Além de sugerir a permanência de Guido Mantega (Fazenda) e Henrique Meirelles (Banco Central) no futuro governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu à presidente eleita Dilma Rousseff que mantenha nos cargos os ministros Nelson Jobim (Defesa) e Fernando Haddad (Educação).
Segundo a Folha apurou, no caso de Meirelles e Mantega foi um conselho de Lula para emitir sinais de estabilidade ao mercado.
No de Jobim e Haddad, um pedido formal pela manutenção dos dois no governo por conta da boa avaliação que Lula faz da atuação deles.
Aliados da presidente eleita disseram à Folha que ela tem outros planos para o BC e que Meirelles estaria com "os dias contados" no cargo. Ele, porém, pode ocupar uma cadeira na Esplanada.
Lula e Dilma deverão discutir a formação do governo durante a viagem da próxima semana, em que devem ir à Moçambique e, em seguida, à reunião do G20, na Coreia do Sul. Ambos querem aproveitar a viagem para transformar o Aerolula em "gabinete de transição".
"CONFUSÃO"
Quanto a Mantega, Dilma tem dúvidas se deve ou não acatar a sugestão do presidente. A petista gostou da atuação do ministro da Fazenda durante a crise econômica internacional, mas faz ressalvas a seu trabalho.
Na avaliação da presidente eleita, as declarações de Mantega costumam gerar, em alguns momentos, "confusão" no mercado, além de ele não ter conseguido controlar a Receita no episódio do vazamento de dados fiscais sigilosos de tucanos.
Em seus planos, a petista tende a escolher um novo ministro da Fazenda. O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, é forte candidato.
MILITARES
Por conta do passado de guerrilheira de Dilma durante a ditadura, Lula também pediu a permanência de Jobim, de perfil conservador e do agrado dos militares.
O presidente avalia que uma substituição nessa área pode gerar atritos com as Forças Armadas. O objetivo é evitar uma crise logo no início do governo da petista.
A presidente eleita vai sugerir mudanças na pasta. Quer que a Infraero deixe de ser subordinada ao Ministério da Defesa, passando a ficar sob a responsabilidade do Ministérios dos Transportes. Essa pasta, alias, ganhará musculatura no novo governo. Nesse cenário, Meirelles pode assumir a pasta na cota do PMDB, seu partido.
Dilma quer ter um controle maior da área de aeroportos por conta de o Brasil sediar a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas em 2016.
CHEFE DE GABINETE
Para chefiar seu gabinete pessoal, Dilma tem dois nomes. Giles Azevedo, um dos mais próximos e fieis assessores da ex-ministra da Casa Civil é o mais cotado. Outra opção é Alessandro Teixeira, presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações, que também pode ir para o novo Ministério das Micro e Pequenas Empresas.
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