Legislativo atuará no Plano com a aprovação da lei de fortalecimento dos Procons
Brasília
O governo anunciou ontem um pacote de intenções para reforçar a defesa
do consumidor prometendo medidas que exponham mais as empresas que
desrespeitam os clientes e a criação de novos instrumentos de
reclamação. Algumas das medidas estarão em vigor em 60 dias, como as que
regulam o comércio pela internet.
A
presidente afirmou que a decisão de melhorar as relações de consumo
ocorre no momento em que o País cresce e se moderniza Foto: Agência
Brasil
As da área bancária só começarão a ser implementadas
em julho. Já as principais ações anunciadas para ampliação do poder dos
Procons dependem do aval do Congresso Nacional.
Também foi
apresentada como prioridade a garantia de direito de turistas nacionais e
estrangeiros e a criação de um conselho de ministros que, além de
formular ações, vai acompanhar o cumprimento de todas as medidas
previstas. No setor de telecomunicações, um dos campeões de queixa nos
órgãos de defesa do consumidor, as medidas serão debatidas com as
empresas em consulta pública.
Lista de itens essenciais
A
presidente Dilma Rousseff deu, ainda, prazo de um mês para que o
governo, em parceria com o setor privado, elabore uma lista de 30
produtos essenciais que, se apresentarem defeito, precisam ser trocados
na hora. Somente depois será definido quando a medida entrará em vigor.
Essa lista será discutida com os empresários e deve incluir itens como
telefone celular, fogão e geladeira.
Na área bancária, outro
recordista em reclamações nos Procons, há medidas que são apenas
reedição de normas já existentes e que não são cumpridas. É o caso da
obrigatoriedade de divulgação do custo efetivo total embutido nos
empréstimos. A exigência já existe desde 2007. Agora, para conseguir
fiscalizar seu cumprimento, o BC quer que os bancos adicionem a planilha
ao contrato assinado pelo cliente.
Pacote de tarifas
A
maior novidade para o setor financeiro é a criação de três novas
modalidades de pacotes de tarifas de serviços oferecidos pelos bancos.
Atualmente, eles já são obrigados a assegurar alguns serviços gratuitos.
Os
novos pacotes serão cobrados dos clientes - o objetivo é ter uma
padronização para que o consumidor possa comparar os preços praticados
e, com isso, escolher a melhor instituição financeira para o seu bolso.
"Essas
medidas não são contra um ou outro, mas a favor de todos", afirmou a
presidente Dilma Rousseff na cerimônia para comemorar o Dia Mundial do
Consumidor. Ela defendeu ainda que as agências reguladoras também
respeitem prazos. "Não é possível que um serviço público brasileiro não
tenha compromisso com prazo".
O ministro José Eduardo Cardozo
(Justiça) disse ontem que o conjunto de medidas dará "efetividade ao
Código de Defesa do Consumidor". Segundo ele, haverá uma segunda etapa
do Plano Nacional de Consumo e Cidadania, onde serão discutidas medidas
punitivas.
A presidente afirmou ainda que contará com o
legislativo para aprovar a lei de fortalecimento dos Procons, cujo maior
efeito será transformar em título executivo os acordos do Procon. Dilma
enfatizou a necessidade de estabelecer mais transparência no comércio
eletrônico. A presidente afirmou que a decisão de melhorar as relações
de consumo ocorre no momento em que o País cresce e se moderniza.
OPINIÃO DO ESPECIALISTA
Garantia da qualidade dos bens e serviços
O
Plano Nacional de Consumo e Cidadania é um conjunto de medidas para
garantir melhoria na qualidade dos serviços. A ideia inicial é criar uma
lista de produtos essenciais para que os problemas sejam solucionados
de imediato. O que é interessante é a criação de comitês para
verificação de um observatório nacional das relações de consumo. É
importante porque você cria um colegiado para que se possa avaliar as
questões, embora o Código de Defesa do Consumidor já dê um norte muito
positivo para saber como as coisas devem ser conduzidas. Com esse Plano,
o que se pretende para mais adiante é criar uma lei, que está sendo
ventilada, para fortalecer a atuação dos Procons e transformar os
acordos em títulos judiciais. Com isso, se ganha celeridade e uma
prestação do serviços para o consumidor de forma mais séria, porque há a
possibilidade de executar esse título na justiça, com todos os ônus que
se pode ter para o fornecedor do produto que não disponibilizou de
forma correta. Só pela própria intenção do governo em estar criando esse
tipo de política, é muito positivo para o consumidor. Além disso,
resguarda as empresas de eventuais demandas aventureiras. A empresa,
assim, tem a facilidade de se defender.
Rubens Krischke JúniorSócio da Siqueira Castro Advogados
É necessário fortalecer Procons, diz ministro
O
ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, avaliou ontem que os Procons
têm papel importante para o País e que é necessário que se fortaleçam. A
afirmação foi feita em cerimônia no Palácio do Planalto no lançamento
do Plano Nacional de Consumo e Cidadania. "Muitas vezes, as demandas
chegam à Justiça e o custo desses processos chega a R$ 1 mil, às vezes,
para se resolver um problema de R$ 300,00. Essa irracionalidade de
sistema tem que acabar", disse. Acrescentou que, por isso, é importante
que os acordos firmados pelos Procons tenham força jurídica. Salientou
que, nos últimos anos, milhões de brasileiros deixaram a linha da
extrema miséria e passaram a ser incorporados em um novo cenário da vida
nacional.
"Mudança que muitos de nós não esperávamos ter. Esses
brasileiros não tinham acesso ao consumo e, por essa razão, o direito ao
consumidor, que sempre foi uma questão importante assume uma nova
fase". Para o ministro, não é possível o País ter um sistema de relações
econômicas sustentáveis sem a garantia do direito ao consumidor.
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