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quinta-feira, 3 de junho de 2010

Liga Árabe promete "desafiar e romper" bloqueio de Israel a Gaza

Em reunião no Cairo, no Egito, os ministros de Relações Exteriores dos países integrantes da Liga Árabe anunciaram que o grupo deve "romper por todos os meios" o bloqueio israelense imposto à faixa de Gaza, anunciou o secretário-geral da liga de nações, Amir Mussa.
O Conselho ministerial da Liga Árabe decidiu "romper e desafiar o bloqueio israelense por todos os meios", afirmou Musa após uma reunião de mais de cinco horas.
O anúncio chega após o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, ter afirmado em pronunciamento em rede nacional de televisão que as críticas internacionais ao bloqueio não passam de "hipocrisia". Netanyahu disse ainda que o comboio de navios turcos que ia para Gaza de era uma "ação terrorista" e reafirmou a "necessidade" do bloqueio à faixa de Gaza para proteger tanto Israel quanto a Europa.
A declaração foi feita em meio à crescente pressão internacional pelo fim do bloqueio, com pedidos vindos do secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki-moon, dos países da Liga Árabe, do governo britânico e de Tony Blair, enviado do Quarteto para o Oriente Médio (EUA, Rússia, ONU e União Europeia).
Em resposta à posição de Israel, no Cairo, os ministros árabes "saudaram" a decisão egípcia, anunciada na terça-feira, de abrir o terminal de Rafah por tempo indeterminado. A passagem de Rafah é a única ligação por terra da faixa de Gaza com outro país que não Israel.
Resposta
A reunião extraordinária da Liga Árabe foi convocada para definir uma resposta "coletiva" após a ação realizada por Israel contra a frota internacional para Gaza, que deixou nove mortos e dezenas de feridos.
O secretário-geral do grupo afirmou que os ministros encarregaram o grupo árabe da ONU de "solicitar, em coordenação com a Turquia, uma reunião do Conselho de Segurança para adotar uma resolução que obrigue Israel a suspender imediatamente o bloqueio a Gaza".
Os ministros reafirmaram "seu compromisso de respeitar a resolução adotada pela Cúpula Árabe de março passado, em Cirta, que estipula a suspensão de qualquer tipo de normalização com Israel", e ameaçaram novamente retirar a iniciativa de paz árabe.
Adotada na Cúpula Árabe de Beirute, em 2002, a iniciativa de paz, de origem saudita, propõe a normalização total das relações entre Israel e os 22 membros da Liga Árabe em troca da retirada total israelense dos territórios ocupados em 1967.
Durante a reunião ocorreram discussões acaloradas entre os países mais radicais, especialmente a Síria, e os moderados, em particular Egito e Jordânia.
A Síria defendeu a suspensão das negociações de "aproximação" entre Israel e os palestinos, proposta rejeitada pela maioria.
Segundo Mussa, a Liga Árabe "está se preparando para ir ao Conselho de Segurança e apresentar o dossiê do conflito árabe-israelense em conjunto".
Novo navio
Israel anunciou também que vai impedir a chegada à Gaza do navio de bandeira irlandesa "Rachel Corrie", que faz parte da flotilha humanitária que foi atacada na última segunda-feira, informaram oficiais israelenses. A ONG que organiza a expedição, no entanto, afirma que não vai desistir de tentar furar o bloqueio novamente.
Andy David, porta-voz do Ministério de Assuntos Exteriores de Israel, assegurou que seu país "enviou mensagens através da Irlanda" para que seus integrantes "aceitem deixar a carga humanitária no porto de Ashdod", em Israel.
"Até agora responderam. Não vejo um enfoque diferente nos membros deste navio em relação aos anteriores", lamentou.
O jornal israelense "Ha'aretz" assinala que uma "solução diplomática" ao caso do Rachel Corrie é "iminente", ao contrário do que sucedeu com a maior parte da frota, que se envolveu no incidente de segunda-feira, em ataque que terminou com nove mortes.
