BRASÍLIA. Como medida emergencial para enfrentar o contingenciamento de verbas, os quartéis do Exército começam hoje a funcionar em meio expediente às segundas-feiras. A ordem para reduzir o serviço foi dada pelo comandante da Força, general Enzo Martins Peri. O objetivo é economizar o almoço dos recrutas, que só terão de se apresentar para o trabalho no turno da tarde. A tropa já é liberada no fim da manhã das sextas-feiras, pelo mesmo motivo. A nova redução do expediente terá validade de um mês e meio, até 30 de outubro.
O corte ocorre ao mesmo tempo em que oficiais do Exército reclamam do contraste entre a falta de investimentos na Força e as compras bilionárias de 36 aviões de combate para a Aeronáutica e de um submarino nuclear para a Marinha, como O GLOBO noticiou ontem.
Algumas unidades serão poupadas da contenção
A orientação para prolongar os fins de semana na caserna foi dada pelo general Enzo há duas semanas, em e-mail distribuído a oficiais da cadeia de comando do Exército. Só serão poupadas da medida algumas unidades da Força que não podem reduzir a carga de trabalho, como hospitais e colégios militares. De acordo com um dos generais que receberam a ordem, o comandante não informou quanto será economizado com o corte do almoço.
- De qualquer forma, a quantia que será economizada representa uma "merreca" diante dos valores que estão sendo anunciados em compras. Isso compromete muito a moral da tropa. O governo deve pensar grande, mas o dia a dia também precisa de recursos para funcionar - afirmou o general.
O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), que é capitão do Exército, disse que os soldados já têm passado muito tempo ociosos nos quartéis por causa da escassez de outros recursos, como munições para treinamento com armas.
- O Exército poderia fazer meio expediente, mas não por esse motivo de economizar o almoço. O recruta brasileiro é filho de pobre, de mãe solteira, e precisa da refeição. E olha que a comida no quartel já não é boa - comentou o deputado.
Esta não é a primeira medida adotada no ano para enfrentar a escassez de verbas no Exército. No início de março, o governo reduziu em 31% o número de soldados recrutas incorporados ao serviço militar obrigatório. Em vez dos 70 mil previstos, foram chamados 48 mil, sendo 5 mil apenas em agosto.
Em 2002, dispensa de 44 mil recrutas
A situação de penúria nos quartéis é antiga. Em setembro de 2008, em outro comunicado aos oficiais, o general Enzo afirmou que a falta de verbas no orçamento comprometeria as ações destinadas à segurança das eleições municipais. Em 2002, no último ano do governo Fernando Henrique Cardoso, o Exército mandou para casa 44 mil recrutas a seis meses do prazo previsto para o fim do serviço militar. O corte representava 80% dos jovens convocados naquele ano.
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