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quarta-feira, 14 de março de 2012

Ministro espera mudanças na OMC para acabar com guerra cambial

"Apesar de sermos partidários do cambio flutuante, não podemos fazer papel de bobos", disse Guido Mantega

Do Portal Terra

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O ministro da Fazenda, Guido Mantega, defendeu nesta terça-feira mudanças na Organização Mundial do Comércio (OMC) para incluir novas formas de proteção cambial nas medidas que devem ser combatidas pelo órgão. Segundo Mantega, os países que antes adotavam subsídios para tornar seus produtos mais atraentes no mercado mundial, agora usam a desvalorização de suas próprias moedas. "A OMC está desatualizada, não percebeu essa mudança nos países. No passado se usava mais subsídios diretos e é o que a OMC procura fiscalizar, mas já estão fazendo hoje um grande 'subsídio cambial' quando desvaloriza sua moeda em 20%, 30%", disse.

Ao desvalorizar a própria moeda, como faz a China, por exemplo, os produtos daquele país se tornam mais baratos no mercado internacional. "Devemos trabalhar, temos um bom representante na OMC e se conseguirmos fazer a OMC ver isso, será uma grande vitória, mas não será fácil. Temos que criar na OMC essa figura do 'dumping cambial', de modo que o Brasil possa ser preservado. De certa forma, estamos fazendo uma intervenção cambial aceita no mundo todo", afirmou.

O ministro da Fazenda voltou a dizer que o governo vai adotar mais medidas contra a guerra cambial e a invasão do mercado interno com produtos importados, o que prejudica a indústria nacional. "Em função disso (guerra cambial) é que o governo põe em prática medidas de defesa comercial. Apesar de sermos partidários do cambio flutuante, não podemos fazer papel de bobos e nos deixar levar pela manipulação cambial praticada nos países avançados", disse o ministro.

Mantega se refere a uma prática adotada pelos países avançados após o agravamento da crise mundial de manipular as taxas de câmbio para desvalorizar suas moedas e tornar seus produtos mais atrativos em mercados cuja economia doméstica está mais aquecida, como o Brasil.

"A China administra seu câmbio há pelo menos 20 anos, mantém o câmbio desvalorizado e não podemos baratear suas exportações. Os Estados Unidos têm briga com a China justamente porque os chineses não deixam valorizar sua moeda e os EUA perdem competitividade. Este era um problema mais isolado, mas se generalizou quando os países adotaram a política de expansão monetária, desvalorizando suas moedas", destacou.

Segundo Mantega, o setor de manufaturados (indústria) mundial não se recuperou da crise de 2008 e já vinha em má situação desde 1991. "Desde então o setor diminuiu a participação no Produto Interno Bruto (PIB) dos países desenvolvidos, da América Latina e da Europa. A única região onde isso aumenta é a Ásia. Claro que a Ásia usa mão de obra muito barata, não há direitos trabalhistas, etc", finalizou.

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