Por outro lado, Audrey Bombse advogada da ONG "Gaza Livre", um dos movimentos que organiza a frota, desmentiu a existência de negociações com Israel e reafirmou o objetivo original da missão: tentar romper o bloqueio israelense à faixa.
"Não estamos negociando com Israel, nem negociamos com Israel em nenhum momento. Se Israel desejar, deixaremos entrar no navio inspetores da Cruz Vermelha ou das Nações Unidas. O que não vamos permitir é que a inspeção seja feita por israelenses, que poderiam colocar armas na embarcação", disse à agência Efe por telefone a partir de Larnaca (Chipre).
O navio "transporta ajuda humanitária e está agora entrando em um porto da Grécia. Não podemos dizer qual, pois tenho medo de sabotagem israelense, já que reconheceram que sabotaram outros de nossos navios", explicou a advogada, que assinalou que a última embarcação, a "Challenger II", que a princípio ia a acompanhar o Rachel Corrie, foi sabotado e demorará semanas a voltar a navegar.
A embarcação leva a bordo onze pessoas, entre elas a vencedora do prêmio Nobel da Paz irlandesa Mairead Maguire e um ex-vice-secretário-geral das Nações Unidas, Denis Halliday. O navio fará uma parada em um porto grego para abastecimento e para pegar mais passageiros.
Entre as doações levadas pela embarcação estão materiais de construção, assim como equipamentos médicos (como um aparelho de tomografia), papel e brinquedos.
Israel proíbe a entrada a Gaza de vários destes bens por conta do bloqueio que mantém sobre a faixa desde 2006.
O "Rachel Corrie" leva o nome da ativista americana esmagada por uma escavadeira militar israelense em Gaza em 2003, quando tentava evitar a demolição de uma casa palestina.
Netanyahu
"Israel está enfrentando um ataque de hipocrisia internacional", disse Netanyahu em um comunicado gravado em seu gabinete e transmitido em cadeia nacional nesta quarta-feira. Ele disse que a flotilha estava tentando furar o bloqueio, e não levar ajuda a Gaza. "Se o bloqueio tivesse sido furado, teria sido seguido por dezenas, centenas de barcos", disse. "Cada barco poderia carregar dezenas de mísseis."
Ele afirmou que o Hamas --grupo radical islâmico que tomou o controle da faixa de Gaza em 2007, levando ao bloqueio por parte de Israel-- "continua se armando e que o Irã continua transferindo armas ao Hamas, especialmente foguetes e mísseis".
"Não era um cruzeiro de amor, era um cruzeiro de ódio. Não era uma operação pacífica, era uma operação terrorista."
As declarações foram feitas horas depois de os ativistas pró-palestinos detidos nos navios terem sido mandados para o aeroporto de Ben-Gurion, perto de Tel Aviv, para serem deportados.
ONU
O bloqueio de Israel a Gaza deve ser "levantado imediatamente", defendeu novamente nesta quarta-feira o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki-moon. Esse bloqueio é "contraproducente, insustentável e imoral". "Deve ser suspenso imediatamente", advertiu.
Na sede da ONU em Nova York, Ban manteve uma série de reuniões individuais com embaixadores de Israel, Turquia, nações árabes e os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU para discutir como implementar o pedido de "uma investigação imediata, imparcial, crível e transparentes segundo padrões internacionais".
Ban disse que uma investigação deve lidar com todos os aspectos do incidente --não só as violações legais. Ele alertou que pode ser preciso esperar um pouco até que ele "tome uma decisão".
Ele explicou que devem haver "denominadores comuns, entendimentos comuns entre as partes envolvidas" na investigação e no momento "as visões são diferentes".
"Então, eu tenho que refinar alguns elementos que podem atrair apoio de todas as partes envolvidas, incluindo o governo israelense", disse Ban.

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