro de me terem sido sugeridos, mas são casos para serem apreciados e definidos - afirmou Agripino.
Medida não foi levada ao plenário
Agripino não foi o único que disse desconhecer a existência deste abaixo-assinado. O líder do PT, senador Aloizio Mercadante (SP), informou por intermédio de sua assessoria que não foi consultado sobre o assunto.
O líder do PSB, Renato Casagrande (ES), também reagiu ao anúncio feito por Sarney, considerando que a medida foi um retrocesso.
- Acho que esse é um assunto em que pode parecer que estamos dando passos atrás. E agora nós temos que dar passos adiante, no sentido de organizar a Casa e torná-la cada vez mais transparente - afirmou Casagrande.
Sarney chegou a anunciar que poderia submeter a medida ao plenário da Casa, porém, mais cedo, o diretor-geral do Senado, Haroldo Tajra, havia declarado que a Mesa Diretora era soberana para tomar a decisão sozinha.
Ao tentar regulamentar, no fim do mês passado, o funcionamento dos escritórios políticos dos senadores nos estados, a Mesa Diretora aprovou um ato permitindo que essas salas tivessem suas despesas de instalação e manutenção cobertas pela verba indenizatória de R$15 mil. A mesma medida legalizou uma prática antiga da Casa pela qual os senadores designavam servidores comissionados lotados em seus gabinetes para trabalhar em seus estados, sem estabelecer qualquer limite para isso.
O ato, no entanto, vedava o benefício para os líderes partidários e integrantes da Mesa, que já dispõem de toda uma estrutura extra em razão de seus cargos. A proibição, no entanto, não durou nem um mês.
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